quinta-feira, 4 de março de 2010

Abstracto

São gritos mudos que se ouvem há distância...
A vontade de ser algo superior e alcançar o abstracto da realidade da vida...
Através da geometria invertida descubro o puzzle que me completa e vejo o reflexo espelhado que a Lua transforma e deixa ficar para trás.
As águas turvas desvendam o mistério pendente...
Mas o que pende é mais que o simples querer!
Falo com o vento que corre entre as árvores, os seus sussurros são como presságios do que foi agendado...
A flagelação do meu ser é bem-vinda enquanto o Sol se põe e a vida corre pelo rio da morte.
Fecho os olhos!
Sinto-me a sentir mesmo sem saber o que isso é...
E sinto tanto que até dói!
Como estou sozinho nada faço para o evitar, envolvo a dor num abraço apertado e chamo-a de amor...
Realmente a amo... mas é relativo...
A obliquidade do sentimento enfraquece a visão periférica do que passa sem deixar rasto.
Permaneço quieto!
Deitado na margem molhada pelas lágrimas de sangue que o outro deixou cair só penso...
E o pensamento absorve-me.
Esboço o concreto no abstracto da fantasia e crio o guião que me vai levar para o pesadelo...
Contracenando comigo mesmo faço o papel secundário...
O tempo esgota-se!
Fecho a cortina do teatro dos sonhos e guardo o pesadelo no meu cofre seguro...
Aceno ao público de ninguém e apago a luz.
O caminho abstracto que percorro leva-me ao concreto da vida que é minha...
Agora tento vive-la...

Ricardo Costa, Apanhei um Fogo-Fátuo xD

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