quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Atrofios

...e a morte vem,
serena de si,
no encosto das manhãs pálidas

no cair das nuvens
em folhagem rasteira vagabunda pelo chão

falta uma ausência

e uma vontade de comer as palavras

um desaire parado
de uma luz,
cigarros acessos no calor

uma mão que se estende

e o bafo quente de um sorvo de ar!

Um roubo a Deus,
como prece de viver,
só uma dúvida e uma conta

O telefone desligado pendura o fio

solitário

Só não chega a solidão,
paralisia infernal de movimentos
de um bosque tingido de vermelho e amarelo

laranja!

...e a morte vai,
cinzenta de tédio e sonolência,
matando a morte
com risadas histéricas

saindo do museu com entrada livre!

Atrofios
de uma vida com falta de Ser...

Ricardo Costa

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