Alegra-me as vistas
como uma
corda que geme de prazer.
(Sente-me)
Desaperta a blusa
e deita-te na cama aberta,
mostrando os seios nus
e firmes
que trazes ao peito.
Abraça-me em sintonia
como se
declamasses um poema.
(Anseia-me)
Beija-me as faces
como se,
ao beijar,
me curasses o coração.
Espera-me no leito
de amor
entre risadas e
despe de ti todos os embaraços
que as roupas fazem.
(Adora-me)
Aguarda-me nua
como se,
na nudez espontânea,
não houvessem
mais mentiras.
Aceita-me
no teu corpo
como se
aceitasses um desejo.
Agora sim...
(Ama-me)
Ricardo Costa
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Ódio/Amor
As mágoas são pedras do caminho/E ferem-te os pés descalços.
As agonias são chamas ardentes/E apodrecem o teu coração.
As alegrias são nuvens no céu/E fogem para te dar o Sol.
AS amizades são cães de guarda/E protegem-te as costas nuas.
As tristezas são tiros mortais/E decapitam-te sem rodeios.
As desconfianças são monstros feios/E fazem-te refém.
As paixões são sorrisos gratuitos/E guardam-te um pouco de doce.
As conquistas são uma taça de oiro/E nela vez o teu reflexo.
O ódio é um poço sem fundo/E nele te afogas.
O amor é um desenho perfeito/E nele te encontras de verdade.
Ricardo Costa
As agonias são chamas ardentes/E apodrecem o teu coração.
As alegrias são nuvens no céu/E fogem para te dar o Sol.
AS amizades são cães de guarda/E protegem-te as costas nuas.
As tristezas são tiros mortais/E decapitam-te sem rodeios.
As desconfianças são monstros feios/E fazem-te refém.
As paixões são sorrisos gratuitos/E guardam-te um pouco de doce.
As conquistas são uma taça de oiro/E nela vez o teu reflexo.
O ódio é um poço sem fundo/E nele te afogas.
O amor é um desenho perfeito/E nele te encontras de verdade.
Ricardo Costa
Cidades da minha cidade
A cidade está deserta,
e nos recantos
embaciados das ruas
sem nome
o monstros vadios desenham
as paredes,
as janelas,
os beirais das casas,
esquinas
que giram para o litoral
e se fecham
para dentro do seu cadeado
numa tentativa,
apenas,
de tentar fugir
há mão que lhes agarra
as roupas sujas
de um amor idílico
mas falso
e temperado de agonia
sólida.
Algemas,
que se prendem nos sinais
e atrasam
a corrida
a fuga para um qualquer
lado mais sombrio
da rua que sobe e desce
de forma plana
e desordeira.
Magos negros
escrevem,
em línguas mortas,
os vários nomes
pelo qual o Diabo é
chamado!
Ao longe
ouvem-se os risos das
crianças...
Em brincadeiras de papel
e nos cadernos brancos
um escritor
mente para o mundo
e diz-se mágico,
escrevendo gatafunhos
que nada mais significam
que nada!
Como prisões de vidro,
os carros vermelhos
passam a correr de olhos fechados
e qualquer prédio
cai no chão e estabelece
uma nova casa,
um novo lar.
onde possa por fim
gastar a sua pequena reforma
em algum conforto pessoal!
Vielas estrangeiras
enlouquecem o cimento partido
dos esgotos
em cambalhotas artísticas
de uma modernização
precoce!
Qualquer loja,
de brinquedos,
de armas,
de droga,
abre um cofre seguro
para lá depositar
uma esperança que, um dia,
as naus dos antigos
vagueiem de novo
os sete mares para o
terrível desconhecido!
Mas a cidade está deserta
dentro das suas cidades perdidas,
qualquer jardim
que perdeu a memória
e um simples beco com amnésia.
A declamação do triste poeta
sentado na praceta
na mais faz que atingir
as paredes surdas,
e atiçar os cães a um suicídio
prematuro.
Ninguém conhece o vizinho
que mora do outro lado do rio,
e apenas as gaivotas,
mortas a tiro,
levam as cartas brancas
que felicitam um certo poder!
Dentro da cidade,
cidades mais pequenas se fecham
em casa das mães!
O medo engole os comprimidos
para dormir,
a sesta faz-se acontecer.
OS monstros continuam a vaguear
pelas falhas entre os prédios,
mas mesmo assim,
quando se liga a televisão,
o quadro que o sem-abrigo pinta
é de um cidade
completamente deserta
embora as gentes em multidão
aflorem para os seus trabalhos
cada um na sua cidade preferida!
Ricardo Costa
e nos recantos
embaciados das ruas
sem nome
o monstros vadios desenham
as paredes,
as janelas,
os beirais das casas,
esquinas
que giram para o litoral
e se fecham
para dentro do seu cadeado
numa tentativa,
apenas,
de tentar fugir
há mão que lhes agarra
as roupas sujas
de um amor idílico
mas falso
e temperado de agonia
sólida.
Algemas,
que se prendem nos sinais
e atrasam
a corrida
a fuga para um qualquer
lado mais sombrio
da rua que sobe e desce
de forma plana
e desordeira.
Magos negros
escrevem,
em línguas mortas,
os vários nomes
pelo qual o Diabo é
chamado!
Ao longe
ouvem-se os risos das
crianças...
Em brincadeiras de papel
e nos cadernos brancos
um escritor
mente para o mundo
e diz-se mágico,
escrevendo gatafunhos
que nada mais significam
que nada!
Como prisões de vidro,
os carros vermelhos
passam a correr de olhos fechados
e qualquer prédio
cai no chão e estabelece
uma nova casa,
um novo lar.
onde possa por fim
gastar a sua pequena reforma
em algum conforto pessoal!
Vielas estrangeiras
enlouquecem o cimento partido
dos esgotos
em cambalhotas artísticas
de uma modernização
precoce!
Qualquer loja,
de brinquedos,
de armas,
de droga,
abre um cofre seguro
para lá depositar
uma esperança que, um dia,
as naus dos antigos
vagueiem de novo
os sete mares para o
terrível desconhecido!
Mas a cidade está deserta
dentro das suas cidades perdidas,
qualquer jardim
que perdeu a memória
e um simples beco com amnésia.
A declamação do triste poeta
sentado na praceta
na mais faz que atingir
as paredes surdas,
e atiçar os cães a um suicídio
prematuro.
Ninguém conhece o vizinho
que mora do outro lado do rio,
e apenas as gaivotas,
mortas a tiro,
levam as cartas brancas
que felicitam um certo poder!
