quarta-feira, 9 de junho de 2010

Conversas fechadas com a língua presa ao sentimento inventado!

Cai morta inerte
no chão duro de almofadas de ar
a língua tua,
e minha,
que saboreia o desgostoso paladar
da ironia.

Algemas de papel! Caçam no vácuo
a saliva que te sai dos cantos da boca!

Beijas o pano que arrasta o silêncio
e feres-me as costas
com pedras de falsos orgulhos,
tentando,
de forma subtil,
fechar a porta entre as nossas divisões!

Reinventas a folha pesada
que carregas nos ombros e dás de graça!
Nas feiras de avenida
quando o sol se aproxima
e cumprimenta os do costume,
o fardo que te magoa o respirar
despe-se de preconceitos
e cinge-se ao prazer da nostalgia
que se enrola nas paredes da prisão!

Quando morre,
No ligeiro brilhar dos olhos fechados...

Cai no silêncio de alma penada,
teu coração de triste fado
e,
no último suspiro antes do fim da sessão,
solta um murmúrio prolongado
já que as palavras falsas
ficaram retidas no saco do lixo!

Onde apodrecem
fechadas
presas ao sentimento que ousaste inventar!

Ricardo Costa

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