Destoam, raivas enlutadas, esses sádicos
Mal-dizeres que trazeis ao peito
E com que mordem os canibais sem jeito
Fumam e renunciam com vagar
Por uma onda de desejos satânicos
Que se desconhecem de algum lugar.
Mas existe tal fascínio pelo mal,
Pelos odores estragados
Valentes sorrisos enlutados descurados
Do querer erguer o vendaval
O Sinal do esquecer a mentira
Sem vida que viva e morra de seguida
Lá está o Réu!
Porque escuridão é só escuro
E quem rasteja no céu são os vagabundos
Deuses ignorantes de outros mundos
Quem sabe dos profundos
Se Belzebu desceu e comeu da sua carne
Para alimentar as trevas
E as pessoas, lerdas, nem sonham
Que não mais há céu!
E nem do amor e sacrifício
Provém vontade e claridade
Demónios levem, levem a verdade
E deixai a estes, que aqui proliferam
Não mais que um presente
De eterna solidão!
Ricardo Costa
quarta-feira, 20 de abril de 2011
terça-feira, 19 de abril de 2011
Há saudades que não se dizem!
Há saudades que não se dizem!
Porque morrem na garganta antes
Tudo nasce:
Tudo morre;
Não desejemos um final feliz
Mas um futuro
Em que se fale de peito aberto:
Entre eu e tu.
Ricardo Costa
Porque morrem na garganta antes
Tudo nasce:
Tudo morre;
Não desejemos um final feliz
Mas um futuro
Em que se fale de peito aberto:
Entre eu e tu.
Ricardo Costa
Colhamos flores
Colhamos flores
como quem colhe
uma vida perfeita.
Assim saibamos
viver como quem vive
de olhos fechados.
Ricardo Costa
como quem colhe
uma vida perfeita.
Assim saibamos
viver como quem vive
de olhos fechados.
Ricardo Costa
terça-feira, 5 de abril de 2011
Um mendigo relatado...
E eu acho que estão todos tramados com a falta de jeito e infortúnio que
caça os pulsos com mãos de aço e não lhes deixa balançar o corpo em tom de saudade,
só os deixa comer e deitar,
como aquela pobre pedra da calçada que nem tem onde cair morta e anda a mendigar
pedaços de sol para aquecer seus campos de poeira...
E eu quis fazer como ela...e como eles...Abandonar-me às velas soltas do barco em terra
e crescer descontroladamente com álcool no sangue e
sangue na boca de cair tantas vezes, e sujo de me levantar da terra que comi e com
que enchi o estômago e fiquei com fome mais uma vez
tanta que me fui comendo aos poucos sem me importar se desaparecida e sem me importar
com o cheiro que a minha carne tinha.
E era um sensação de júbilo e desespero, quase de alegria, se tivesse jeito para festejar
atirava-me de uma ponte abaixo só para ter a ideia que ia morrer contente,
mas falhava o alvo por não ser bom em nada...só nisso mesmo é que me fazia bom
já que só precisava de ser eu.
E quando me esquecia de quem sou? E aí perguntava mas nínguem me conhecia porque era
sujo e feio e não falavam para mim,
e eu perguntava outra vez e eles ameaçavam com a polícia ou atiravam-me pedras e diziam
para ir tomar banho ao rio para ver se tirava a negrura do meu corpo
que lhes causava impressão e podia sujar as suas vestimentas janotas.
E eu ia.
E era então que me lavava e quase me afogava naquela água de 5 centímetros de altura que saía
do cano de esgoto, e adorava o cheiro que vinha,
uma vez veio um cheiro a pizza que me satisfez durante uma semana e meia
e me deixou todo orgulhoso de mim mesmo até me expulsarem do restaurante em que ia gastar
os meus 10 cêntimos que roubei ao chão.
E eu podia retaliar, mas do que serviria se eu nem português sei falar direito, vinha eu com o
meu triste vocabulário e eles a falar de juros, pib e inflação
e eu a olhar como quem olha para um pedaço pão com manteiga que voa no bico de um melro
e depois cai na água. Não.
Eu fico mas é calado e viro as costas porque a saída fica sempre atrás de mim e é um caminho que
conheço muito bem
de cor e salteado...
caça os pulsos com mãos de aço e não lhes deixa balançar o corpo em tom de saudade,
só os deixa comer e deitar,
como aquela pobre pedra da calçada que nem tem onde cair morta e anda a mendigar
pedaços de sol para aquecer seus campos de poeira...
E eu quis fazer como ela...e como eles...Abandonar-me às velas soltas do barco em terra
e crescer descontroladamente com álcool no sangue e
sangue na boca de cair tantas vezes, e sujo de me levantar da terra que comi e com
que enchi o estômago e fiquei com fome mais uma vez
tanta que me fui comendo aos poucos sem me importar se desaparecida e sem me importar
com o cheiro que a minha carne tinha.
E era um sensação de júbilo e desespero, quase de alegria, se tivesse jeito para festejar
atirava-me de uma ponte abaixo só para ter a ideia que ia morrer contente,
mas falhava o alvo por não ser bom em nada...só nisso mesmo é que me fazia bom
já que só precisava de ser eu.
E quando me esquecia de quem sou? E aí perguntava mas nínguem me conhecia porque era
sujo e feio e não falavam para mim,
e eu perguntava outra vez e eles ameaçavam com a polícia ou atiravam-me pedras e diziam
para ir tomar banho ao rio para ver se tirava a negrura do meu corpo
que lhes causava impressão e podia sujar as suas vestimentas janotas.
E eu ia.
E era então que me lavava e quase me afogava naquela água de 5 centímetros de altura que saía
do cano de esgoto, e adorava o cheiro que vinha,
uma vez veio um cheiro a pizza que me satisfez durante uma semana e meia
e me deixou todo orgulhoso de mim mesmo até me expulsarem do restaurante em que ia gastar
os meus 10 cêntimos que roubei ao chão.
E eu podia retaliar, mas do que serviria se eu nem português sei falar direito, vinha eu com o
meu triste vocabulário e eles a falar de juros, pib e inflação
e eu a olhar como quem olha para um pedaço pão com manteiga que voa no bico de um melro
e depois cai na água. Não.
Eu fico mas é calado e viro as costas porque a saída fica sempre atrás de mim e é um caminho que
conheço muito bem
de cor e salteado...
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