terça-feira, 1 de março de 2011

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Vem, que de rápido se erguem os dias
e ainda há pouco o soluçar findou,
mesmo sem estares com o teu vestido violeta
e as flores não mais aquecerem.
Isto é o medo da inversão das ideias,
O inverso da luz do sol
e o transverso da idade velha.
Vem, a caminhar por esses pequenos passos
por debaixo das tiras de pesadelo
que o meu corpo estende no chão
(será inútil esse riso enganado),
quando vieres deixa o que falseaste na entrada
do jardim morto.
Tem inspirações espontâneas de coisa alguma
e de nada também.
Vem sem vires, mas vem na mesma
que eu não gosto de ter gente comigo quando estou só.
Terei que ser eu por momentos
e tu por outros, já que te resolves a esconder da verdade,
terei que agonizar a matéria
e mentir caso necessário para que vivas descansada
e me deixes dormir ao fim do dia.
Mas vem, não deixes de vir com um sorriso na face
mesmo que seja um sorriso triste
e por dentro nada mais sintas que uma alegria contida
pelo desastre.
Com o maior do respeito, te porei fora de portas
que cá dentro não cabe tamanha arrogância!
Vem de avião e chega de barco com um carro no bolso
e viagens na cabeça,
tira areia dos ouvidos das ilhas salgadas que viste
e molha o chão com os pedaços do céu que roubaste.
Vem depois disso tudo de novo
que quero viajar contigo para os locais de onde vens.
Não te esqueças
porque eu só me lembro de não te querer aqui.

Ricardo Costa

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