Dentro da cidade,
cidades mais pequenas se fecham
em casa das mães!
O medo engole os comprimidos
para dormir,
a sesta faz-se acontecer.
OS monstros continuam a vaguear
pelas falhas entre os prédios,
mas mesmo assim,
quando se liga a televisão,
o quadro que o sem-abrigo pinta
é de um cidade
completamente deserta
embora as gentes em multidão
aflorem para os seus trabalhos
cada um na sua cidade preferida!
Ricardo Costa
Canção da Meia-Noite
Canta perdida! Uma voz suave,
palavras de amor ao acaso
fazendo do momento escasso
uma dedicatória em tom grave!
Segue a pauta do caderno!
Instrumento acompanha! A brisa,
o som da noite que enfeitiça
e afasta o terreno inferno!
A canção perdura! Em gritos!
Dialogando dialectos esquisitos
na sombria hora morta.
Canção de Amor! Na escuridão,
verdade do dia em conclusão
que se ouve alem da fechada porta!
Ricardo Costa
palavras de amor ao acaso
fazendo do momento escasso
uma dedicatória em tom grave!
Segue a pauta do caderno!
Instrumento acompanha! A brisa,
o som da noite que enfeitiça
e afasta o terreno inferno!
A canção perdura! Em gritos!
Dialogando dialectos esquisitos
na sombria hora morta.
Canção de Amor! Na escuridão,
verdade do dia em conclusão
que se ouve alem da fechada porta!
Ricardo Costa
sábado, 24 de julho de 2010
O Caminho
Ouvi dizer que há um caminho que chora
é ele, na sua santa ignorância,
que se ajoelha perante
uma estátua de terra dura
que em cicatrizes elabora um estranho mapa.
Nos olhos dos viajantes o vejo
cabelo em desalinho apontando para o norte
e nas árvores em volta,
a rosa aos quatro pólos
se maquilha com sentimentos absurdos.
Uma paisagem de algo
é Água, Terra e Ar e ás costas, o Fogo
de uma frieza imperceptível
mas que guia cegamente pela curva
que se faz recta.
Ao lado, depois das margens secas,
os sôfregos náufragos
de Amores que já lá foram
permanecem perdidos e sós
em busca dos sorrisos verdadeiros
e do caminho para o Amor verdadeiro.
O enigma manifesta-se
em vontades
e o cais no meio do caminho
alberga em si
os domínios já esquecidos
das sabedorias infantis de quem sabe
qual a mão que aponta,
sem julgar o temido destino,
o caminho que o Sol cria como discípulo.
As cores das árvores pintam-se
num retrato pouco fiel da sua realeza,
pois o pó que os pés levantam
turvam a vista do solitário pintor
que faz do mato a sua nobre casa.
Contudo,
há um brilho que não brilha
que ilumina o caminho invisível
e sem nome,
sendo os letreiros deixados para trás
uma simples tentativa
de enganar os tolos ignorantes
que a vida lhes dará o seu bem mais precioso.
Basta acreditar,
esperar pelo Domingo solarengo
e ouvir o pequeno, mas sonoro,
batimento do coração que canta
para quem quiser ouvir
e diz que os fantasmas estão
guardados nos baús do sótão cheio de lixo.
Basta ouvir o riso dos pássaros
e o respirar dos navios que passam,
os desabafos das flores maltratadas
e depois, a irritação do Sol por se ir embora.
Ouvi dizer que há um caminho que chora
e que, nas suas pedras calcadas,
ri tanto que fica sem ar nos pulmões!
Ouvi dizer que há um caminho que chora,
e quem percorre esse caminho
nos seus enganos e desenganos,
acha no fim um tesouro que faz inveja
ao mais rico Rei.
Ouvi dizer que há um caminho que chora,
ouvi dizer que há um caminho que ri,
ouvi dizer que há um caminho que vive,
ouvi dizer que há um caminho que tenho de percorrer!
Ouvi dizer que há um caminho que chora,
calço as minhas sapatilhas
e, a todos os caminhos da minha vida,
percorro-os como se fossem
O Caminho...
Não custa nada!
Ricardo Costa
é ele, na sua santa ignorância,
que se ajoelha perante
uma estátua de terra dura
que em cicatrizes elabora um estranho mapa.
Nos olhos dos viajantes o vejo
cabelo em desalinho apontando para o norte
e nas árvores em volta,
a rosa aos quatro pólos
se maquilha com sentimentos absurdos.
Uma paisagem de algo
é Água, Terra e Ar e ás costas, o Fogo
de uma frieza imperceptível
mas que guia cegamente pela curva
que se faz recta.
Ao lado, depois das margens secas,
os sôfregos náufragos
de Amores que já lá foram
permanecem perdidos e sós
em busca dos sorrisos verdadeiros
e do caminho para o Amor verdadeiro.
O enigma manifesta-se
em vontades
e o cais no meio do caminho
alberga em si
os domínios já esquecidos
das sabedorias infantis de quem sabe
qual a mão que aponta,
sem julgar o temido destino,
o caminho que o Sol cria como discípulo.
As cores das árvores pintam-se
num retrato pouco fiel da sua realeza,
pois o pó que os pés levantam
turvam a vista do solitário pintor
que faz do mato a sua nobre casa.
Contudo,
há um brilho que não brilha
que ilumina o caminho invisível
e sem nome,
sendo os letreiros deixados para trás
uma simples tentativa
de enganar os tolos ignorantes
que a vida lhes dará o seu bem mais precioso.
Basta acreditar,
esperar pelo Domingo solarengo
e ouvir o pequeno, mas sonoro,
batimento do coração que canta
para quem quiser ouvir
e diz que os fantasmas estão
guardados nos baús do sótão cheio de lixo.
Basta ouvir o riso dos pássaros
e o respirar dos navios que passam,
os desabafos das flores maltratadas
e depois, a irritação do Sol por se ir embora.
Ouvi dizer que há um caminho que chora
e que, nas suas pedras calcadas,
ri tanto que fica sem ar nos pulmões!
Ouvi dizer que há um caminho que chora,
e quem percorre esse caminho
nos seus enganos e desenganos,
acha no fim um tesouro que faz inveja
ao mais rico Rei.
Ouvi dizer que há um caminho que chora,
ouvi dizer que há um caminho que ri,
ouvi dizer que há um caminho que vive,
ouvi dizer que há um caminho que tenho de percorrer!
Ouvi dizer que há um caminho que chora,
calço as minhas sapatilhas
e, a todos os caminhos da minha vida,
percorro-os como se fossem
O Caminho...
