Lágrimas, não as tenho.
Estou de cinzas
mais baixo que eu
oiço o solo longe
que sou surdo
só de falsa vontade
Está mesmo aqui
tão cúmplice e vazia
como o barulho
de umas pálpebras a fechar
Entra e sai
e sai e entra
Ricardo Costa
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
Lá fora
Lá fora onde se escorre
a noite preguiçosa
sendo o dia que morre
de forma lenta e orgulhosa!
Tem um negrume escuro
com salpicos de claridade,
uma linha para o futuro
um horizonte de saudade.
Sossegasse ali, a suspirar,
o crepúsculo do fim de dia.
Assim, vai ensinando a amar
a quem já se esquecia!
Ricardo Costa
a noite preguiçosa
sendo o dia que morre
de forma lenta e orgulhosa!
Tem um negrume escuro
com salpicos de claridade,
uma linha para o futuro
um horizonte de saudade.
Sossegasse ali, a suspirar,
o crepúsculo do fim de dia.
Assim, vai ensinando a amar
a quem já se esquecia!
Ricardo Costa
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Assim duro (Glosa)
Há quanto tempo assim duro
Sem vontade de falar!
Já estou amigo do escuro
Não quero o sal nem o ar.
Fernando Pessoa - Há quanto tempo não canto
Hoje, mas que mal morto estou
de ser inútil e impuro,
quando a pureza não mais voltou
Há quanto tempo assim duro.
Fecho-o, de corpo meio aberto.
O ócio do não bem estar,
nem de outro que fica incerto
Sem vontade de falar!
É o tempo, tempo que foi esquecido
pela agonia que ao pescoço penduro.
A queixa de um coração enegrecido
Já estou amigo do escuro.
Não choro porque não tenho vida,
sem isso porque não abandonar?
A vida, já que me foi esquecida,
Não quero o sal nem o ar.
Ricardo Costa
Sem vontade de falar!
Já estou amigo do escuro
Não quero o sal nem o ar.
Fernando Pessoa - Há quanto tempo não canto
Hoje, mas que mal morto estou
de ser inútil e impuro,
quando a pureza não mais voltou
Há quanto tempo assim duro.
Fecho-o, de corpo meio aberto.
O ócio do não bem estar,
nem de outro que fica incerto
Sem vontade de falar!
É o tempo, tempo que foi esquecido
pela agonia que ao pescoço penduro.
A queixa de um coração enegrecido
Já estou amigo do escuro.
Não choro porque não tenho vida,
sem isso porque não abandonar?
A vida, já que me foi esquecida,
Não quero o sal nem o ar.
Ricardo Costa
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Que importa perder a vida
Que importa perder a vida
se dela nada sobressai.
Se como nada: é esquecida
Se como tudo: se esvai.
Para quê ter assas para voar,
se do chão se sente saudade.
Para quê a capacidade de amar
se ninguém o faz de verdade.
Para que serve esta Razão,
De uma verdade já usada.
Para que serve a vida então?
Se já a dão como acabada!
Ricardo Costa
se dela nada sobressai.
Se como nada: é esquecida
Se como tudo: se esvai.
Para quê ter assas para voar,
se do chão se sente saudade.
Para quê a capacidade de amar
se ninguém o faz de verdade.
Para que serve esta Razão,
De uma verdade já usada.
Para que serve a vida então?
Se já a dão como acabada!
Ricardo Costa
sábado, 11 de dezembro de 2010
Um amor proíbido
O seu corpo encerrava os prazeres do mundo
num inventar que sorria revoltado
sem que pudessem minhas mãos ter tocado
naquele corpo onde me desejei fecundo.
Desciam-lhe os dedos pelas pernas de desejo
a língua cruzando seus seios com vontade
sem pudor, dois corpos em suma sexualidade
perdendo-se no caminho do proibido beijo.
Nos corpos nus de expectante prazer,
o sabor do pecado nos lábios molhados,
as ânsias do sexo em pleno movimento
naquele corpo impossível de se ter
o sorriso, já os fluídos libertados
transformado em lascivo contentamento.
