Sento na pedra fria que
aquece o meu coração enregelado.
Sinto o enraivecer do tempo
que o crasso nevoeiro traz na bagagem e
esconde o arco-íris
debaixo da pálpebra entre-aberta.
A mentira e lamuria
fustigam o ermo das sensações,
e deixam só o
galante proprietário do teatro dos sonhos!
Eu mesmo!
Aprisionei-me cativo da nudez da vida,
e sonho no céu nublado
uma forma de despojar de mim
a luz que me enfeita os cantos da sala.
Raiva de ser o sentir
sem ver onde os pés calcam a minha sombra!
E o sonho escapasse
por entre as mãos entrelaçadas
nos cabelos esvoaçantes
que se espreguiçam sob a chuva...
A dor sente-se!
No final do capítulo,
viro a página em branco e
deito-me na margem de farrapos de Primavera.
De olhar extraviado lanço
a rede ao rio
e deixo fluir a tristeza
pelas brumas tumultuosas que se escondem
atrás das flores!
A brisa corre livre pela paisagem...
O meu sonho vai junto.
As lágrimas afloram-me aos olhos
quando dizemos o último adeus!
Ricardo Costa
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