Passei toda a minha vida atrás de algo,
a correr infinitamente em busca daquilo que julgava que me iria satisfazer.
Corri tanto que acabei por me perder...
agora estou cansado, sim, muito cansado...
não posso correr mais.
As minhas sapatilhas estão estragadas, gastas e infelizmente não vejo nenhum sapateiro...
continuo perdido...
perguntas-me porque não peço ajuda...
sim, poderia pedir...contudo estou sozinho...
a minha companhia é a eterna solidão e se queres que te diga é o mesmo que ter nenhuma.
Toda esta correria me fez esquecer quem sou...
a cada passo uma memória se perde,
a vida perde-se no quilómetro 666...
pelos meus cálculos estou no 665...
já só me lembro do meu nome, mas não gosto dele.
Tudo o resto é uma névoa indefinida...
eu sei que vi muitas pessoas, mas não sei que são...
já não vejo os seus rostos, mas sim as suas faces viradas do avesso...
a culpa é do suor que me turba a visão...
também me turba os sentidos... o único que possuo neste momento é o sexto...
a dor...
parece que fui fabricado na fábrica dos pesadelos, modelo inútil posto de lado...
felizmente a minha bateria está a acabar.
Pelos vistos não vou chegar àquele difamado quilómetro...
ainda bem...
não quero perder mais do que já perdi...
não quero perder a única coisa que ainda me resta...
não quero perder o meu nome...
se isso acontecer... como é que a solidão me vai chamar para o seu abraço gelado?
Não quero pensar...
afinal de contas não vou lá chegar...
ao quilómetro 666...
pelo menos assim o espero.
Ricardo Costa, O Caçador de Sonhos
domingo, 31 de janeiro de 2010
Pesadelo em Papel
Cai no chão e morre...
folha livre que perece sob os nossos olhos.
Provem da árvore da vida e é dela que faço o papel onde me introduzo...
a minha própria sequela em versão literária.
Está disponível no mercado dos pesadelos,
secção dos pintores da vida que esboçam uma sina incerta...
Também pode estar na secção de cozinha,
já que eu sou o cozinheiro das ideias que apresento sob a forma de caracteres imprecisos.
A obra é de graça...
não peço dinheiro pelas fotografias que tirei,
no final de contas são amadoras e a qualidade é algo a ter em conta.
Chamei-lhe Pesadelo em Papel...
já que ilustra a agonia de uma vida que poderia ter sido a minha.
Felizmente não foi...
pelo menos é o que finjo ser verdade,
e acredito, tal como os outros...
os seus compradores.
É a bíblia do fingimento forjado, contudo, nada omito nela,
só distorço a realidade como bom ilusionista...
maldita essa obra, esse pesadelo construído, que apesar de ser minha abomino-a...
Infelizmente somos um só agora...
raiva!
Quero um corrector!
Tenho de apagar o que escrevi, fazer a tinta esmorecer e cair no esquecimento...
quem me empresta um corrector?
Ninguem?
Maldição...
sois tão inúteis como eu, e tendes prazer nisso.
Não há nada a fazer...
o pesadelo lá continua naquele papel que utilizei,
é um papel de pesadelo e nele está escrito o Pesadelo em Papel...
o pesadelo da minha vida!
Ricardo Costa, O Caçador de Sonhos
folha livre que perece sob os nossos olhos.
Provem da árvore da vida e é dela que faço o papel onde me introduzo...
a minha própria sequela em versão literária.
Está disponível no mercado dos pesadelos,
secção dos pintores da vida que esboçam uma sina incerta...
Também pode estar na secção de cozinha,
já que eu sou o cozinheiro das ideias que apresento sob a forma de caracteres imprecisos.
A obra é de graça...
não peço dinheiro pelas fotografias que tirei,
no final de contas são amadoras e a qualidade é algo a ter em conta.
Chamei-lhe Pesadelo em Papel...
já que ilustra a agonia de uma vida que poderia ter sido a minha.
Felizmente não foi...
pelo menos é o que finjo ser verdade,
e acredito, tal como os outros...
os seus compradores.
É a bíblia do fingimento forjado, contudo, nada omito nela,
só distorço a realidade como bom ilusionista...
maldita essa obra, esse pesadelo construído, que apesar de ser minha abomino-a...
Infelizmente somos um só agora...
raiva!
Quero um corrector!
Tenho de apagar o que escrevi, fazer a tinta esmorecer e cair no esquecimento...
quem me empresta um corrector?
Ninguem?
Maldição...
sois tão inúteis como eu, e tendes prazer nisso.
