quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Os Incompetentes (Paródia de Os Lusíadas)

O grande otário assinalado,
Que do hemicírculo famoso
Manda leis para todo o lado,
Diabolicamente esperançoso
De ver em trabalho esforçado
O povo lusitano bondoso,
Que com caras de desalento
Espera que ele vá com o vento.

E também a jornada desprezível,
Daquela paspalha que lá anda,
Fazendo uma figura horrível,
De cada vez que fala manda
E mesmo não possuindo qualquer nível
Está a dar-nos uma tanga,
Cantando espalharei por toda a parte,
Isto há-de se ouvir em Marte.

Cessem dos antigos e anormais
Tudo o que não foi alcançado,
Cale-se Santana e outros tais
A fama de nada ter acabado;
Que eu canto parolos imortais
Que têm reservado triste fado.
Cesse tudo o que o outro canta
Que se ergue valor que mais espanta.

E Vós, seres ignorantes, pois criado
Tendes em mi um novo adversário,
Se sempre, em heroísmos, ovacionado
Vai ser de mi vosso reino precário,
dai atenção a meu comunicado
De enorme engenho literário,
Porque de vossas confusões fartou-se Febo
Que já vos mandou "limpar o sebo".

Quero huã fúria grande e sonora
E não de beleza nem de encantar,
Mas daquela pura e estrondosa
Que de tão forte faz assustar;
Quero cantar a vida vergonhosa,
a que esses nos estão a levar;
Que se espalhe e cante no mundo
Deviam estar num poço fundo.

E Vós, Povo Lusitano imutável
Deixais que de Vós se tire a liberdade?
Se nunca vossa coragem foi questionável
Não é agora que sereis cobarde;
Vós, ó novo temor inigualável,
Demoraste, mas nunca é tarde.
Agora em diante todos unidos
Para expulsar os já conhecidos.

Vereis amor por vós em todo o lado,
Pela luta contra o inimigo;
Por vos terdes livrado deste estado
De quem o esquecimento é querido.
Ouvi: Vereis o nome imortalizado
Pelos vossos feitos engrandecido,
E gritareis alto e potente,
Portugal e livre finalmente!!

De longe o vinte vi, majestoso
Que Vénus por pedido me trazia,
Seguro, esplêndido e valioso
Vem como se fosse por magia,
E eu, totalmente esperançoso
De obter a nota que queria,
E com fé que esta métrica errada
Vai ser completamente perdoada.

Ricardo Costa, O Caçador de Sonhos

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