Lágrimas, não as tenho.
Estou de cinzas
mais baixo que eu
oiço o solo longe
que sou surdo
só de falsa vontade
Está mesmo aqui
tão cúmplice e vazia
como o barulho
de umas pálpebras a fechar
Entra e sai
e sai e entra
Ricardo Costa
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
Lá fora
Lá fora onde se escorre
a noite preguiçosa
sendo o dia que morre
de forma lenta e orgulhosa!
Tem um negrume escuro
com salpicos de claridade,
uma linha para o futuro
um horizonte de saudade.
Sossegasse ali, a suspirar,
o crepúsculo do fim de dia.
Assim, vai ensinando a amar
a quem já se esquecia!
Ricardo Costa
a noite preguiçosa
sendo o dia que morre
de forma lenta e orgulhosa!
Tem um negrume escuro
com salpicos de claridade,
uma linha para o futuro
um horizonte de saudade.
Sossegasse ali, a suspirar,
o crepúsculo do fim de dia.
Assim, vai ensinando a amar
a quem já se esquecia!
Ricardo Costa
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Assim duro (Glosa)
Há quanto tempo assim duro
Sem vontade de falar!
Já estou amigo do escuro
Não quero o sal nem o ar.
Fernando Pessoa - Há quanto tempo não canto
Hoje, mas que mal morto estou
de ser inútil e impuro,
quando a pureza não mais voltou
Há quanto tempo assim duro.
Fecho-o, de corpo meio aberto.
O ócio do não bem estar,
nem de outro que fica incerto
Sem vontade de falar!
É o tempo, tempo que foi esquecido
pela agonia que ao pescoço penduro.
A queixa de um coração enegrecido
Já estou amigo do escuro.
Não choro porque não tenho vida,
sem isso porque não abandonar?
A vida, já que me foi esquecida,
Não quero o sal nem o ar.
Ricardo Costa
Sem vontade de falar!
Já estou amigo do escuro
Não quero o sal nem o ar.
Fernando Pessoa - Há quanto tempo não canto
Hoje, mas que mal morto estou
de ser inútil e impuro,
quando a pureza não mais voltou
Há quanto tempo assim duro.
Fecho-o, de corpo meio aberto.
O ócio do não bem estar,
nem de outro que fica incerto
Sem vontade de falar!
É o tempo, tempo que foi esquecido
pela agonia que ao pescoço penduro.
A queixa de um coração enegrecido
Já estou amigo do escuro.
Não choro porque não tenho vida,
sem isso porque não abandonar?
A vida, já que me foi esquecida,
Não quero o sal nem o ar.
Ricardo Costa
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Que importa perder a vida
Que importa perder a vida
se dela nada sobressai.
Se como nada: é esquecida
Se como tudo: se esvai.
Para quê ter assas para voar,
se do chão se sente saudade.
Para quê a capacidade de amar
se ninguém o faz de verdade.
Para que serve esta Razão,
De uma verdade já usada.
Para que serve a vida então?
Se já a dão como acabada!
Ricardo Costa
se dela nada sobressai.
Se como nada: é esquecida
Se como tudo: se esvai.
Para quê ter assas para voar,
se do chão se sente saudade.
Para quê a capacidade de amar
se ninguém o faz de verdade.
Para que serve esta Razão,
De uma verdade já usada.
Para que serve a vida então?
Se já a dão como acabada!
Ricardo Costa
sábado, 11 de dezembro de 2010
Um amor proíbido
O seu corpo encerrava os prazeres do mundo
num inventar que sorria revoltado
sem que pudessem minhas mãos ter tocado
naquele corpo onde me desejei fecundo.
Desciam-lhe os dedos pelas pernas de desejo
a língua cruzando seus seios com vontade
sem pudor, dois corpos em suma sexualidade
perdendo-se no caminho do proibido beijo.
Nos corpos nus de expectante prazer,
o sabor do pecado nos lábios molhados,
as ânsias do sexo em pleno movimento
naquele corpo impossível de se ter
o sorriso, já os fluídos libertados
transformado em lascivo contentamento.