Ricardo Costa
num inventar que sorria revoltado
sem que pudessem minhas mãos ter tocado
naquele corpo onde me desejei fecundo.
Desciam-lhe os dedos pelas pernas de desejo
a língua cruzando seus seios com vontade
sem pudor, dois corpos em suma sexualidade
perdendo-se no caminho do proibido beijo.
Nos corpos nus de expectante prazer,
o sabor do pecado nos lábios molhados,
as ânsias do sexo em pleno movimento
naquele corpo impossível de se ter
o sorriso, já os fluídos libertados
transformado em lascivo contentamento.
Ricardo Costa
O entender da calma (por parte de um gato preto)
Todos os gatos pretos
têm a paciência de mil olhos
fechados.
Ricardo Costa
têm a paciência de mil olhos
fechados.
Ricardo Costa
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Passados
Para ser velho
basta nascer novo e crescer jovem...
Para ser novo
basta fechar os olhos e recordar...
Ricardo Costa
basta nascer novo e crescer jovem...
Para ser novo
basta fechar os olhos e recordar...
Ricardo Costa
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
um título esquecido, nessas ondas que por vezes matam (de saudades)
Subjazem tristezas perdidas
ao odor de cada lágrima entornada.
É metade da caminhada
o nascer da ferrugem onde outrora
abraços viveram
ternura é medo maquilhado.
E do sangue nada se ouve
a não ser o riso amoroso da brisa
quem cabe sozinho num quarto cheio
se fecha ao mar
apenas uma cadeira no coração
dois míseros segundos e já passou!
depois a areia calcada volta para
a sua sôfrega solidão
e nenhum sangue, suor ou beijo rude
te resgata
de um naufrágio em terra seca...
Ricardo Costa
ao odor de cada lágrima entornada.
É metade da caminhada
o nascer da ferrugem onde outrora
abraços viveram
ternura é medo maquilhado.
E do sangue nada se ouve
a não ser o riso amoroso da brisa
quem cabe sozinho num quarto cheio
se fecha ao mar
apenas uma cadeira no coração
dois míseros segundos e já passou!
depois a areia calcada volta para
a sua sôfrega solidão
e nenhum sangue, suor ou beijo rude
te resgata
de um naufrágio em terra seca...
Ricardo Costa
domingo, 5 de dezembro de 2010
Numa página branca
Numa página branca
escreve-se como um cego
vê sem ver
E são
aquelas artérias
de pura nudez
que com tinta
se amam
num falso branco
...o sono cresce na lentidão
de um virar desajeitado...
Ricardo Costa
escreve-se como um cego
vê sem ver
E são
aquelas artérias
de pura nudez
que com tinta
se amam
num falso branco
...o sono cresce na lentidão
de um virar desajeitado...
Ricardo Costa
sábado, 4 de dezembro de 2010
O silêncio de um silêncio
Desde as distâncias um silêncio
que me faz calado
a sede da sabedoria
os toques que me abandonam
igual ao tempo
a vontade de tocar em algo
a ausência desse corpo
essa ilusão do silêncio
a mão que desamarra
o deserto usado de água
o silêncio das montanhas
morre
esconde-se em final de dia
a ironia de um grito
dado fora de tempo
essa estrada que atravessa a madrugada
o oculto canto
uma ponte sobre o coração
e um bilhete para o escuro do abismo
Ricardo Costa
que me faz calado
a sede da sabedoria
os toques que me abandonam
igual ao tempo
a vontade de tocar em algo
a ausência desse corpo
essa ilusão do silêncio
a mão que desamarra
o deserto usado de água
o silêncio das montanhas
morre
esconde-se em final de dia
a ironia de um grito
dado fora de tempo
essa estrada que atravessa a madrugada
o oculto canto
uma ponte sobre o coração
e um bilhete para o escuro do abismo
Ricardo Costa
terça-feira, 30 de novembro de 2010
/16.
A vida gira e tudo volta
nada é igual
a conformidade da escrita desaparece
o resto escreve-se
como se escreve a vida
e a vida gira como gira a caneta na tua mão
Ricardo Costa
nada é igual
a conformidade da escrita desaparece
o resto escreve-se
como se escreve a vida
e a vida gira como gira a caneta na tua mão
Ricardo Costa
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Que cor têm os teus...