Não há nada a fazer...
o pesadelo lá continua naquele papel que utilizei,
é um papel de pesadelo e nele está escrito o Pesadelo em Papel...
o pesadelo da minha vida!
Ricardo Costa, O Caçador de Sonhos
Mudança
Vagueio sem destino, com rumo desconhecido,
seguindo o caminho aberto à minha frente.
Os últimos raios de sol iluminam o que deixei para trás,
reflexos incompletos de uma realidade distorcida.
Reconheço-a como meu passado...
pois o futuro estende-se diante de mim,
e o presente já não mais existe.
A lua aparece entre um flash de pensamentos,
e então eu sinto-o...
é um ser distinto e etéreo...
preenchido por uma sabedoria infinita e perene,
e que, embora transparente, eu consigo ver na perfeição.
Ao presenciar isto o meu ser para completamente,
a minha consciência implode em pequenos detalhes...
e a minha alma evade-se...
o que restou foi o meu corpo...
e lá permanece parado e estático, completamente vazio.
Com um medo verdadeiramente profundo,
toda a minha essência dirige-se para o ser...
Porem, as minhas suspeitas são em vão...
ao chegar a seu pé, o ser envolve-me num abraço sublime,
e eu ganho uma nova consciência do que sou.
Tentei compreender ainda mais, desvendar todos os segredos,
mas, tão rápido como um relâmpago a cortar o ar,
fui expulso de volta para o meu corpo...
não fiquei triste...
já possuía o que desejava...
retornei o meu passo pelo caminho aberto à minha frente...
a noite cai...
o meu futuro desenha-se.
Ricardo Costa, O Caçador de Sonhos
seguindo o caminho aberto à minha frente.
Os últimos raios de sol iluminam o que deixei para trás,
reflexos incompletos de uma realidade distorcida.
Reconheço-a como meu passado...
pois o futuro estende-se diante de mim,
e o presente já não mais existe.
A lua aparece entre um flash de pensamentos,
e então eu sinto-o...
é um ser distinto e etéreo...
preenchido por uma sabedoria infinita e perene,
e que, embora transparente, eu consigo ver na perfeição.
Ao presenciar isto o meu ser para completamente,
a minha consciência implode em pequenos detalhes...
e a minha alma evade-se...
o que restou foi o meu corpo...
e lá permanece parado e estático, completamente vazio.
Com um medo verdadeiramente profundo,
toda a minha essência dirige-se para o ser...
Porem, as minhas suspeitas são em vão...
ao chegar a seu pé, o ser envolve-me num abraço sublime,
e eu ganho uma nova consciência do que sou.
Tentei compreender ainda mais, desvendar todos os segredos,
mas, tão rápido como um relâmpago a cortar o ar,
fui expulso de volta para o meu corpo...
não fiquei triste...
já possuía o que desejava...
retornei o meu passo pelo caminho aberto à minha frente...
a noite cai...
o meu futuro desenha-se.
Ricardo Costa, O Caçador de Sonhos
Trouxe-te a liberdade...
A morte...
quanto mais penso nisso, menos arrepios sinto.
A aceitação começa a tomar poder,
e domina o meu corpo de alto a baixo.
finalmente sou livre...
pelo menos parcialmente pois continuo preso ao meu corpo.
O seu peso é um fardo...
sinto-me a carregar o mundo sobre os meus ombros,
só queria aliviar esta pressão.
Sinto-me a sentir mais do que deveria...
e a melancolia envolve-me num abraço cada vez mais apertado pois nem tudo o que sinto é bom...
sou um necrófago de sentimentos,
ficando apenas com os putrefactos...
e são eles que alimentam a minha alma sombria.
Servem também de anestesia... esses malditos...
enfraquecendo todos os sentimentos que trazem algo de bom.
Transformei-me completamente,
agora sou um ser das trevas e lidero um exército em que o único integrante sou eu mesmo...
aaah!...
como eu queria ver-me livre deste colete de forças que me mantém preso...
mas a sua força é tão imensa e eu um homem só.
Cada vez mais desejo ser livre...livre completamente...
tenho a certeza que a minha salvação segue esse sinuoso caminho...
não necessito instruções...
não sei como mas o mapa está tatuado na minha alma...
acho que agora viro aqui neste cruzamento...
sim é isso, é mesmo aqui...
O que será esta luz?... sinto-me leve...tão leve...
o colete de forças foi finalmente solto...
sim...agora sei...tenho a certeza...
sou livre...
finalmente.
Ricardo Costa, O Caçador de Sonhos
quanto mais penso nisso, menos arrepios sinto.
