Cheiro acre da noite,
brisa de mar quente no deserto
quando as flores morrem com gestos de ternura denunciados!
Olhos pousados nos parapeitos
abraçando o desabrochar do vil sentir
que te atira para o arrozal de pedra!
Corpo vidrado de copo semi-vazio,
semi-cheio...
Braços que se estendem flácidos
para sodomizar a amargura do teu rosto esquecido...
Filme que se renega
renunciando ao tempo das lágrimas
que brotam dos poros ensonados que
o ódio mata a sangue frio!
Imunda a flor que se derrama
sobre o estendal ao virar da esquina.
Mantém-se de pé sobre os braços,
faz sombra sobre a Lua que foge entre as lápides
e suicida-se...
Laço de pescoço, pistola de bolso e
narcótico de pura satisfação mórbida
onde se obriga a vender o corpo gasto de uso e desuso.
Insónias de ser sem dormir e floresce
na morte o dia que vira noite na fantasia de si próprio.
Nada o seduz,
apenas o suave tocar dos dedos frios lhe arrepia o coração,
mas no debruçar do tempo
a vista do jardim por cima do ombro parece
lucidamente morta.
Ricardo Costa
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