Não custa nada!
Ricardo Costa
quinta-feira, 22 de julho de 2010
terça-feira, 20 de julho de 2010
Quem sentiu o vento?
Quem sentiu o vento?
A leve brisa
que fustigou os cabelos,
e dançou
com as areias
do jardim encantado.
Eu não senti!
Sentis-te?
Quem sentiu o vento?
O rio de ar
que faz corridas e
brincadeiras de criança
com os dias,
amigos chegados.
Tu não sentis-te.
Senti eu?
Quem sentiu o vento?
O acentuado fluir
da alegria que movimenta
o papagaio de papel
sob o sol amarelo,
com a preguiça do acordar.
Quem sentiu o vento?
Eu não senti.
Tu não sentis-te.
Contudo,
ele continua a soprar
as suas notas desafinadas.
Sentes agora?
Não...
Nem eu!
Ricardo Costa
A leve brisa
que fustigou os cabelos,
e dançou
com as areias
do jardim encantado.
Eu não senti!
Sentis-te?
Quem sentiu o vento?
O rio de ar
que faz corridas e
brincadeiras de criança
com os dias,
amigos chegados.
Tu não sentis-te.
Senti eu?
Quem sentiu o vento?
O acentuado fluir
da alegria que movimenta
o papagaio de papel
sob o sol amarelo,
com a preguiça do acordar.
Quem sentiu o vento?
Eu não senti.
Tu não sentis-te.
Contudo,
ele continua a soprar
as suas notas desafinadas.
Sentes agora?
Não...
Nem eu!
Ricardo Costa
Tragos de whisky
Sentado no cadeirão
de frente
para a lareira apagada
onde reinam as sombras do carvão
já morto.
Um copo semi-vazio
na mão de um homem velho,
que entorna
seus líquidos da cor do mel
pelas cordas vocais
já enferrujadas.
Deixando a seu lado
uma dúzia de garrafas vazias
no chão de cimento,
derrubadas pelos gestos
inseguros dos seus passos!
Mais um trago...
Ricardo Costa
de frente
para a lareira apagada
onde reinam as sombras do carvão
já morto.
Um copo semi-vazio
na mão de um homem velho,
que entorna
seus líquidos da cor do mel
pelas cordas vocais
já enferrujadas.
Deixando a seu lado
uma dúzia de garrafas vazias
no chão de cimento,
derrubadas pelos gestos
inseguros dos seus passos!
Mais um trago...
Ricardo Costa
segunda-feira, 19 de julho de 2010
A mulher sorridente
Pequeno espezinhar da flor.
De pés descalços e braços frouxos
uma transparente alegria
ou infinita proporção
de desgraça simulada.
A mulher sorridente
faz seus cálculos em papel
deixando cair a cabeça
nos ombros de quem a ampara.
Dormindo,
sem saber, que o que sabe
é mais que o que julga
razão para errar.
Sim
fabrica um som
No cessar repentino
de todo o silêncio feito
de tons de cor neutra
e sujidade entranhada nos
bolsos de quem leva a mão
à cabeça.
Só se sabe a mulher sorridente
que do sorriso
se lembra das lágrimas
derramadas no travesseiro sozinho.
Tudo o que resta,
sentado a uma canto larga
prantos de agonias viciantes,
drogas de mente
e certos fumos viajados
em qualquer medicina alternativa.
Quando espreitas pelo retrovisor,
a rua que acaba
mostra-te uma mulher velha
e morta num canto,
cantando nas sombras uma luz
falsa e vontade
de uma razão nova para aceitar
a razão de existir.
Quadros pendurados
nas paredes desfeitas.
Uma solidão em forma
artística que agradece
a não-aceitação,
afluindo em massa
para um local de suicídio
conjunto.
Diabo à espreita nas janelas
cobertas com cortinas
já comidas pelas traças!
As casas caem em pó.
A mulher sorridente
nada mais pode que permanecer morta
e fechada no seu
sorriso,
já leve de si
e de todas as correntes
que lhe emagrecem as tristezas.
Pisa o relvado sintético
de um jardim moderno.
Uma necessidade,
e a pequena bala lá está
esperando na flor
que não aguentou o peso.
Continua sorridente,
a mulher,
e sorri para o Adeus
que se encolhe para fugir
à chuva.
A flor vende-se,
procura carnal de carne fresca
e enjoo matinal.
A mulher não vê
e finge ouvir mal
perdendo-se em devaneios
roubados de um outro estendal.
Passa por ela
e calca o colchão de terra e lama,
sorri-lhe por detrás
dos olhos fechados
num silêncio cúmplice
de amigas já esquecidas.
É o fim do dia.
É o fim do capítulo.
O sorriso vai-lhe ondulando
tristemente pela face enrugada
onde o suor abunda
e lhe cai pelo queixo.
Mais tarde,
no fim do jardim...
A flor já está sozinha
só lhe restando a marca dos pés
que a mulher sorridente
lhe deixou de presente amargo!
Ricardo Costa
De pés descalços e braços frouxos
uma transparente alegria
ou infinita proporção
de desgraça simulada.
A mulher sorridente
faz seus cálculos em papel
deixando cair a cabeça
nos ombros de quem a ampara.
Dormindo,
sem saber, que o que sabe
é mais que o que julga
razão para errar.
Sim
fabrica um som
No cessar repentino
de todo o silêncio feito
de tons de cor neutra
e sujidade entranhada nos
bolsos de quem leva a mão
à cabeça.
Só se sabe a mulher sorridente
que do sorriso
se lembra das lágrimas
derramadas no travesseiro sozinho.
Tudo o que resta,
sentado a uma canto larga
prantos de agonias viciantes,
drogas de mente
e certos fumos viajados
em qualquer medicina alternativa.
Quando espreitas pelo retrovisor,
a rua que acaba
mostra-te uma mulher velha
e morta num canto,
cantando nas sombras uma luz
falsa e vontade
de uma razão nova para aceitar
a razão de existir.
Quadros pendurados
nas paredes desfeitas.
Uma solidão em forma
artística que agradece
a não-aceitação,
afluindo em massa
para um local de suicídio
conjunto.
Diabo à espreita nas janelas
cobertas com cortinas
já comidas pelas traças!
As casas caem em pó.
A mulher sorridente
nada mais pode que permanecer morta
e fechada no seu
sorriso,
já leve de si
e de todas as correntes
que lhe emagrecem as tristezas.
Pisa o relvado sintético
de um jardim moderno.