A aceitação começa a tomar poder,
e domina o meu corpo de alto a baixo.
finalmente sou livre...
pelo menos parcialmente pois continuo preso ao meu corpo.
O seu peso é um fardo...
sinto-me a carregar o mundo sobre os meus ombros,
só queria aliviar esta pressão.
Sinto-me a sentir mais do que deveria...
e a melancolia envolve-me num abraço cada vez mais apertado pois nem tudo o que sinto é bom...
sou um necrófago de sentimentos,
ficando apenas com os putrefactos...
e são eles que alimentam a minha alma sombria.
Servem também de anestesia... esses malditos...
enfraquecendo todos os sentimentos que trazem algo de bom.
Transformei-me completamente,
agora sou um ser das trevas e lidero um exército em que o único integrante sou eu mesmo...
aaah!...
como eu queria ver-me livre deste colete de forças que me mantém preso...
mas a sua força é tão imensa e eu um homem só.
Cada vez mais desejo ser livre...livre completamente...
tenho a certeza que a minha salvação segue esse sinuoso caminho...
não necessito instruções...
não sei como mas o mapa está tatuado na minha alma...
acho que agora viro aqui neste cruzamento...
sim é isso, é mesmo aqui...
O que será esta luz?... sinto-me leve...tão leve...
o colete de forças foi finalmente solto...
sim...agora sei...tenho a certeza...
sou livre...
finalmente.
Ricardo Costa, O Caçador de Sonhos
sábado, 30 de janeiro de 2010
Quando o Sol nascer
Espera por mim...
sim, espera... sabes que sou sempre atrasado,
mas quando o Sol nascer eu vou estar lá...
prometo-te.
Levo-te uma caixinha com mil perdões para me poderes desculpar,
se não e suficiente diz-me...
farei questão de mandar vir uma estrela só para ti.
Ela vai estar sempre a brilhar lá nos confins do mundo, e para ti, brilhará como nunca brilhou...
garantir-me-ei que a sua luz nunca esmoreça,
que o seu fulgor se mantenha vivo como os nossos sonhos e esperanças.
Vou mandar vir um planeta também...
Pô-lo na órbita da tua estrela, e como ele gira em torno dela a minha vida também gira em torno de ti...
qual par perfeito...é a recriação da união etérea...
Tal como a nossa.
Se ainda achares insuficiente eu mandarei vir mais planetas, um cometa e uma barreira de meteoros como protecção...
mandarei vir o que tu quiseres, tudo...
criarei uma galáxia à parte só para ti, para tu apreciares...
e pinta-la-ei da tua cor preferia...
a cor dos sonhos...
se quiseres mais alguma coisa diz, eu sou o teu Pai Natal de serviço,
o meu trabalho é trazer-te felicidade.
Não tenhas medo...apenas diz-me o que queres...
dar-te-ei tudo...
mas sei que és altruísta e provavelmente nada vais pedir,
mas não faz mal...
uma vez disseste-me o que mais querias,
acho que agora vou conseguir dar-to...
não te aflijas...espera por mim...
eu sei o que tu queres, e quando o Sol nascer,
eu vou estar lá...
prometo-te...
Ricardo Costa, O Caçador de Sonhos
sim, espera... sabes que sou sempre atrasado,
mas quando o Sol nascer eu vou estar lá...
prometo-te.
Levo-te uma caixinha com mil perdões para me poderes desculpar,
se não e suficiente diz-me...
farei questão de mandar vir uma estrela só para ti.
Ela vai estar sempre a brilhar lá nos confins do mundo, e para ti, brilhará como nunca brilhou...
garantir-me-ei que a sua luz nunca esmoreça,
que o seu fulgor se mantenha vivo como os nossos sonhos e esperanças.
Vou mandar vir um planeta também...
Pô-lo na órbita da tua estrela, e como ele gira em torno dela a minha vida também gira em torno de ti...
qual par perfeito...é a recriação da união etérea...
Tal como a nossa.
Se ainda achares insuficiente eu mandarei vir mais planetas, um cometa e uma barreira de meteoros como protecção...
mandarei vir o que tu quiseres, tudo...
criarei uma galáxia à parte só para ti, para tu apreciares...
e pinta-la-ei da tua cor preferia...
a cor dos sonhos...
se quiseres mais alguma coisa diz, eu sou o teu Pai Natal de serviço,
o meu trabalho é trazer-te felicidade.
