segunda-feira, 27 de junho de 2011

O amor, como os corpos, como eu imaginava

O amor, como os corpos, como eu imaginava
Regressa ao seu cíclico torpor.
Ora é Sol, água e madrugada
Ora é chuva, sangue e horror!

Mas apenas os corpos ficam, no amor,
E tudo mais é plena fantasia.
É o que fica por mostrar - a dor!
É o que fica por fazer - a alegria!

Ainda assim, forcemos os nossos corpos
A viver como quem quer amar!
Porque a dúvida de ficarmos mortos,
É pior do que não o tentar!

Ricardo Costa

sábado, 25 de junho de 2011

Abecedário erótico

Abraça-me
Beija-me
Cheira-me
Despe-te
Excita-me
Fode-me
Geme!

Hummmmmm!

Improvisa!
Junta-te
Lambe-me

Mostra-te
Nua

Orgásmica!

Penetro-te
Quero-te
Repete-se
Suspiras
Tremes
Uivas
Vim-me
Zás!

Ricardo Costa

Já que...

Já que de cada beijo
Nascem os Adeus,
Beijemo-nos sem conhecer o amanhã!

Talvez, a pouco e pouco,
Perceberemos que o outrora
Foi o nosso melhor momento.

Ricardo Costa

sexta-feira, 24 de junho de 2011

azar o meu

Não tenho que me reste, apenas mais
que um desejo de amar
e de sentir.
Embriagando-me: novo de sentimentos
Sem medo de não ser compreendido,
só querendo...
Porque não sei não a querer
[azar o meu]

Ricardo Costa

Perfeição?

Quem já mediu a exactidão
Do que é o perfeito
Nada mais sabe que as tristezas
da imperfeição.

Nada existe sem o defeito
De errar por amor.

Ricardo Costa

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Pessoa

Era louco, dizia ele, e sem razão,
Perdido em louca memória.
A sua vida corre por sua mão
A sua mão voa em tamanha glória.

E era débil, inofensivo e triste,
Triste como quem não ri ou ama.
Se essa tristeza, a fluir, existe
Flui como o calor de sua fama.

E sonhava como quem sonha acordado,
Inventando Eu's sem o querer.
Foi génio, entre génios, iluminado,
Foi Pessoa, ou tantas, até morrer.

Ricardo Costa

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Se a alma que sente é de gente

Se a alma que sente é de gente!
Quero, então, não a ter:
Para ser um pedaço dormente
Do que, hoje, teria de ser!

Quero-me assim: sem existir.
Basta para que me baste viver.
Se a alma ajuda a sorrir:
Sorrirei sem que nínguem possa ver!


Ricardo Costa

Reviver

A vida é breve, o medo eterno:
Nem um nem outro me dá.
Que me baste tamanho inferno,
O que será: será!

Ao vago, o mistério:
E à vida um novo nascer.
Ao medo, o seu império:
A mim: O reviver!

Ricardo Costa

Levava os olhos

Levava os olhos, somente.
Para pisar certeiro sem errar.
À noite, o caminho entre
Duas pedras ao luar.

Ricardo Costa