Uma necessidade,
e a pequena bala lá está
esperando na flor
que não aguentou o peso.
Continua sorridente,
a mulher,
e sorri para o Adeus
que se encolhe para fugir
à chuva.
A flor vende-se,
procura carnal de carne fresca
e enjoo matinal.
A mulher não vê
e finge ouvir mal
perdendo-se em devaneios
roubados de um outro estendal.
Passa por ela
e calca o colchão de terra e lama,
sorri-lhe por detrás
dos olhos fechados
num silêncio cúmplice
de amigas já esquecidas.
É o fim do dia.
É o fim do capítulo.
O sorriso vai-lhe ondulando
tristemente pela face enrugada
onde o suor abunda
e lhe cai pelo queixo.
Mais tarde,
no fim do jardim...
A flor já está sozinha
só lhe restando a marca dos pés
que a mulher sorridente
lhe deixou de presente amargo!
Ricardo Costa
domingo, 18 de julho de 2010
Desenho-te
A tinta da página já esmorece
e eu,
pinto-te nela
com palavras de todas as cores
e feitios,
de cima para baixo,
de baixo para cima,
direita esquerda e
do avesso ao contrário...
De todos os sons possíveis
e gritos secos,
rascunho perdido
e retrato de mãos vazias
um nível de loucura
em expoente material sólido,
preto,
branco,
na palete de cores roubadas
em cima da cabeceira
em que me deito ao lado...
Da página aberta
me sorris em figura triste
e fechas os olhos,
visão desamparada
coração no chão e só sangue,
sangue e terra
pois o Sol põe-se
sobre as águas e as folhas
do caderno amolecem,
e o teu desenho perde-se
numa fotografia
amarelecida com o tempo
e cheiro de amargura
que se agarra a teus poros!
Do fundo do dia
olhas-me em sintonia
abraças as minhas mãos
feridas e desesperadas,
trazes a cura num copo vazio
e enches de nada
o teu corpo,
para mim,
ensaias o meu prazer
e facultas o guião
para me matar...
Eu desenho-te uma vez mais,
para te perder
mais logo,
só de noite,
quando o silêncio da minha vida
me lembrar,
recordar,
que jamais te disse
o que não posso dizer.
Ricardo Costa
e eu,
pinto-te nela
com palavras de todas as cores
e feitios,
de cima para baixo,
de baixo para cima,
direita esquerda e
do avesso ao contrário...
De todos os sons possíveis
e gritos secos,
rascunho perdido
e retrato de mãos vazias
um nível de loucura
em expoente material sólido,
preto,
branco,
na palete de cores roubadas
em cima da cabeceira
em que me deito ao lado...
Da página aberta
me sorris em figura triste
e fechas os olhos,
visão desamparada
coração no chão e só sangue,
sangue e terra
pois o Sol põe-se
sobre as águas e as folhas
do caderno amolecem,
e o teu desenho perde-se
numa fotografia
amarelecida com o tempo
e cheiro de amargura
que se agarra a teus poros!
Do fundo do dia
olhas-me em sintonia
abraças as minhas mãos
feridas e desesperadas,
trazes a cura num copo vazio
e enches de nada
o teu corpo,
para mim,
ensaias o meu prazer
e facultas o guião
para me matar...
Eu desenho-te uma vez mais,
para te perder
mais logo,
só de noite,
quando o silêncio da minha vida
me lembrar,
recordar,
que jamais te disse
o que não posso dizer.
Ricardo Costa
quarta-feira, 14 de julho de 2010
King Nothing
Rei do nada
perdeu a coroa nos
seus discursos
enquanto os súbditos
mergulhavam em tanques
de água mirrada pela cintura.
Onde está a tua coroa?
Em cima da mesa
e nas letras desmaiadas
carta de demissão
de uma vida passada,
e o choro
da rainha, sua amada,
deitada nas escadas de
mármore que se cruzam em seus domínios.
Rei Nada sem coroa!
E a guilhotina
se faz notar num sibilante
desassossego,
aconchegando em si
o sangue de vil traidor
em carnes secas
e pretas do tempo estragado.
O riso,
entre os risos,
do malfeitor encapuçado
que segura em mão
o severo machado
que faz as cabeças rolarem
pelo chão sujo.
King Nothing
sem coroa...
Nothing,
Nada...
Rei fraco de cabelo ralo,
em palavras opulentas
se escreve ensaiado,
em teatros de rua falsos
se faz em mentiras
e desfaz em pranto
qual estrépito agudo da agonia
que foge da garganta aberta
de seu filho
agora órfão!
Rei Nada perdeu a coroa!
Quem tem a coroa?
Ninguém sabe nada...
Nada...
Nothing...
King Nothing!
Ricardo Costa
perdeu a coroa nos
seus discursos
enquanto os súbditos
mergulhavam em tanques
de água mirrada pela cintura.
Onde está a tua coroa?
Em cima da mesa
e nas letras desmaiadas
carta de demissão
de uma vida passada,
e o choro
da rainha, sua amada,
deitada nas escadas de
mármore que se cruzam em seus domínios.
Rei Nada sem coroa!
E a guilhotina
se faz notar num sibilante
desassossego,
aconchegando em si
o sangue de vil traidor
em carnes secas
e pretas do tempo estragado.
O riso,
entre os risos,
do malfeitor encapuçado
que segura em mão
o severo machado
que faz as cabeças rolarem
pelo chão sujo.
King Nothing
sem coroa...
Nothing,
Nada...
Rei fraco de cabelo ralo,
em palavras opulentas
se escreve ensaiado,
em teatros de rua falsos
se faz em mentiras
e desfaz em pranto
qual estrépito agudo da agonia
que foge da garganta aberta
de seu filho
agora órfão!
Rei Nada perdeu a coroa!
Quem tem a coroa?
Ninguém sabe nada...
Nada...
Nothing...
King Nothing!
Ricardo Costa
Da pequena chama
Da pequena chama que se apaga
só resta o vazio
das horas que o teu relógio esqueceu!
Porque te deixas ir
na corrente de lamas
que grita os silêncios inconfundíveis
do tempo que se agarra
aos teus braços partidos?
Ricardo Costa
só resta o vazio
das horas que o teu relógio esqueceu!
Porque te deixas ir
na corrente de lamas
que grita os silêncios inconfundíveis
do tempo que se agarra
aos teus braços partidos?
Ricardo Costa
segunda-feira, 12 de julho de 2010
O sono dos heróis
Dorme, prazenteiro, herói meu
sonhando suas grandes destrezas
almejando mais umas quantas proezas
em espasmos que o sonho esmoreceu!
