Já era vivo antes de nascer...
aquele Semi-Deus embriagado pelo seu próprio sangue vil.
Não possui mãe nem pai,
é filho do destino cruel que o trouxe perante nós.
É guerreiro por natureza. contudo não luta,
tem quem lute por ele...
dedica-se inteiramente à sua única função, a única que conhece...
matar...
não distingue o bem do mal, nem tenta,
quantos mais melhor e o registo já vai longo.
A sua aparência nada denuncia,
ele esconde bem a sua demência...
o pior são os seus olhos,
negros e iluminados com um ténue brilho maléfico, notam-se à distância...
Por vezes gostava que fosse diferente,
queria deixar de ser o monstro que é e mudar,
porem, esses períodos de mentalidade sãs logo terminam quando a necessidade de fazer mal aperta...
Já não tem salvação.
Vive na ânsia de ser descoberto, esse assassino,
a discrição é boa enquanto dura, mas nada é eterno.
Uma palavra solta pode desencadear tudo o que ele mais teme,
por isso ele guarda-as, aquelas que são as armas de seus crimes...
as palavras...
guarda-as no seu esconderijo mais seguro,
para lá das portas do inferno.
Não se pode dizer que não é meticuloso,
tratou com facilidade o seu único ponto fraco...
agora não há volta atrás...
O caos reina enquanto o poeta assassino atira as suas mortíferas armas...
a destruição é nítida e o nosso futuro também, já que é ele quem o escreve...
pela última vez pedimos-lhe misericórdia...
a sorte não está do nosso lado...
ouvimos o riso dele enquanto entramos na escuridão.
Ricardo Costa, O Caçador de Sonhos
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