sábado, 19 de junho de 2010

Queda Livre

Caio no doce ar
que me fustiga as faces ruborizadas.

Em voltas e revoltas
com a ausência minha
nestes momentos que as cinzas de
um fósforo apagado
desenharão com tinta perpétua
a mensagem invisível aos meus olhos
marejados de lágrimas!

Caio no doce ar
que me faz cócegas na barriga.

Correndo, andando, dançando
ao sabor das palavras do vento
que, ditas ou não,
fazem aqueles pseudo-Deuses do Olimpo
cair no chão lá no fundo
primeiro que eu.

Caio no doce ar
que me afaga o cabelo.

Olhando e nada vendo
no branco mártir de umas quantas
nuvens desordeiras
em busca de mulheres que lhes
satisfaçam os apetites.

Caio no doce ar
que me parece um pedaço de algodão.

Libertando-me das teias e areias
que sujam e deixam
um emaranhado de confusões
que, num dia chuvoso,
se transformam num bicho de sete cabeças.

Caio no doce ar
que me veste o traje festivo.

Sorrindo de olhos e alma
e guardando no cesto de roupa-suja
os farrapos de silêncio
que os gritos estridentes dos macacos
lançam como balas de papel
onde a cadeira que te sentas
pode ser feita de ouro.

Caio no doce ar
que...

Chão!

Ricardo Costa

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