Deitado na cama ele dorme devagar
sonha acordado com meus heróis esquecidos
partida em busca dos tesoiros perdidos
e da terra dos seus feitos por desvendar.
Sorri, abertamente, a seu devaneio
sono que o apanha, sorrateiro
mostra-lhe a terra que outros pisaram.
Lá dormirá seu merecido sono
corpo errante deixado ao abandono
tal como outros heróis fizeram!
Ricardo Costa
sonhando suas grandes destrezas
almejando mais umas quantas proezas
em espasmos que o sonho esmoreceu!
Deitado na cama ele dorme devagar
sonha acordado com meus heróis esquecidos
partida em busca dos tesoiros perdidos
e da terra dos seus feitos por desvendar.
Sorri, abertamente, a seu devaneio
sono que o apanha, sorrateiro
mostra-lhe a terra que outros pisaram.
Lá dormirá seu merecido sono
corpo errante deixado ao abandono
tal como outros heróis fizeram!
Ricardo Costa
domingo, 11 de julho de 2010
Suspiros por uma onda (mar)
Desabafos de mar
o areal
qual silêncio das ondas
a água,
mergulhos de cabeça
em suspiros secos de sal
e portas em janela
para as barracas só de enfeite.
Lata de papel
mensagem de pirata e
o por-do-sol,
mar
qual livro por estrear
seus desenhos em aguarela.
Os suspiros
qualquer vento vadio
que faz tiritar as flores
estampadas nos biquínis
das ensonadas meninas.
Luz em câmara lenta,
as areias
secas, molhadas
e pretas (morenas) fumando
as nuvens que se passeiam,
vaidosas,
entre filas de guarda-sóis
que nada apanharam nas suas redes!
Mar
Mar
Mar
(A)mar o mar
e as ondas
crescem tal plantas
e verdes
se vão na espuma
que afasta os tubarões.
E o mar reclama
seu prémio
os suspiros pelas ondas,
os gelados em caixas
com o seu sininho atrás,
os chamamentos das gaivotas
nuas de si
(mar)
(mar)
(mar)
e ele vem
as ondas que falam inglês
e outras tantas línguas...
Ondas
Waves
Flots
Wellen
Волны
Vågor
波
...
Ricardo Costa
o areal
qual silêncio das ondas
a água,
mergulhos de cabeça
em suspiros secos de sal
e portas em janela
para as barracas só de enfeite.
Lata de papel
mensagem de pirata e
o por-do-sol,
mar
qual livro por estrear
seus desenhos em aguarela.
Os suspiros
qualquer vento vadio
que faz tiritar as flores
estampadas nos biquínis
das ensonadas meninas.
Luz em câmara lenta,
as areias
secas, molhadas
e pretas (morenas) fumando
as nuvens que se passeiam,
vaidosas,
entre filas de guarda-sóis
que nada apanharam nas suas redes!
Mar
Mar
Mar
(A)mar o mar
e as ondas
crescem tal plantas
e verdes
se vão na espuma
que afasta os tubarões.
E o mar reclama
seu prémio
os suspiros pelas ondas,
os gelados em caixas
com o seu sininho atrás,
os chamamentos das gaivotas
nuas de si
(mar)
(mar)
(mar)
e ele vem
as ondas que falam inglês
e outras tantas línguas...
Ondas
Waves
Flots
Wellen
Волны
Vågor
波
...
Ricardo Costa
sábado, 10 de julho de 2010
Casebre da montanha
Lá no topo da montanha
se ergue uma casa magistral
quem lá passa, já estranha
Julgando-se por ver mal.
Mas de verdade ela está
no seu sítio poisada
estará lá ainda amanhã
no fim da sinuosa escalada.
Árvores brandas à sua volta
qual rei no seu trono
são mais que uma escolta
daquele casebre sem dono.
Pintura fresca, do ar
recebe de bom grado
quem lá quiser entrar
quem lá ficar deitado.
Suas camas são de veludo
música de fundo relaxante
ouve-se, no silêncio mudo
um repouso estridente.
Entra, entra à vontade
despe as roupas tuas, frias
no casebre de saudade
reencontras as alegrias.
Lá no topo ele fica
quem debaixo ele espreita
sua presença enfeitiça
qualquer vivência desfeita.
Na montanha o casebre
o casebre abandonado
quem fala isto (escreve)
na sua imagem, alucinado.
O dia vai chegar, chegou
os pés novamente tocarão
o sonho, só o que restou
do casebre em meu coração.
No fim, a noite chega
o casebre lá permanece
o sentimento que aconchega
enquanto o dia desaparece.
Obrigado meu casebre
o casebre da montanha
não é meu de verdade
só é de quem o apanha.
Ricardo Costa
se ergue uma casa magistral
quem lá passa, já estranha
Julgando-se por ver mal.
Mas de verdade ela está
no seu sítio poisada
estará lá ainda amanhã
no fim da sinuosa escalada.
Árvores brandas à sua volta
qual rei no seu trono
são mais que uma escolta
daquele casebre sem dono.
Pintura fresca, do ar
recebe de bom grado
quem lá quiser entrar
quem lá ficar deitado.
Suas camas são de veludo
música de fundo relaxante
ouve-se, no silêncio mudo
um repouso estridente.
Entra, entra à vontade
despe as roupas tuas, frias
no casebre de saudade
reencontras as alegrias.
Lá no topo ele fica
quem debaixo ele espreita
sua presença enfeitiça
qualquer vivência desfeita.
Na montanha o casebre
o casebre abandonado
quem fala isto (escreve)
na sua imagem, alucinado.
O dia vai chegar, chegou
os pés novamente tocarão
o sonho, só o que restou
do casebre em meu coração.
No fim, a noite chega
o casebre lá permanece
o sentimento que aconchega
enquanto o dia desaparece.
Obrigado meu casebre
o casebre da montanha
não é meu de verdade
só é de quem o apanha.
Ricardo Costa
E eu morro...
Sorri-me
entre dois esgares de ódio!
Com os olhos em mim...
Diz-me o quanto me amas,
fazendo, discretamente,
dedos cruzados pelas costas...
Adora-me
entre dois pensamentos assassinos!
E, quando o inverno chegar,
despe-me das roupas rasgadas
e beija-me em sítios
que a língua tem vergonha de falar alto.
Ama-me
num suspiro de agonia!
Mete-me na algibeira e atira-me
ao chão como um lenço caído
esbarrado numa porta de cortiça dura.