Não tenhas medo...apenas diz-me o que queres...
dar-te-ei tudo...
mas sei que és altruísta e provavelmente nada vais pedir,
mas não faz mal...
uma vez disseste-me o que mais querias,
acho que agora vou conseguir dar-to...
não te aflijas...espera por mim...
eu sei o que tu queres, e quando o Sol nascer,
eu vou estar lá...
prometo-te...
Ricardo Costa, O Caçador de Sonhos
Vida aparente
Nós vivemos num mundo que não é nosso...
nem em parte nos pertence.
Vivemos falsamente uma vida ilusória,
mas nunca nos apercebemos, nem iremos aperceber...
lutamos contra coisa já ganhas,
tentando conquistar o que nos pertence...
vivemos numa apatia...
passamos a vida em segundo plano,
e não mudámos...
não existem subterfúgios nem refúgios,
a única fuga é a nossa consciência,
e por isso nos escondemos na nossa mente,
com pensamentos comprados como protecção...
e fingimos apreciar isso.
A vida são dois dias que nos fogem por entre os dedos...
e não sabemos vive-la...
caminhamos na sua berma, junto ao vazio do nada...
e o que nos resta são falsos sentimentos...
despojos do que realmente é verdadeiro,
fragmentos daquilo que queremos mas temos vergonha de possuir...
isto não é vida...
não...
mas aparenta ser.
Ricardo Costa, O Caçador de Sonhos
nem em parte nos pertence.
Vivemos falsamente uma vida ilusória,
mas nunca nos apercebemos, nem iremos aperceber...
lutamos contra coisa já ganhas,
tentando conquistar o que nos pertence...
vivemos numa apatia...
passamos a vida em segundo plano,
e não mudámos...
não existem subterfúgios nem refúgios,
a única fuga é a nossa consciência,
e por isso nos escondemos na nossa mente,
com pensamentos comprados como protecção...
e fingimos apreciar isso.
A vida são dois dias que nos fogem por entre os dedos...
e não sabemos vive-la...
caminhamos na sua berma, junto ao vazio do nada...
e o que nos resta são falsos sentimentos...
despojos do que realmente é verdadeiro,
fragmentos daquilo que queremos mas temos vergonha de possuir...
isto não é vida...
não...
mas aparenta ser.
Ricardo Costa, O Caçador de Sonhos
A equação
Por vezes pergunto-me o que faria se pudesse começar de novo...
O que faria e em que me tornaria,
se a minha vida volta-se àquele momento em que se vê pela primeira vez...
esse sim... é o momento da verdade...
esse instante dita aquilo que iremos ser,
é o Big Bang que cria o nosso mundo.
É o momento do sim ou não...
onde o talvez fica de fora na equação do destino...
ela não tem resultado fixo.
Embora os dígitos sejam sempre os mesmos,
o soluto é volúvel e controverso...
assim como nós...pois somos um só...
essa famigerada equação é a nossa vida,
à qual tentamos acrescentar uns números de vez em quando...
a nossa ganância leva-nos a tentar que ela tenha o resultado perfeito,
infelizmente ainda somos discípulos do fado,
e não está ao nosso alcance impor-lhe restrições.
Sendo assim vagueamos a seu belo prazer,
esse é o nosso ofício...
mas ainda somos principiantes.
A ociosidade condiciona-nos o progresso e impede-nos de resolver-mos essa maldita equação...
o professor também não ajuda...
tudo o que nos ensina é como fazer malabarismo com as nossas vidas,
é ele o narcótico do nosso desenvolvimento.
Esse que tem o número da besta... mas multiplicado por dois,
pois até Lúcifer se verga à sua vontade.
Nós somos apenas as marionetas que ele usa no espectáculo que monta...
e usa-nos até aparecer algo mais atractivo...
somos seus reféns.
Perguntei-me o que faria se pudesse começar de novo...
agora eu sei...
dava tudo por tudo para resolver a maldita equação!
Ricardo Costa, O Caçador de Sonhos
O que faria e em que me tornaria,
se a minha vida volta-se àquele momento em que se vê pela primeira vez...
esse sim... é o momento da verdade...
esse instante dita aquilo que iremos ser,
é o Big Bang que cria o nosso mundo.
É o momento do sim ou não...
onde o talvez fica de fora na equação do destino...
ela não tem resultado fixo.
Embora os dígitos sejam sempre os mesmos,
o soluto é volúvel e controverso...
assim como nós...pois somos um só...
essa famigerada equação é a nossa vida,
à qual tentamos acrescentar uns números de vez em quando...
a nossa ganância leva-nos a tentar que ela tenha o resultado perfeito,
infelizmente ainda somos discípulos do fado,
e não está ao nosso alcance impor-lhe restrições.
