Lá for um sombrio frio em redemoinho
Paus, árvores, folhas, caem silenciados
Dentro do meu ser só os destroços falam
E em qual luar o Sol se esconde de medo...
Ergo muros na tempestade lá fora
Se aos cavalos lhes tiro o cavaleiro
E em todos os rios que choram sozinhos
Vejo-me debaixo da ponte admirando-os!
Gente que passa passando gente
E da gente se faz o frio da solidão...
Se neste Outubro um abraço me fizer falta
Deita a minha cabeça aos ombros
E desaparece sob o manto de nuvens!
Já não sou quem era...
De repente a hora já me esqueceu
Só o frio, o sombrio frio que desliza
Permanece a pintura que pintei de olhos fechados!
E sou o esquecimento que fui...
Com mãos vazias de tão cheias
Desaperto os cordões e atiro-me ao mar...
Como se do frio nascessem amizades
Eu faço do gelo minha cama
Neste sombrio frio que lá fora dorme.
Ricardo Costa
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