Que cor têm os teus ternos lábios
de tanta indecência junta
de um querer canibal, esse perfume
que morria num suave toque
que já as noites nascem sem estrelas
um dia que vejas
um coração reflectido na Lua!
A que horas fechas esse sorriso lascivo
de uma carne rosa
que peca sem ver!
Um dia que se forem
TU
não beijaste ninguém
e não mais te conheces...
Ricardo Costa
de tanta indecência junta
de um querer canibal, esse perfume
que morria num suave toque
que já as noites nascem sem estrelas
um dia que vejas
um coração reflectido na Lua!
A que horas fechas esse sorriso lascivo
de uma carne rosa
que peca sem ver!
Um dia que se forem
TU
não beijaste ninguém
e não mais te conheces...
Ricardo Costa
terça-feira, 23 de novembro de 2010
"Ouvi da minha desdita"
"Ouvi da minha desdita"
Que me atacou de surpresa
Pois silenciosa se fica
Ao fazer de nós sua presa
Ataca assim de repente
Sem sequer se importar
Que nosso coração aguente
Sem pensar em parar
Dizem que não faz por mal
Que é sua natureza
Mais forte que um vendaval
Essa amiga da tristeza
Palavra muito reservada
Mas que mostra grande efeito
Desdita que nos amarra
Um canhão ao "Eu" perfeito
Por isso então teme-mos
Sua temível forma má
Que nos tira o que temos
O que não temos e mais sei lá
Sempre pensei para mim
Nós somos os tais culpados
Com a verdade e mesmo assim
Continuamos sempre errados
É como a nossa paga
Pelos erros cometidos
A história que morta acaba
Num dos esgotos esquecidos
Para a próxima será diferente
Dizem muitas almas isto
No seu acreditar falsamente
Mas o fim já está previsto
Seja qual for o caminho
Vai haver o tal desfecho
Uma vida sozinho
Ou a morte que prevejo
Ricardo Costa
Que me atacou de surpresa
Pois silenciosa se fica
Ao fazer de nós sua presa
Ataca assim de repente
Sem sequer se importar
Que nosso coração aguente
Sem pensar em parar
Dizem que não faz por mal
Que é sua natureza
Mais forte que um vendaval
Essa amiga da tristeza
Palavra muito reservada
Mas que mostra grande efeito
Desdita que nos amarra
Um canhão ao "Eu" perfeito
Por isso então teme-mos
Sua temível forma má
Que nos tira o que temos
O que não temos e mais sei lá
Sempre pensei para mim
Nós somos os tais culpados
Com a verdade e mesmo assim
Continuamos sempre errados
É como a nossa paga
Pelos erros cometidos
A história que morta acaba
Num dos esgotos esquecidos
Para a próxima será diferente
Dizem muitas almas isto
No seu acreditar falsamente
Mas o fim já está previsto
Seja qual for o caminho
Vai haver o tal desfecho
Uma vida sozinho
Ou a morte que prevejo
Ricardo Costa
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
A vida ao acabar
Aqui no desassossego sou
Longe do mundo que me acaba
Uma figura que não se completou
Mas que de ser não era nada.
Para além do que existia,
Um sombrio frio que me não tem.
A melancólica agonia
de querer ser sem ser ninguém.
Tinha os gestos de uma vida
O coração, sabe Deus, perdido.
Nos fumos de verdade mentida
Na morte do respirar esquecido...
Durmo assim, morto e sorridente,
Julgando acabar se como uma vida
se de vida me fiz inexistente
antes de a morte me ser oferecida.
Ricardo Costa
Longe do mundo que me acaba
Uma figura que não se completou
Mas que de ser não era nada.
Para além do que existia,
Um sombrio frio que me não tem.
A melancólica agonia
de querer ser sem ser ninguém.
Tinha os gestos de uma vida
O coração, sabe Deus, perdido.
Nos fumos de verdade mentida
Na morte do respirar esquecido...
Durmo assim, morto e sorridente,
Julgando acabar se como uma vida
se de vida me fiz inexistente
antes de a morte me ser oferecida.
