terça-feira, 3 de agosto de 2010

Olhos mortos

Vejo-te
a seres Tu,
mesmo Tu,
impoluta
e rara de prazeres

em cadernos

abertos e
vazios
onde Te escondes
e choras
cristais secos.

Vejo-te
a esculpir
em pedra

um sorrir
falso e malévolo
em vestígios
indefinidos
de degustação
mórbida

que te tortura
e
mata aos poucos

como
uma noite suave
que enamora
uma brisa morta

quente

Estás parada
em portas
fechadas e
precipícios simulados

os dedos caem-te
e os lábios
beijam o fumo

Eu vejo-te
no findar das causas
e no raiar
do tormento

trazes tréguas
e porquês

e de mim
te libertas
em mortes encenadas

Vejo-te
no cinzento amar
de amor perdido

e os olhos
fecham-me a visão

dignos de tentar
também morrer
para a dor ir embora.

Ricardo Costa

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