Hoje, mais que nunca, sei quem ele é…
E conheço a sua face obscura, aquela que ele esconde dos abutres!
Conheço-o tão bem que julgo que sou ele…
Mas ele não sou eu, mas sim uma versão melhorada que o tempo esqueceu.
A solidão transformou-o numa sombra,
E completamente sozinho vagueia pelas fotografias que lhe fazem recordar o passado.
Sei que ele é porque ele mo disse…
Ser nostálgico que toma a loucura como refúgio da dor que lhe prepara o leito de morte…
Ele deitar-se-ia nele de boa vontade.
É um ser neurótico que nunca ouviu o bater do coração e dança ao compasso da música do inferno,
O maestro reconhece-o como filho prodígio…
Eu reconheço-o por aquilo que ele é!
Vive de forma monocromática já que as cores perderam importância no seu mundo,
A cor da vida desvaneceu-se dele…
Não que ele se importe, aprecia os contos de fadas a preto e branco.
Julga-se senhor do nada,
Mas, no fundo, tem tanto ou mais que eu…
Uma dor que corrói continuamente!
Hoje descobri isso…Hoje sem que ele é…
Recebo-o como amigo por sermos tão parecidos mesmo sendo tão diferentes,
No meu dicionário somos iguais…
Dou-lhe o meu coração porque o dele foi roubado,
Ter pouco ou nenhum é igual e por esta altura só serve para aumentar o meu peso…
Remeto-lhe uma carta com destinatário incerto,
Enquanto espero vou ouvindo as últimas batidas do coração neste corpo já estranho para mim.
Hoje, mais que nunca, sei quem ele é!
E sei que não sou ele…
Porque já não sei quem sou…
Ricardo Costa, O Caçador de Sonhos
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