Sendo assim vagueamos a seu belo prazer,
esse é o nosso ofício...
mas ainda somos principiantes.
A ociosidade condiciona-nos o progresso e impede-nos de resolver-mos essa maldita equação...
o professor também não ajuda...
tudo o que nos ensina é como fazer malabarismo com as nossas vidas,
é ele o narcótico do nosso desenvolvimento.
Esse que tem o número da besta... mas multiplicado por dois,
pois até Lúcifer se verga à sua vontade.
Nós somos apenas as marionetas que ele usa no espectáculo que monta...
e usa-nos até aparecer algo mais atractivo...
somos seus reféns.
Perguntei-me o que faria se pudesse começar de novo...
agora eu sei...
dava tudo por tudo para resolver a maldita equação!
Ricardo Costa, O Caçador de Sonhos
Sonho
Hoje, pela primeira vez em muito tempo,
eu sonhei.
Não foi um sonho realista, quanto muito elucidativo...
mas com certeza valeu cada e todos os segundos que durou.
dizem que os sonhos transcrevem a realidade de cada um de nós,
transformando-a e modificando-a a nosso belo prazer...
mas este sonho...
este sonho foi algo mais...
algo que passou as simples limitações da realidade,
abordando os contornos incompreensíveis do surreal...
onde o imaginário é de carne e osso...
e nós não somos mais nós.
É como se ganha-se vida própria, o sonho isto é...
e transforma-se,
de tal maneira que a nossa realidade já não mais existe...
mas sim uma distorção dela...
apenas um mundo só, mas que não é o nosso...
é um mundo de diferenças e contrastes, a versão oposta daquele que chamamos de nosso...
é um mundo de trás para a frente...
um mundo onde o céu é o chão e caminhamos sobre ele...
onde a chuva cai ao contrário e o sol ilumina a noite.
Onde nós não somos nós, mas sim eles...
um mundo onde o sonho comanda a vida,
onde o sonho é a própria vida...
e hoje...por fim...fui capaz de viver essa experiência...
hoje...eu sonhei...
mas não foi um sonho comum...
não...
hoje foi especial...
e eu vivi como jamais viverei...
hoje, pela primeira vez em muito tempo,
eu sonhei.
Ricardo Costa, O Caçador de Sonhos
eu sonhei.
Não foi um sonho realista, quanto muito elucidativo...
mas com certeza valeu cada e todos os segundos que durou.
dizem que os sonhos transcrevem a realidade de cada um de nós,
transformando-a e modificando-a a nosso belo prazer...
mas este sonho...
este sonho foi algo mais...
algo que passou as simples limitações da realidade,
abordando os contornos incompreensíveis do surreal...
onde o imaginário é de carne e osso...
e nós não somos mais nós.
É como se ganha-se vida própria, o sonho isto é...
e transforma-se,
de tal maneira que a nossa realidade já não mais existe...
mas sim uma distorção dela...
apenas um mundo só, mas que não é o nosso...
é um mundo de diferenças e contrastes, a versão oposta daquele que chamamos de nosso...
é um mundo de trás para a frente...
um mundo onde o céu é o chão e caminhamos sobre ele...
onde a chuva cai ao contrário e o sol ilumina a noite.
Onde nós não somos nós, mas sim eles...
um mundo onde o sonho comanda a vida,
onde o sonho é a própria vida...
e hoje...por fim...fui capaz de viver essa experiência...
hoje...eu sonhei...
mas não foi um sonho comum...
não...
hoje foi especial...
e eu vivi como jamais viverei...
hoje, pela primeira vez em muito tempo,
eu sonhei.
Ricardo Costa, O Caçador de Sonhos
Folga
Hoje vou tirar uma folga...
sim...é isso que eu quero.
Estou cansado deste ciclo monótono e regenerativo...
quero descansar um pouco...
vou-me esforçar para nada fazer.
Hoje tento ser uma estátua de pedra,
anulo todos os sentidos e fico parado...
nada absorvo e nada emito,
tudo o que faço é, no mínimo nada...
no máximo é coisa nenhuma.
Vou ser discípulo do ócio...
por em prática tudo o que aprendi com ele,
por sorte tive nota máxima no seu curso.
Vou sonhar que faço...
criar um mundo em que tudo é feito por encomenda,
até a vida...
Escuso de pedir pois já tenho tudo,
Deus é o meu carteiro nesse mundo, e eu, como bom patrão limito-me a dar ordens...
vou fazer o tempo parar...
vou congelar os segundos, aprisionar os minutos numa caixinha e esconde-la muito bem...
as horas são impacientes e com certeza virão à sua procura.
