Morrer é só não ser visto
com os olhos
e com os pés que andas pela montanha
rasa de paus
e videiras secas acastanhadas.
É só não ser visto
pelos figurinos esqueléticos
que dão gargalhadas de tristeza
e esbugalham seus olhos em bico
para ver
olhando
o suave passar do invisível.
É apenas não ser visto,
pelos ouvidos e mãos frágeis
de um pássaro preso
alimentado a pão e água.
Morrer...
É só passar despercebido.
É só não ser visto
para passar despercebido,
os desmaios e calores
os calafrios e sensações
os risos e arrepios
é esconde-los na gaveta e
deitar a chave ao rio.
É não ser visto de relance
por vizinhos nas janelas,
sendo julgado por juízes de praça
que de réus
fingem passar ao lado!
É só não ser visto,
do céu
do inferno
no mundo
na terra
nos olhos
nas lágrimas
É...
Ficar transparente
e ficar deitado no chão.
É só não ser visto,
ficar escondido
debaixo da cama até o dia
findar!
É...
Não deixa de ser...
Apenas...
Não ser visto...
Só...
Olhar...
Não chega...
Ver...
Não resulta...
Nada!
Morrer...
É só não ser visto
Com os olhos!
Morrer...
É só não ser visto...
Morrer...
Morrer...
Morrer...
Ricardo Costa
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