Ricardo Costa
domingo, 14 de novembro de 2010
A casa à beira-mar
Silenciar-me
no mais profundo gesto do quebrar duma onda
respirar lentamente os perfumes do corpo em sal
durante um leve sono de íntimo orgulho
retendo entraves de uma porta não aberta ao luar
dois corpos desnudos de saudades em mar acesso de chamas
o calor do sol na sua dita hora de poisar
um riso ao de leve que bate os dentes imitando as harpas
dos anjos que navegam as nuvens que os olhos cegam,
bocas de uma ave que se abeira da terra
engolindo os remorsos dos amores que não partiram
o silêncio do dia na casa à beira-mar,
aquele jardim amarelo e fino que as areias trazem
os raios de luz que de um dourado fazem nos cabelos
a espessa almofada onde dorme o vento...
Ricardo Costa
no mais profundo gesto do quebrar duma onda
respirar lentamente os perfumes do corpo em sal
durante um leve sono de íntimo orgulho
retendo entraves de uma porta não aberta ao luar
dois corpos desnudos de saudades em mar acesso de chamas
o calor do sol na sua dita hora de poisar
um riso ao de leve que bate os dentes imitando as harpas
dos anjos que navegam as nuvens que os olhos cegam,
bocas de uma ave que se abeira da terra
engolindo os remorsos dos amores que não partiram
o silêncio do dia na casa à beira-mar,
aquele jardim amarelo e fino que as areias trazem
os raios de luz que de um dourado fazem nos cabelos
a espessa almofada onde dorme o vento...
Ricardo Costa
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Orgias
De desatenta orgia são os dias.
Cai qual sábio o tempo, em rente salto
Sendo desfeita a terra que sombria calca,
Vai-se a hora, em mão de raio
as trevas, já tantos mares perderam o jeito.
Qual ódio cresce em papel morto,
o Homem em si, cáustico, saciado de carnes
em fogo que longo se come em torno!
Morre, e o chão seco, de intuito amor
sem tiro no escuro, apaga o resto do dia;
Tantos os seios de Inverno no calor do teu corpo.
Falso céu se de Anjos o Inferno se enche,
dos Homens mortais, agonia, temível
presença de um deus que nem fala, nem ouve.
Rasgados os pedaços de vida, em dores tecidas
de corres garridas, o desabar da sabedoria
quando o comer já assassina mais um relance
de paixão inusitada.
Em supremo amor ama-se igual!
De dia e de noite, de pé e deitado,
sabe assim o gemido lento dos pós mágicos,
dos prazeres que em forma de espada e túnel
se fazem sentir, vibrações, cansaço e rendição.
Assusta a parceria do mal, o nada maduro
da solidão, se já não mais se ouve os suspiros;
lentos suspiros, de uma brisa sobre os campos
de trigo dourados.
Seja assim, a peçonhenta alegria de quem não tem,
o riso histérico de não ser feliz, uma lágrima
de não ter um amor para matar, nem morrer.
Quem tem força que baste, tem força para derrubar
o muro que atravessa as ideias,
mas mesmo assim não consegue voar!
De quem esquece a noite em nós para reclamar o dia
coroado se faz o rei, e bebe se tem sede.
Por um sangue em fogo de uma cara desfigurada
um laço de ira brota dos dentes, e cai,
do ar um leve grão de amor plantado inocentemente!
É esta a era do não ser, o tempo que se esquece
nas taças de vinho e nas lareiras, na cinza,
nos fogos dos corpos semi-nus e nos prazeres dependentes
dos desejos carnais.
Ninguém se faz culpado, ninguém se faz de si mesmo,
quem separa de si a vontade da mentira, em nada
se faz essa glória de poder ser melhor, só a dor,
o semblante pesado dos ombros caídos sobre a cabeça,
as mãos sem nada que segurar,
os braços sem nada que abraçar, os lábios sem nada
que tocar além do álcool!
Bebei, e eles bebem, esquecem e recordam com uma gota
de água da chuva que congela e evapora,
Sem compaixão e sem temor ninguém sabe quando parar!