Quando eu morrer,
prende-me às velas de um navio
e deixa-me viajar o mundo pelos céus
escuros e aquosos,
permanece a meu lado
e juntos daremos aquele passo
para lá do precipício.
É só cair...
Quando o fundo chegar,
lembra-te que me amas-te
e chora todas as lágrimas
que, enquanto era vivo,
resolveste guardar no casaco que despiste
em minha casa.
Então, mente-me...
E cria um laço de cristal
onde o sal do mar não enferruja
a vida tua que ainda
corre muito para além da minha morte.
E eu morro...
Ricardo Costa
entre dois esgares de ódio!
Com os olhos em mim...
Diz-me o quanto me amas,
fazendo, discretamente,
dedos cruzados pelas costas...
Adora-me
entre dois pensamentos assassinos!
E, quando o inverno chegar,
despe-me das roupas rasgadas
e beija-me em sítios
que a língua tem vergonha de falar alto.
Ama-me
num suspiro de agonia!
Mete-me na algibeira e atira-me
ao chão como um lenço caído
esbarrado numa porta de cortiça dura.
Quando eu morrer,
prende-me às velas de um navio
e deixa-me viajar o mundo pelos céus
escuros e aquosos,
permanece a meu lado
e juntos daremos aquele passo
para lá do precipício.
É só cair...
Quando o fundo chegar,
lembra-te que me amas-te
e chora todas as lágrimas
que, enquanto era vivo,
resolveste guardar no casaco que despiste
em minha casa.
Então, mente-me...
E cria um laço de cristal
onde o sal do mar não enferruja
a vida tua que ainda
corre muito para além da minha morte.
E eu morro...
Ricardo Costa
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Talvez um dia
Talvez um dia
onde são rasos os montes
e fria a chama,
os punhais de azevinho
tornem-se cristalinos
como as pequenas
lágrimas que brotam
das nascentes de águas limpas.
E os ferros soltos
brinquem entre si
nas sombras das rosas
que se apelidam
de rasgos de céu azul,
comprando em saldos
os teus sonhos e desejos
que jazem escondidos
debaixo das flores por abrir.
Sim,
Talvez um dia...
Ricardo Costa
onde são rasos os montes
e fria a chama,
os punhais de azevinho
tornem-se cristalinos
como as pequenas
lágrimas que brotam
das nascentes de águas limpas.
E os ferros soltos
brinquem entre si
nas sombras das rosas
que se apelidam
de rasgos de céu azul,
comprando em saldos
os teus sonhos e desejos
que jazem escondidos
debaixo das flores por abrir.
Sim,
Talvez um dia...
Ricardo Costa
terça-feira, 6 de julho de 2010
Deixa que o rio te molhe os pés
Sai à rua
e espreita pela janela
a margem do rio
que leva a noite morta
nos seus braços caídos
sobre as pedras redondas,
podadas e reluzentes,
achando-se
perante o olhar fechado
dos barcos que
se ancoram na Lua cinzenta,
que lava a cara (em sangue)
nas terras de seres mortos,
ficando
tristemente leves os fardos
de sonhos não queridos
que os papagaios ousados
deixaram escapar
na sua falsa imitação
de um ser sem palavras
e de coração atado.
Acende-se uma luz!
O rio corre no lado oposto
àquele em que as
lágrimas doces do desespero
escavam na tua face
uma maré de contentamento
descontente,
e te afogam, perdida,
nas chaves trocadas que
abrem a pintura
de prata e ouro
escondida atrás da cama
por debaixo dos travesseiros.
Uma porta abre-se!
Molhas os pés calçados de ar
e deixas as pequenas
nuvens líquidas
te assassinarem os poros
e te contarem histórias para adormecer,
na tua cama aberta
o pijama posto de parte
a um canto do guarda fatos
e tu, só tu,
deitada na cama,
coberta com um véu de estrelas
desnudadas e
sentindo no pescoço
as carícias frias e amorosas
que a brisa te faz
enquanto molha os folhos
do vestido que trazes
preso aos tornozelos feridos!
Deixa cair a cabeça...
Apaga as luzes...
Fecha a porta...
O rio continua a correr
pelo atalho das coisas ruins
enquanto nos teus sonhos,
tu vens até mim de bom-grado...
Ricardo Costa
e espreita pela janela
a margem do rio
que leva a noite morta
nos seus braços caídos
sobre as pedras redondas,
podadas e reluzentes,
achando-se
perante o olhar fechado
dos barcos que
se ancoram na Lua cinzenta,
que lava a cara (em sangue)
nas terras de seres mortos,
ficando
tristemente leves os fardos
de sonhos não queridos
que os papagaios ousados
deixaram escapar
na sua falsa imitação
de um ser sem palavras
e de coração atado.
Acende-se uma luz!
O rio corre no lado oposto
àquele em que as
lágrimas doces do desespero
escavam na tua face
uma maré de contentamento
descontente,
e te afogam, perdida,
nas chaves trocadas que
abrem a pintura
de prata e ouro
escondida atrás da cama
por debaixo dos travesseiros.
Uma porta abre-se!
Molhas os pés calçados de ar
e deixas as pequenas
nuvens líquidas
te assassinarem os poros
e te contarem histórias para adormecer,
na tua cama aberta
o pijama posto de parte
a um canto do guarda fatos
e tu, só tu,
deitada na cama,
coberta com um véu de estrelas
desnudadas e
sentindo no pescoço
as carícias frias e amorosas
que a brisa te faz
enquanto molha os folhos
do vestido que trazes
preso aos tornozelos feridos!
Deixa cair a cabeça...
Apaga as luzes...
Fecha a porta...
O rio continua a correr
pelo atalho das coisas ruins
enquanto nos teus sonhos,
tu vens até mim de bom-grado...
Ricardo Costa
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Sol
Sol-é a luz
que se espreguiça
nos lençóis lavados-
Sol-
Sol-é amar-
Sol-
crescer e adorar
o leve adorno que
a coroa acrescenta
à tua esbelta figura-
Sol-
Sol-Sol-Sol
Sol-traz vida
e vê-se,sente-se-
Sol-
Sol-semeia nos campos
secos-
Sol-fertilizante de novas
flores coloridas-
Sol-não é frio e
escuro-Sol-
é alma de poeta
em papel barato e
caderno rasco-
Sol-é o dizer,
os dizeres-
Só isso-
Sol-bem dizeres
Sol-Sol-Lua-
Sol-
Enfeita o chão
com a sua enorme
sombra de um preto
colorido-
Sol-
-Vida-Sol
S-O-L
Sol-vive
Sol-vive-me
Sol-adormece
para o amanhã
ser mais solarengo
Sol-
Sol-
Sol-
Só-Sol
Fim...