Ricardo Costa
num inventar que sorria revoltado
sem que pudessem minhas mãos ter tocado
naquele corpo onde me desejei fecundo.
Desciam-lhe os dedos pelas pernas de desejo
a língua cruzando seus seios com vontade
sem pudor, dois corpos em suma sexualidade
perdendo-se no caminho do proibido beijo.
Nos corpos nus de expectante prazer,
o sabor do pecado nos lábios molhados,
as ânsias do sexo em pleno movimento
naquele corpo impossível de se ter
o sorriso, já os fluídos libertados
transformado em lascivo contentamento.
Ricardo Costa
O entender da calma (por parte de um gato preto)
Todos os gatos pretos
têm a paciência de mil olhos
fechados.
Ricardo Costa
têm a paciência de mil olhos
fechados.
Ricardo Costa
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Passados
Para ser velho
basta nascer novo e crescer jovem...
Para ser novo
basta fechar os olhos e recordar...
Ricardo Costa
basta nascer novo e crescer jovem...
Para ser novo
basta fechar os olhos e recordar...
Ricardo Costa
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
um título esquecido, nessas ondas que por vezes matam (de saudades)
Subjazem tristezas perdidas
ao odor de cada lágrima entornada.
É metade da caminhada
o nascer da ferrugem onde outrora
abraços viveram
ternura é medo maquilhado.
E do sangue nada se ouve
a não ser o riso amoroso da brisa
quem cabe sozinho num quarto cheio
se fecha ao mar
apenas uma cadeira no coração
dois míseros segundos e já passou!
depois a areia calcada volta para
a sua sôfrega solidão
e nenhum sangue, suor ou beijo rude
te resgata
de um naufrágio em terra seca...
Ricardo Costa
ao odor de cada lágrima entornada.
É metade da caminhada
o nascer da ferrugem onde outrora
abraços viveram
ternura é medo maquilhado.
E do sangue nada se ouve
a não ser o riso amoroso da brisa
quem cabe sozinho num quarto cheio
se fecha ao mar
apenas uma cadeira no coração
dois míseros segundos e já passou!
depois a areia calcada volta para
a sua sôfrega solidão
e nenhum sangue, suor ou beijo rude
te resgata
de um naufrágio em terra seca...
Ricardo Costa
domingo, 5 de dezembro de 2010
Numa página branca
Numa página branca
escreve-se como um cego
vê sem ver
E são
aquelas artérias
de pura nudez
que com tinta
se amam
num falso branco
...o sono cresce na lentidão
de um virar desajeitado...
Ricardo Costa
escreve-se como um cego
vê sem ver
E são
aquelas artérias
de pura nudez
que com tinta
se amam
num falso branco
...o sono cresce na lentidão
de um virar desajeitado...
Ricardo Costa
sábado, 4 de dezembro de 2010
O silêncio de um silêncio
Desde as distâncias um silêncio
que me faz calado
a sede da sabedoria
os toques que me abandonam
igual ao tempo
a vontade de tocar em algo
a ausência desse corpo
essa ilusão do silêncio
a mão que desamarra
o deserto usado de água
o silêncio das montanhas
morre
esconde-se em final de dia
a ironia de um grito
dado fora de tempo
essa estrada que atravessa a madrugada
o oculto canto
uma ponte sobre o coração
e um bilhete para o escuro do abismo
Ricardo Costa
que me faz calado
a sede da sabedoria
os toques que me abandonam
igual ao tempo
a vontade de tocar em algo
a ausência desse corpo
essa ilusão do silêncio
a mão que desamarra
o deserto usado de água
o silêncio das montanhas
morre
esconde-se em final de dia
a ironia de um grito
dado fora de tempo
essa estrada que atravessa a madrugada
o oculto canto
uma ponte sobre o coração
e um bilhete para o escuro do abismo
Ricardo Costa
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