A morte...
quanto mais penso nisso, menos arrepios sinto.
A aceitação começa a tomar poder,
e domina o meu corpo de alto a baixo.
finalmente sou livre...
pelo menos parcialmente pois continuo preso ao meu corpo.
O seu peso é um fardo...
sinto-me a carregar o mundo sobre os meus ombros,
só queria aliviar esta pressão.
Sinto-me a sentir mais do que deveria...
e a melancolia envolve-me num abraço cada vez mais apertado pois nem tudo o que sinto é bom...
sou um necrófago de sentimentos,
ficando apenas com os putrefactos...
e são eles que alimentam a minha alma sombria.
Servem também de anestesia... esses malditos...
enfraquecendo todos os sentimentos que trazem algo de bom.
Transformei-me completamente,
agora sou um ser das trevas e lidero um exército em que o único integrante sou eu mesmo...
aaah!...
como eu queria ver-me livre deste colete de forças que me mantém preso...
mas a sua força é tão imensa e eu um homem só.
Cada vez mais desejo ser livre...livre completamente...
tenho a certeza que a minha salvação segue esse sinuoso caminho...
não necessito instruções...
não sei como mas o mapa está tatuado na minha alma...
acho que agora viro aqui neste cruzamento...
sim é isso, é mesmo aqui...
O que será esta luz?... sinto-me leve...tão leve...
o colete de forças foi finalmente solto...
sim...agora sei...tenho a certeza...
sou livre...
finalmente.
Ricardo Costa, O Caçador de Sonhos
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