sábado, 11 de outubro de 2025

Manhã

 I)
 
A aurora serena se declara
Ao nascer, como que se ilumina
O horizonte em luz cristalina
Que de cor radiante se aclara.
 
A leve luz que batiza a cara
Quietude matinal que fascina
Um renascer que vem de surdina
Sobre os longos campos que banhara,
 
O novo dia é brisa que ascende
Riso e calor, vontade de viver
Caminho audaz em que se aprende
 
Um passo firme que nos faz crescer
Numa solidão que se transcende
Um novo dia: suave renascer.
 
II)
 
Do orvalho nasce a vida apaixonada
Que tudo molha em sua passagem
Onde prevalece a leve miragem
De alegria ténue e delicada. 
 
E é nesta luz imaculada
Que todos os jardins em folhagem
Nos apresentam a paisagem
De beleza rara e sagrada.
 
O despertar do dia soalheiro
São flores soltas que germinam
Epílogo de um novo roteiro.
 
Com sons novos que tanto fascinam
No início de cada janeiro
Pelos meses restantes que ruminam.
 
III)
 
O bater de asas, terno como sina
Que nos completa toda a razão
Barulhento bater do coração
O chilrar que acorda e ensina.
 
A imagem que fica na retina
Deixa uma subtil recordação
Da manhã e sua doce canção
A mais natural medicina.
 
De ramo em ramo se anuncia
Várias  vozes de um paraíso
A declamação de poesia.
 
Canto no ar, um breve aviso
O bater de asas como alegria
Iniciar o dia com um sorriso.
 
IV)
 
Respirar profundo do sabor
Uma leveza puramente matinal
O gosto do café natural
Os raios de sol em esplendor.
 
Do forno eleva-se firme vapor
Cheiros em sintonia musical
Pura sinestesia quase floral
Aquece o corpo com amor.
 
Parte íntegra de cada dentada
Combinação mais do que perfeita
O começo após madrugada.
 
Um sorriso na boca suspeita
Da rotina serena e amada
Da manhã que se ergue e enfeita.
 
V)
 
Caminho pela rua isolada
Eco dos passos: breve saudação
Dos raios de sol, uma ilusão
Dos prazeres no fim da estrada.
 
Dança a manhã na luz prendada
Nos sapatos onde corre a emoção
Sem princípios de vil confusão
Caminho pela aurora condensada.
 
Um estado de espírito audível
Uma clara sensação de liberdade
Manhã e amor: união indivisível.
 
A cada passo, cada novidade
Uma felicidade quase tangível
Caminhando com cumplicidade.
 
VI)
 
O sol desce entre nuvens vadias
Rouba os sorrisos indiscretos
Nos rostos felizes e inquietos
Que desde cedo tecem suas cortesias.
 
A calma da luz sem heresias
Brilho nos olhos e ternos afetos
Paixões e amores secretos
Manhã com risos sem ironias.
 
Cada riso guarda um segredo breve
Em cada segredo em nós cresce
Uma alegria que mais não deve.
 
Inicia o dia e assim floresce
Uma sensação que não se conteve
De sorrir enquanto rejuvenesce.
 
VII)
 
Todas as sensações são renovadas
Manhã que amadurece sigilosa
Numa esperança milagrosa
Sonhos: poesias fabricadas.
 
Assim acabam as madrugadas
Limpam a solidão tenebrosa
Fantasia real e rigorosa
A vida segue em suas jornadas.
 
Respira o capítulo seguinte
Segue o dia com cor profunda
Caleidoscópio, luz e requinte.
 
A esperança não é vagabunda
Existe para nosso deleite
No coração por demais abunda. 
 
 

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