Mas eu não estou...podem deixar recado.
Hoje é o dia em que não faço nada,
embora comece a achar que isso é muita coisa...
é a minha folga...
é suposto eu nem pensar!
Acho que preciso de um calmante...é melhor dois...
uma folga artificial também é bem vinda.
Tique Taque, Tique Taque...oiço o passar dos segundos...
parece que o vendedor me enganou.
Trouxe um pacote cheio de energia...
enfim... pelos vistos a minha folga acabou...
vou trabalhar...
amanhã tento de novo.
Ricardo Costa, O Caçador de Sonhos
sim...é isso que eu quero.
Estou cansado deste ciclo monótono e regenerativo...
quero descansar um pouco...
vou-me esforçar para nada fazer.
Hoje tento ser uma estátua de pedra,
anulo todos os sentidos e fico parado...
nada absorvo e nada emito,
tudo o que faço é, no mínimo nada...
no máximo é coisa nenhuma.
Vou ser discípulo do ócio...
por em prática tudo o que aprendi com ele,
por sorte tive nota máxima no seu curso.
Vou sonhar que faço...
criar um mundo em que tudo é feito por encomenda,
até a vida...
Escuso de pedir pois já tenho tudo,
Deus é o meu carteiro nesse mundo, e eu, como bom patrão limito-me a dar ordens...
vou fazer o tempo parar...
vou congelar os segundos, aprisionar os minutos numa caixinha e esconde-la muito bem...
as horas são impacientes e com certeza virão à sua procura.
Mas eu não estou...podem deixar recado.
Hoje é o dia em que não faço nada,
embora comece a achar que isso é muita coisa...
é a minha folga...
é suposto eu nem pensar!
Acho que preciso de um calmante...é melhor dois...
uma folga artificial também é bem vinda.
Tique Taque, Tique Taque...oiço o passar dos segundos...
parece que o vendedor me enganou.
Trouxe um pacote cheio de energia...
enfim... pelos vistos a minha folga acabou...
vou trabalhar...
amanhã tento de novo.
Ricardo Costa, O Caçador de Sonhos
Vai chegar a ti...
Raspa, arranha e fere...
deixa uma sensação de vazio dentro de mim.
Desfaz, tritura e destrói...
abala o meu ser como se de uma folha se trata-se.
Não sei o que é...não consigo perceber...
mas algo há de ser...
e esse algo tem objectivos perversos.
É um sentimento que me percorre como se mil agulhas se espetassem no meu corpo despedaçando a minha alma...
agora ela e como um puzzle...
quem me dera a mim saber resolve-lo,
mas acho que já faltam algumas peças...
não vale a pena imaginar caças ao tesouro porque é impossível encontra-las,
com certeza já não devem existir ou então estão num recanto da sua toca...
chamar-lhe-ia mais de covil, pois é lá que se encontra o seu altar de sombras,
li isso num livro, mas Ela também mo levou.
Ao menos é eficiente...
não faz nada por meias medidas...qual empresa de destruição...
ela é a própria destruição mas intitula-se como purificadora...
ironia...
pelos vistos não é de pedra... claro,
pelo seu estatuto diria que era o diamante que melhor lhe assentaria...
mas Ela não gosta de eufemismos...
segundo Ela é feita do sangue e ossos dos que já caíram a seus pés...
garanto-te que nunca mais se levantaram esses.
Queres saber quem Ela é?
Acertei?... infelizmente para ti não te digo...
não posso correr esse risco.
Mas calma...não tenhas pressa...não sejas ancioso...
mais tarde ou mais cedo...
Ela vai chegar a ti,
vais ver...
Ricardo Costa, O Caçador de Sonhos
deixa uma sensação de vazio dentro de mim.
Desfaz, tritura e destrói...
abala o meu ser como se de uma folha se trata-se.
Não sei o que é...não consigo perceber...
mas algo há de ser...
e esse algo tem objectivos perversos.
É um sentimento que me percorre como se mil agulhas se espetassem no meu corpo despedaçando a minha alma...
agora ela e como um puzzle...
quem me dera a mim saber resolve-lo,
mas acho que já faltam algumas peças...
não vale a pena imaginar caças ao tesouro porque é impossível encontra-las,
com certeza já não devem existir ou então estão num recanto da sua toca...
chamar-lhe-ia mais de covil, pois é lá que se encontra o seu altar de sombras,
li isso num livro, mas Ela também mo levou.
