domingo, 14 de novembro de 2010

A casa à beira-mar

Silenciar-me
no mais profundo gesto do quebrar duma onda
respirar lentamente os perfumes do corpo em sal
durante um leve sono de íntimo orgulho
retendo entraves de uma porta não aberta ao luar

dois corpos desnudos de saudades em mar acesso de chamas
o calor do sol na sua dita hora de poisar
um riso ao de leve que bate os dentes imitando as harpas
dos anjos que navegam as nuvens que os olhos cegam,
bocas de uma ave que se abeira da terra
engolindo os remorsos dos amores que não partiram

o silêncio do dia na casa à beira-mar,
aquele jardim amarelo e fino que as areias trazem
os raios de luz que de um dourado fazem nos cabelos
a espessa almofada onde dorme o vento...

Ricardo Costa

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