I
Nunca é vão
de forma inglória
todos os sorrisos de amor,
que na brisa da
manhã te mostro
em abraços a felicidade
que se enreda nos teus cabelos.
Nunca é demais
Imagina só.
II
São sentimentos já...
tudo o que lhe quiseres
por na frente,
sendo tão distraída
enquanto andas de mão dada
contigo mesma,
ou com outra mão apenas,
ou sem nada
e seguras o vazio
que pesa mais que uma vida
cheia de ar.
Que mal tem se sabes
onde eu moro prisioneiro?
III
É um toque desenfreado
que te roça com carícias o
rosto que escondes debaixo
da almofada, fechando os olhos
de prazer
e errando, por pouco,
o amor que te falseia o
estado de espírito.
Deitada de barriga para o ar
ressonas as palavras que ao escrever
poderias dizer bem alto.
IV
Esta morte não podes adiar.
Só o perder de vista
na vista em que pões a vista
te esfaqueia com facas
flácidas.
Esse silêncio que te amordaça
o coração
lá com os seus nós de marinheiro
e desatando
não chegas lá,
só no fim do dia, quando a
sombra fizer uma sombra maior
e o funeral trazer
á vida aquele sentir
de amar e ser amada.
É meio-dia nas horas certas
e o teu relógio de pulso cresce
para ser o teu guia pessoal.
V
É só fugir de patins
para a auto-estrada que se faz
de desejos
e lá visualizar, ou tocar,
naquele vidro frio que
se aquece com a imagem que eu e tu
projectamos nele,
teoricamente.
Basta pegar no martelo
e martelar em ti certas ideias
enquanto o estremecer do teu corpo
deixa as teias de aranhas
passadas em cacos sobre o chão duro
que te faz a cama.
VI
Correr com as mãos
sobre as pedras afiadas de gumes
tortos e cheios de sangue seco.
E fumar aquelas
ervas que te apagam o sentir
e o deixam mais
forte para o amanhã que anoitece
ainda cedo.
E choras, não lágrimas,
só um choro vadio e mesquinho
que se julga dono e senhor
de todos os grãos de areia que pisas!
VII
Maltratar os dias com
molhos de panos simples onde,
com marcador rosa,
escreves o teu nome do avesso
para que eu, já no mês seguinte
e num caminho diferente
te reconheça quando passo o olhar
pelas nuvens que se abrem
como um véu que proteja o sono de uma criança.
É só o fechar de olhos
e sentir o formigueiro que os ursos
de pelo castanho provocam
ao levar as rochas pela montanha acima.
VIII
É sempre igual,
mesmo quando é diferente.
No fundo e no fim o ano passa
e eu permaneço eu e tu só tu
e nós somos nós
mas cada um separado e
escrevendo a sua sina com as unhas
sujas de escavar.
Só o fazer buracos no ar
custa e torna os teus músculo rijos
para eu não poder deitar
sobre eles a minha pesada cabeça.
IX
Erguer a estátua na avenida
e cantar no cimo de uma árvore
que as cores
mesmo no escuro são as mesmas.
Gritar o fim do sonho
que se vai quando o que tu sentes
já é inventado
e o que não é inventado
se foi há muito nas asas de um pássaro
para o oriente do mundo.
Perdendo-se nos novos sabores
e num futuro que de risonho tem tanto
quanto eu de boca fechada
te falo e digo que te amo.
X
Quando acaba...
é só o sentir que resta
e nada mais.
Nada mais é preciso também
calo o meu coração de propósito
porque se falasse o quanto gosto de ti
roubava cada momento, cada segundo
que poderia gostar de ti
a um outro nível.
Nada mais importa...
Nunca é demais.
Neste dia, nesta hora, quando for
não te vou dizer, não!
Eu gosto de ti,
não por o dizer.
Só por o sentir...
Nunca é demais sentir!
E eu sempre sinto isso...
Ricardo Costa
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