segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Pseudo-análise

Sente a ânsia mas ainda não anseia,
poeta inacabado que transcreve o que sente em textos incoerentes.
Fabrica o destino dele mesmo,
e faz uns biscates nuns outros tantos que não o dele...
diz-se livre...
mas é prisioneiro das sensações,
fotógrafo amador da vida que dispõe em telas.
Chamam-lhe pintor adivinho, porem, tudo o que ele faz é traçar caracteres num caderno barato...
não foi isso que ele quis, mas foi o que a vida lhe deu...
por esta altura já se conformou.
Não luta contra a solidão pois não está sozinho,
consegue devanear sem sair do sítio e ser muita gente numa só pessoa.
Até certo ponto ele é feliz...
o quanto, ele não sabe, sinceramente não lhe interessa...
não cai no erro de medir o que sente, não é matemático.
Segundo ele é um caçador de sonhos...
é esse o seu ganha pão já que depois ele vende-os a quem não tenha os seus próprios...
não é ganancioso, a vida ainda não lhe exigiu isso,
quanto muito tudo o que ele pede são uma caneta e caderno novos...
podem achar pouco, mas para ele chega,
nunca se sabe quando a ânsia de escrever atinge, portanto mais vale estar preparado.
É um vagabundo errante, esse poeta...
diz-se cego da visão, portanto guia-se através dos sentimentos...
até agora não teve nenhum acidente.
Desenha o seu caminho com um pedaço de giz,
e por ele segue em busca de um sítio onde possa ser ele próprio.
Talvez o encontre... talvez não...
mas ele não desiste...
se nada mais lhe restar usará a sua imaginação...
afinal de contas...
ele é um poeta.... e a vida...
a vida é o sonho que ele persegue.

Ricardo Costa, O Caçador de Sonhos

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