Terríveis essas orgias de sentimentos, orgias de dias
as misturas de amor e ódio e vingança e desejo...
No fim, nunca se sabe em que local parou a corrente,
e o Inverno do amor nunca mais vai.
Fica-mos frios, qual gelo o bater do nosso coração!
Ricardo Costa
Cai qual sábio o tempo, em rente salto
Sendo desfeita a terra que sombria calca,
Vai-se a hora, em mão de raio
as trevas, já tantos mares perderam o jeito.
Qual ódio cresce em papel morto,
o Homem em si, cáustico, saciado de carnes
em fogo que longo se come em torno!
Morre, e o chão seco, de intuito amor
sem tiro no escuro, apaga o resto do dia;
Tantos os seios de Inverno no calor do teu corpo.
Falso céu se de Anjos o Inferno se enche,
dos Homens mortais, agonia, temível
presença de um deus que nem fala, nem ouve.
Rasgados os pedaços de vida, em dores tecidas
de corres garridas, o desabar da sabedoria
quando o comer já assassina mais um relance
de paixão inusitada.
Em supremo amor ama-se igual!
De dia e de noite, de pé e deitado,
sabe assim o gemido lento dos pós mágicos,
dos prazeres que em forma de espada e túnel
se fazem sentir, vibrações, cansaço e rendição.
Assusta a parceria do mal, o nada maduro
da solidão, se já não mais se ouve os suspiros;
lentos suspiros, de uma brisa sobre os campos
de trigo dourados.
Seja assim, a peçonhenta alegria de quem não tem,
o riso histérico de não ser feliz, uma lágrima
de não ter um amor para matar, nem morrer.
Quem tem força que baste, tem força para derrubar
o muro que atravessa as ideias,
mas mesmo assim não consegue voar!
De quem esquece a noite em nós para reclamar o dia
coroado se faz o rei, e bebe se tem sede.
Por um sangue em fogo de uma cara desfigurada
um laço de ira brota dos dentes, e cai,
do ar um leve grão de amor plantado inocentemente!
É esta a era do não ser, o tempo que se esquece
nas taças de vinho e nas lareiras, na cinza,
nos fogos dos corpos semi-nus e nos prazeres dependentes
dos desejos carnais.
Ninguém se faz culpado, ninguém se faz de si mesmo,
quem separa de si a vontade da mentira, em nada
se faz essa glória de poder ser melhor, só a dor,
o semblante pesado dos ombros caídos sobre a cabeça,
as mãos sem nada que segurar,
os braços sem nada que abraçar, os lábios sem nada
que tocar além do álcool!
Bebei, e eles bebem, esquecem e recordam com uma gota
de água da chuva que congela e evapora,
Sem compaixão e sem temor ninguém sabe quando parar!
Terríveis essas orgias de sentimentos, orgias de dias
as misturas de amor e ódio e vingança e desejo...
No fim, nunca se sabe em que local parou a corrente,
e o Inverno do amor nunca mais vai.
Fica-mos frios, qual gelo o bater do nosso coração!
Ricardo Costa
pequenas GRANDEZAS
Tantas são as pequenas grandezas
num olhar esperado em pé
se num sentado dia se conversa distraidamente
Sob as asas de um jardim azul,
a maresia de um sorriso chorado de graça.
Prazer solitário, livre e preso
em pequenos gestos de vazio grande que se repete,
um caminhar enganado
se num sentimento fingido uma palavra amiga se acha...
Tudo até ao respirar do osso, peso no ombro,
quando pela frente afunda o punhal estranho...
Uma clara sombra, ao amanhecer da noite,
já as trocas atingem um qualquer dia,
uma qualquer terra,
uma qualquer vida...
É estranho o quão grandes são os nosso pequenos momento...
Ricardo Costa
num olhar esperado em pé
se num sentado dia se conversa distraidamente
Sob as asas de um jardim azul,
a maresia de um sorriso chorado de graça.
Prazer solitário, livre e preso
em pequenos gestos de vazio grande que se repete,
um caminhar enganado
se num sentimento fingido uma palavra amiga se acha...