E depois-Sol
Ricardo Costa
que se espreguiça
nos lençóis lavados-
Sol-
Sol-é amar-
Sol-
crescer e adorar
o leve adorno que
a coroa acrescenta
à tua esbelta figura-
Sol-
Sol-Sol-Sol
Sol-traz vida
e vê-se,sente-se-
Sol-
Sol-semeia nos campos
secos-
Sol-fertilizante de novas
flores coloridas-
Sol-não é frio e
escuro-Sol-
é alma de poeta
em papel barato e
caderno rasco-
Sol-é o dizer,
os dizeres-
Só isso-
Sol-bem dizeres
Sol-Sol-Lua-
Sol-
Enfeita o chão
com a sua enorme
sombra de um preto
colorido-
Sol-
-Vida-Sol
S-O-L
Sol-vive
Sol-vive-me
Sol-adormece
para o amanhã
ser mais solarengo
Sol-
Sol-
Sol-
Só-Sol
Fim...
E depois-Sol
Ricardo Costa
Menina do pessegueiro
Sentada debaixo do pessegueiro,
menina descansa sorridente
folheia a memória alegremente,
desconhecendo seu paradeiro.
Estende a mão, acarinha a flor,
pousa os pés no tronco caído
do tempo já ressequido,
entoando canções de amor.
Ergue os olhos para o céu,
Sol faz das nuvens seu véu,
Ela entra num ligeiro torpor.
Deixa-se fluir para o pensamento,
apreciando o doce momento,
escondida de qualquer tipo de dor!
Ricardo Costa
menina descansa sorridente
folheia a memória alegremente,
desconhecendo seu paradeiro.
Estende a mão, acarinha a flor,
pousa os pés no tronco caído
do tempo já ressequido,
entoando canções de amor.
Ergue os olhos para o céu,
Sol faz das nuvens seu véu,
Ela entra num ligeiro torpor.
Deixa-se fluir para o pensamento,
apreciando o doce momento,
escondida de qualquer tipo de dor!
Ricardo Costa
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Quando não existo
Placidamente sereno
escrevo
caracteres brancos
no meu caderno fugido.
É quando não sou
que, nessa inexistência,
se materializa
uma imagem minha
que nas terras do chão morto
cria furacões
e vendavais de inquietos
pensamentos.
É o trocar de passos
e compassos
acariciando as sombras
que se admiram
no espelho partido.
É quando não existo
que converso comigo mesmo.
Sem dizer palavra
e cada átomo meu
se resigna num silêncio que
ecoa,
os meus cabelos pesados
dão nós cegos nas réstias
de sentimentos
que me saem de rompante.
É apenas um vazio.
Um pensar por cima do pensar
e pensando
que o pensamento se desligou.
É uma treta dramática,
um afecto de alma
com as mãos enluvadas
e vestidas de preto.
É apenas um pouco de nada.
Quando não existo
eu existo.
E quando existo
não sei bem se existo mesmo.
É uma confusão confusa,
só o enterrar do corpo seco
e disfarçar o cheiro acre,
para nenhum abutre fazer de mim
um repasto satisfatório.
É quando não existo
que me vejo com novos olhos,
e me limpo de impurezas
por purezas menos impuras
que me apuram os sentidos.
É quando não existo
que realmente vivo e penso.
Escrevo.
E voo rasteiro junto ao chão
com os pés na terra húmida.
É quando não existo
que existo.
É quando existo
que não queria existir.
Quando não existo
as cores do que escrevo
são sempre melhores
do que a realidade bruta
que me tortura
e me castiga as costas.
Portanto,
é quando não existo.
É quando não existo
que realmente existo.
E tiro algum proveito
da minha vida monocromática
que, no fim do filme,
reinicia de novo a sua
história melodramática.
É quando não existo...
Que vivo...
Ricardo Costa
escrevo
caracteres brancos
no meu caderno fugido.
É quando não sou
que, nessa inexistência,
se materializa
uma imagem minha
que nas terras do chão morto
cria furacões
e vendavais de inquietos
pensamentos.
É o trocar de passos
e compassos
acariciando as sombras
que se admiram
no espelho partido.
É quando não existo
que converso comigo mesmo.
Sem dizer palavra
e cada átomo meu
se resigna num silêncio que
ecoa,
os meus cabelos pesados
dão nós cegos nas réstias
de sentimentos
que me saem de rompante.
É apenas um vazio.
Um pensar por cima do pensar
e pensando
que o pensamento se desligou.
É uma treta dramática,
um afecto de alma
com as mãos enluvadas
e vestidas de preto.
É apenas um pouco de nada.
Quando não existo
eu existo.
E quando existo
não sei bem se existo mesmo.
É uma confusão confusa,
só o enterrar do corpo seco
e disfarçar o cheiro acre,
para nenhum abutre fazer de mim
um repasto satisfatório.
É quando não existo
que me vejo com novos olhos,
e me limpo de impurezas
por purezas menos impuras
que me apuram os sentidos.
É quando não existo
que realmente vivo e penso.
Escrevo.
E voo rasteiro junto ao chão
com os pés na terra húmida.
É quando não existo
que existo.
É quando existo
que não queria existir.
Quando não existo
as cores do que escrevo
são sempre melhores
do que a realidade bruta
que me tortura
e me castiga as costas.
Portanto,
é quando não existo.
É quando não existo
que realmente existo.
E tiro algum proveito
da minha vida monocromática
que, no fim do filme,
reinicia de novo a sua
história melodramática.
É quando não existo...
Que vivo...
Ricardo Costa
Estação
Cai o Sol sobre a mesa de madeira
onde panos esfarrapados cantam por si,
e os raios aquecem a neve de ontem.
As nuvens passeiam no céu
entre conversas da brisa ligeira.
Acorda a noite no fim da manhã
levemente alcoolizada de aromas e
sabores desgostosos das paredes sujas.
Caem no chão de pedra
os ramos secos e revoltados
das árvores desfeitas que se calam.
Saem as aves á rua,
nas suas casacas de cores floridas
e pios desafinados no fresco matinal,
escondendo-se atrás da neblina
os focinhos peludos dos animais rebeldes.
As flores cheiram o ar
e levantam a cabeça para o mundo
ver as suas lágrimas de cristal.
Brincam já as crianças nos jardins,
saltitando alegremente
nas suas correrias desenfreadas e
rindo entre elas olhares que o vento leva.