Ao menos é eficiente...
não faz nada por meias medidas...qual empresa de destruição...
ela é a própria destruição mas intitula-se como purificadora...
ironia...
pelos vistos não é de pedra... claro,
pelo seu estatuto diria que era o diamante que melhor lhe assentaria...
mas Ela não gosta de eufemismos...
segundo Ela é feita do sangue e ossos dos que já caíram a seus pés...
garanto-te que nunca mais se levantaram esses.
Queres saber quem Ela é?
Acertei?... infelizmente para ti não te digo...
não posso correr esse risco.
Mas calma...não tenhas pressa...não sejas ancioso...
mais tarde ou mais cedo...
Ela vai chegar a ti,
vais ver...
Ricardo Costa, O Caçador de Sonhos
O Horizonte
Avisto o horizonte de horizontes desconhecidos...
vejo aquela linha a esmorecer a caminho do fim do mundo,
a linha que é a entrada para o recreio da nossa imaginação.
Felizmente a entrada é livre...
o seu preço são os nossos desejos,
mas isso já é o nosso troco, que recebemos a dobrar...
Todos os nossos sentidos são aprisionados por aquela imagem,
avassaladora, é o mínimo das suas descrições...
acredito que a máxima não caberia em palavras,
por mais que tentasse-mos ficaria sempre algo por dizer.
Ela eleva o nosso espírito...
transforma-o em algo sublime e etéreo...
é compreensível porque a achamos tão bela...
todos queríamos que essa fosse a imagem da nossa alma,
infelizmente ela é impossível de capturar...
e por mais que se tente imita-la,
tudo o que conseguimos é apenas uma sombra do que realmente é...
é como um espírito livre...
vagueia sem sair do sítio e é o início do fim que ainda não acabou...
é isto tudo e muito mais e felizes são aqueles que têm o prazer de saborear a sua existência...
é o horizonte...
e eu avisto-o ao longe...
será o horizonte de quê? pergunto-me eu...
isso não interessa...
felizes são os que o saboreiam...
portanto dedico-me a aproveita-lo...
ao horizonte...
Ricardo Costa, O Caçador de Sonhos
vejo aquela linha a esmorecer a caminho do fim do mundo,
a linha que é a entrada para o recreio da nossa imaginação.
Felizmente a entrada é livre...
o seu preço são os nossos desejos,
mas isso já é o nosso troco, que recebemos a dobrar...
Todos os nossos sentidos são aprisionados por aquela imagem,
avassaladora, é o mínimo das suas descrições...
acredito que a máxima não caberia em palavras,
por mais que tentasse-mos ficaria sempre algo por dizer.
Ela eleva o nosso espírito...
transforma-o em algo sublime e etéreo...
é compreensível porque a achamos tão bela...
todos queríamos que essa fosse a imagem da nossa alma,
infelizmente ela é impossível de capturar...
e por mais que se tente imita-la,
tudo o que conseguimos é apenas uma sombra do que realmente é...
é como um espírito livre...
vagueia sem sair do sítio e é o início do fim que ainda não acabou...
é isto tudo e muito mais e felizes são aqueles que têm o prazer de saborear a sua existência...
é o horizonte...
e eu avisto-o ao longe...
será o horizonte de quê? pergunto-me eu...
isso não interessa...
felizes são os que o saboreiam...
portanto dedico-me a aproveita-lo...
ao horizonte...
Ricardo Costa, O Caçador de Sonhos
A Questão
Sempre quis saber o que sou,
mas sempre tive receio de o fazer...
essa questão assola a minha alma,
fazendo-me sentir arrepios de vontade...
vontade de descobrir.
Neste momento ou um fantasma de mim mesmo...
um vazio numa vastidão imensa...
sou um nada, mas ao mesmo tempo um quase tudo,
porque tenho a noção do nada que sou...
almejo o conhecimento, mas isso traz-me insegurança...
almejo o saber, mas isso traz-me infelicidade...
e esses sentimentos percorrem-me, mais fortes que a minha vontade de viver...
mais fortes até que a própria vida, provavelmente.
O meu ser está disperso,
fragmentado mo interior de um espaço gigantescamente pequeno que é o meu corpo...
mas fora isso...eu sou eu...
mas o que sou eu?
Essa é a questão que perdura.
Ricardo Costa, O Caçador de Sonhos
mas sempre tive receio de o fazer...
essa questão assola a minha alma,
fazendo-me sentir arrepios de vontade...
vontade de descobrir.
