domingo, 31 de janeiro de 2010

Pesadelo em Papel

Cai no chão e morre...
folha livre que perece sob os nossos olhos.
Provem da árvore da vida e é dela que faço o papel onde me introduzo...
a minha própria sequela em versão literária.
Está disponível no mercado dos pesadelos,
secção dos pintores da vida que esboçam uma sina incerta...
Também pode estar na secção de cozinha,
já que eu sou o cozinheiro das ideias que apresento sob a forma de caracteres imprecisos.
A obra é de graça...
não peço dinheiro pelas fotografias que tirei,
no final de contas são amadoras e a qualidade é algo a ter em conta.
Chamei-lhe Pesadelo em Papel...
já que ilustra a agonia de uma vida que poderia ter sido a minha.
Felizmente não foi...
pelo menos é o que finjo ser verdade,
e acredito, tal como os outros...
os seus compradores.
É a bíblia do fingimento forjado, contudo, nada omito nela,
só distorço a realidade como bom ilusionista...
maldita essa obra, esse pesadelo construído, que apesar de ser minha abomino-a...
Infelizmente somos um só agora...
raiva!
Quero um corrector!
Tenho de apagar o que escrevi, fazer a tinta esmorecer e cair no esquecimento...
quem me empresta um corrector?
Ninguem?
Maldição...
sois tão inúteis como eu, e tendes prazer nisso.
Não há nada a fazer...
o pesadelo lá continua naquele papel que utilizei,
é um papel de pesadelo e nele está escrito o Pesadelo em Papel...
o pesadelo da minha vida!

Ricardo Costa, O Caçador de Sonhos

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