sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Noites e Dias

A noite deu-lhe para acabar de manhã.
A manhã essa, corre, é noite!
Ah, que me foge e não fechei as mãos...
Desde ontem que estou hoje e amanhã!

Inequívoco? Nada!
Coisa alguma...
Nem sei se acordo ou se vou dormir,
Nem sei que dia é o que passou
O nevoeiro cresce!

Verdade - Amanhã é hoje adiantado!
Mentira - Amanhã posso viver se hoje estiver morto!
Verdade - Esqueci das horas no bolso do casaco...

Bem sei, a noite acaba e o álcool abunda.
Dêem-me um copo e me afogo em seus mares de cristal dourado
Dêem-me tabaco e me mascaro de fogo-posto
Dêem-me uma almofada e não sei que lhe fazer...

Por na cama? Saí da cama?

Não exagero, as trocas voltaram-se sobre o inverso de si
Ai.
A cabeça lateja, os pés ameaçam
Tenho tido o dia mais longo que não me lembro
E estou a começar no fim...

Fim? Início?
A noite deu-lhe para acabar de manhã
nesta manhã de ontem
hoje?

Ah, que dia é hoje?
Nem sei...

«sssssssssss, sssssssssss...... ssssssss, sssssssss» o burbulhindo
dos infelizes continua lá fora
e eu espero que alguém me recorde o dia

«sssssssssssssssssssssssssssssss»

Ricardo Costa

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