Neste momento ou um fantasma de mim mesmo...
um vazio numa vastidão imensa...
sou um nada, mas ao mesmo tempo um quase tudo,
porque tenho a noção do nada que sou...
almejo o conhecimento, mas isso traz-me insegurança...
almejo o saber, mas isso traz-me infelicidade...
e esses sentimentos percorrem-me, mais fortes que a minha vontade de viver...
mais fortes até que a própria vida, provavelmente.
O meu ser está disperso,
fragmentado mo interior de um espaço gigantescamente pequeno que é o meu corpo...
mas fora isso...eu sou eu...
mas o que sou eu?
Essa é a questão que perdura.
Ricardo Costa, O Caçador de Sonhos
O ser....A memória...
Passeio no lago das minhas memórias...
caminhando pela margem sólida do meu ser...
ouço o gotejar dos meus pensamentos,
que ao caírem criam turbilhões de sentidos...
eu não consigo destingi-los...
a minha consciência adormece, a melancolia abraça-me,
e a compreensão tarda...
sei que não sei que percebo o que sou,
a apatia da vida leva-me a isso...
e choro lágrimas secas.
Tudo em mim volta ás origens,
onde a primeira porção de sentimento me invadiu...
pois dizem que na origem está a resposta,
mas ela cortou relações comigo.
O meu ser está perdido, as memórias perecem,
só resta o peso do meu corpo.
Agora sim...eu sei o que sou...
e a resposta é nada...
pois perdi tudo o que me fazia.
Ricardo Costa, O Caçador de Sonhos
caminhando pela margem sólida do meu ser...
ouço o gotejar dos meus pensamentos,
que ao caírem criam turbilhões de sentidos...
eu não consigo destingi-los...
a minha consciência adormece, a melancolia abraça-me,
e a compreensão tarda...
sei que não sei que percebo o que sou,
a apatia da vida leva-me a isso...
e choro lágrimas secas.
Tudo em mim volta ás origens,
onde a primeira porção de sentimento me invadiu...
pois dizem que na origem está a resposta,
mas ela cortou relações comigo.
O meu ser está perdido, as memórias perecem,
só resta o peso do meu corpo.
Agora sim...eu sei o que sou...
e a resposta é nada...
pois perdi tudo o que me fazia.
Ricardo Costa, O Caçador de Sonhos
A vida são dois dias
A vida são dois dias...
e passamo-los a tentar descobrir como os deveríamos ter passado.
Padecemos da doença da incompreensão...
o nosso ser é uma dúvida eterna,
que vagueia no limiar da incerteza.
Somos seres intermédios,
a meio caminho da sabedoria mas a um passo da perdição...
amaldiçoamos as nossas próprias questões,
mas elas são tudo o que nos resta...
embora não queiramos admitir,
a nossa vida não é nossa...
o seu dono é o desejo, mas a ira atenua-lhe o efeito...
queremos sempre mais do que recebemos,
e isso dita-nos o destino...
pois recebemos muito menos do que queremos.
Amamos o ódio e odiámos o amor,
somos repetições monótonas de um passado penoso...
antónimos e sinónimos ao mesmo tempo,
utilizando a adjectivação como esconderijo.
O significado da nossa vida é a morte...
mas até dela temos medo...
não vale a pena tentar perceber,
pois a incompreensão não se compreende.
E assim vivemos...num vórtex eterno...
a vida são dois dias...
que passamos sem realmente ter passado.
Ricardo Costa, O Caçador de Sonhos
e passamo-los a tentar descobrir como os deveríamos ter passado.
Padecemos da doença da incompreensão...
o nosso ser é uma dúvida eterna,
que vagueia no limiar da incerteza.
Somos seres intermédios,
a meio caminho da sabedoria mas a um passo da perdição...
amaldiçoamos as nossas próprias questões,
mas elas são tudo o que nos resta...
embora não queiramos admitir,
a nossa vida não é nossa...
o seu dono é o desejo, mas a ira atenua-lhe o efeito...
queremos sempre mais do que recebemos,
e isso dita-nos o destino...
pois recebemos muito menos do que queremos.
Amamos o ódio e odiámos o amor,
somos repetições monótonas de um passado penoso...
antónimos e sinónimos ao mesmo tempo,
utilizando a adjectivação como esconderijo.
O significado da nossa vida é a morte...
mas até dela temos medo...
não vale a pena tentar perceber,
pois a incompreensão não se compreende.
E assim vivemos...num vórtex eterno...
a vida são dois dias...
que passamos sem realmente ter passado.
Ricardo Costa, O Caçador de Sonhos
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