A lenta e comprida escadaria
ao céu aponta
em ligeira inclinação dormente,
os cães do tempo
deixam o Inverno subir pelo corrimão
numa breve eternidade
que desponta como a flor da Primavera.
Os olhos choram-se pálidos
nas mãos ossudas que calcam o tapete
de estreitas compreensões,
e o velho Azul
abre o rosto em nuvens e o diário
de papeis limpos de sonhos,
dormem as gaivotas
e os Anjos
nas portas finais da escadaria doirada.
Foram cantando caladas,
as sombras coloridas das rotinas,
passo em passo
pensando o degrau de defeitos carnais
e gestos ternos de desejos presentes.
As mãos levam o coração na boca
e os gritos nas costas desnudas,
os pés são peso livre
e a tristeza dilui-se em cada pálpebra
do avesso dos dias.
Chega-se livre e Rei de vez!
O sangue que se derrama na subida
pinta as horas enlutadas,
da saliva da nossa vida equilibramos
a paixão pelo mar de felicidades.
Ricardo Costa
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