Há quanto tempo assim duro
Sem vontade de falar!
Já estou amigo do escuro
Não quero o sal nem o ar.
Fernando Pessoa - Há quanto tempo não canto
Hoje, mas que mal morto estou
de ser inútil e impuro,
quando a pureza não mais voltou
Há quanto tempo assim duro.
Fecho-o, de corpo meio aberto.
O ócio do não bem estar,
nem de outro que fica incerto
Sem vontade de falar!
É o tempo, tempo que foi esquecido
pela agonia que ao pescoço penduro.
A queixa de um coração enegrecido
Já estou amigo do escuro.
Não choro porque não tenho vida,
sem isso porque não abandonar?
A vida, já que me foi esquecida,
Não quero o sal nem o ar.
Ricardo Costa
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