Homens de mala e fato
fecham os seus sorrisos em face dura,
enquanto correm para apanhar as horas.
É nessas estações de cidades perdidas
que jovens de saco feito,
garrafa na mão e guitarra a tira-colo,
se fazem ao mundo
que se abre em linha recta para lá do horizonte.
Desatinos e incertezas crescentes
e só as raparigas, já bem delineadas,
se apercebem do mau cheiro que o fumo faz
enquanto se despedem dos seus irmãos,
ou amores, nesse triste dia que se vai.
As luzes dos candeeiros de rua já
se ouvem ao longe, no fim da linha.
As mulheres solitárias, de sapatos
descalços, vestem o seu melhor fato de noite
e deitam-se nos seus colchões de papelão,
e puxam para si os seus poucos pertences.
Os revisores de fato lavado
metem-se nos carrinhos baratos
e vão para casa, para a sua comida já
resfriada e mulher doente.
O relógio marca meia-noite.
O comboio parte...
Ricardo Costa
onde panos esfarrapados cantam por si,
e os raios aquecem a neve de ontem.
As nuvens passeiam no céu
entre conversas da brisa ligeira.
Acorda a noite no fim da manhã
levemente alcoolizada de aromas e
sabores desgostosos das paredes sujas.
Caem no chão de pedra
os ramos secos e revoltados
das árvores desfeitas que se calam.
Saem as aves á rua,
nas suas casacas de cores floridas
e pios desafinados no fresco matinal,
escondendo-se atrás da neblina
os focinhos peludos dos animais rebeldes.
As flores cheiram o ar
e levantam a cabeça para o mundo
ver as suas lágrimas de cristal.
Brincam já as crianças nos jardins,
saltitando alegremente
nas suas correrias desenfreadas e
rindo entre elas olhares que o vento leva.
Homens de mala e fato
fecham os seus sorrisos em face dura,
enquanto correm para apanhar as horas.
É nessas estações de cidades perdidas
que jovens de saco feito,
garrafa na mão e guitarra a tira-colo,
se fazem ao mundo
que se abre em linha recta para lá do horizonte.
Desatinos e incertezas crescentes
e só as raparigas, já bem delineadas,
se apercebem do mau cheiro que o fumo faz
enquanto se despedem dos seus irmãos,
ou amores, nesse triste dia que se vai.
As luzes dos candeeiros de rua já
se ouvem ao longe, no fim da linha.
As mulheres solitárias, de sapatos
descalços, vestem o seu melhor fato de noite
e deitam-se nos seus colchões de papelão,
e puxam para si os seus poucos pertences.
Os revisores de fato lavado
metem-se nos carrinhos baratos
e vão para casa, para a sua comida já
resfriada e mulher doente.
O relógio marca meia-noite.
O comboio parte...
Ricardo Costa
Percorre comigo
Percorre comigo, de mão dada,
estes riscos incertos no chão
que a vida teima em construir
e, soltando um riso abafado,
dá-me um beijo enquanto me olhas nos olhos.
Junta os teus passos nos meus
e, sem receio,
percorre comigo este caminho que se entende diante de nós.
Sê inteira comigo,
nesse momento, sim, poderás dizer
"prefiro o caminho da direita"
Quando isso acontecer,
abre bem os ouvidos para o meu sussurro,
pois eu te direi,
enquanto dobro a esquina,
"Seguir-te-ei, meu amor"
Ricardo Costa
estes riscos incertos no chão
que a vida teima em construir
e, soltando um riso abafado,
dá-me um beijo enquanto me olhas nos olhos.
Junta os teus passos nos meus
e, sem receio,
percorre comigo este caminho que se entende diante de nós.
Sê inteira comigo,
nesse momento, sim, poderás dizer
"prefiro o caminho da direita"
Quando isso acontecer,
abre bem os ouvidos para o meu sussurro,
pois eu te direi,
enquanto dobro a esquina,
"Seguir-te-ei, meu amor"
Ricardo Costa
Não deixa de ser...
Não deixa de ser.
e quanto mais o é, menos
o sou, acordado no meu dissabor
que boceja e liga as pontes desfeitas,
uma ternura que se esvaiu
no fumo poeirento
que os aviões levantaram.
é o momento ausente de tempo
que não deixa de ser quando já o é.
qualquer coisa de fútil,
aquela coisa que te embaraça em cordas
suspensas ao pescoço,
te retira o chão por baixo dos pés feridos
que, sendo cegos,
percorrem com dificuldade.
e são os teus olhos húmidos da loucura,
os teus dedos tortos da amargura
que fazem os laços de vida que penduras
nas videiras do teu quintal.
não deixa de ser uma coisa falsa
essa coisa falsa que se faz de verdade.
podia ser coisa diferente,
gritos de dor quando nada te dói,
choro de criança quando alegre estás
e raiva de viver quando
o que mais queres te dá a mão e jura,
com a espada no pensamento, não mais largar.
mas não deixa de ser,
não deixa de ser aquele punhal ferrugento
que te corta e recorta o mutilado
peso morto que carregas ao peito.
não deixa de ser...
mesmo quando o fogo nos consome,
e as cinzas dos nossos tristes corpos
rumam ao sabor do vento,
não deixa de ser.
não deixa de ser.
Nunca deixa de ser...
Ricardo Costa
e quanto mais o é, menos
o sou, acordado no meu dissabor
que boceja e liga as pontes desfeitas,
uma ternura que se esvaiu
no fumo poeirento
que os aviões levantaram.
é o momento ausente de tempo
que não deixa de ser quando já o é.
qualquer coisa de fútil,
aquela coisa que te embaraça em cordas
suspensas ao pescoço,
te retira o chão por baixo dos pés feridos
que, sendo cegos,
percorrem com dificuldade.
e são os teus olhos húmidos da loucura,
os teus dedos tortos da amargura
que fazem os laços de vida que penduras
nas videiras do teu quintal.
não deixa de ser uma coisa falsa
essa coisa falsa que se faz de verdade.
podia ser coisa diferente,
gritos de dor quando nada te dói,
choro de criança quando alegre estás
e raiva de viver quando
o que mais queres te dá a mão e jura,
com a espada no pensamento, não mais largar.
mas não deixa de ser,
não deixa de ser aquele punhal ferrugento
que te corta e recorta o mutilado
peso morto que carregas ao peito.
não deixa de ser...
mesmo quando o fogo nos consome,
e as cinzas dos nossos tristes corpos
rumam ao sabor do vento,
não deixa de ser.
não deixa de ser.
Nunca deixa de ser...
Ricardo Costa
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