Tudo até ao respirar do osso, peso no ombro,
quando pela frente afunda o punhal estranho...
Uma clara sombra, ao amanhecer da noite,
já as trocas atingem um qualquer dia,
uma qualquer terra,
uma qualquer vida...
É estranho o quão grandes são os nosso pequenos momento...
Ricardo Costa
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
/13.
Fútil suspiro de fingidas palavras
que caem no teu silêncio.
Tudo resulta no mesmo erro
quando te recusas a entender os meus toques...
...Mais terrível que os meus desejos
é a insignificância que agora me dás.
Fica com as minhas saudades....
Ricardo Costa
que caem no teu silêncio.
Tudo resulta no mesmo erro
quando te recusas a entender os meus toques...
...Mais terrível que os meus desejos
é a insignificância que agora me dás.
Fica com as minhas saudades....
Ricardo Costa
Esse espaço
Nesse espaço reside o crescer.
na canção das palavras
melodia suave em rodas de ar
espaço simples
harmonia
já não o uivo do vento
mas sim o sopro da vida.
O sabor do tempo...
Ricardo Costa
na canção das palavras
melodia suave em rodas de ar
espaço simples
harmonia
já não o uivo do vento
mas sim o sopro da vida.
O sabor do tempo...
Ricardo Costa
/12.
Empresta-me uma lembrança de espelho
a névoa de uma pupila fechada
que não cabe em si de anestesiada felicidade!
Ricardo Costa
a névoa de uma pupila fechada
que não cabe em si de anestesiada felicidade!
Ricardo Costa
/11.
Era um lugar sentado com fim
o nada de não existir
morre de sombra a secura da manhã
quando te cuspirem do chão em subida
os vazios olhares
essa quietude errada sem imagem
em contraluz sem recta curva
perfil transparente de um sorriso falso
barulho de um não desconfiado
espesso regresso para uma monotonia...
Ricardo Costa
o nada de não existir
morre de sombra a secura da manhã
quando te cuspirem do chão em subida
os vazios olhares
essa quietude errada sem imagem
em contraluz sem recta curva
perfil transparente de um sorriso falso
barulho de um não desconfiado
espesso regresso para uma monotonia...
Ricardo Costa
domingo, 7 de novembro de 2010
/10.
Era um pintor de sonhos
em cores de tela
harmónicas sintonias de nada
gente sem instantes
pelo olhar carregado de fumo
do corpo meio bebido
o antigo da morte dada
zero que come o fogo
queixa das dores quebradas
o acesso da palavra
como sem nome de cão bastasse
estar só e acompanhado.
Ricardo Costa
em cores de tela
harmónicas sintonias de nada
gente sem instantes
pelo olhar carregado de fumo
do corpo meio bebido
o antigo da morte dada
zero que come o fogo
queixa das dores quebradas
o acesso da palavra
como sem nome de cão bastasse
estar só e acompanhado.
Ricardo Costa
sábado, 6 de novembro de 2010
Esquece o que não há para recordar!
O chão é um pássaro sem assas
criado por um suspiro de brisa.
Uma doença que ainda nos esquece
de uma cabeça pendura ao pescoço
solto. Em mares não sabidos
queimam as mãos os corações
que há boca levam uma treva
que come lentamente a poeira.
A resposta, disse, não entregada.
Aceitada em vão em caminho
dos pés que se torcem, e caem
as cobras que te enfeitam as orelhas.
Eu digo, calo-me, falo e grito,
ao falar de boca fechada ao mundo.
A raiz da lágrima brota em solidão
pois já o Sol não me ilumina o dia!
Esquece o que não há para recordar!
Ela, nada, tu, menos
Esse querer é uma árvore morta
quando um dia te esqueças de mim...
Ricardo Costa
criado por um suspiro de brisa.
Uma doença que ainda nos esquece
de uma cabeça pendura ao pescoço
solto. Em mares não sabidos
queimam as mãos os corações
que há boca levam uma treva
que come lentamente a poeira.
A resposta, disse, não entregada.
Aceitada em vão em caminho
dos pés que se torcem, e caem
as cobras que te enfeitam as orelhas.
Eu digo, calo-me, falo e grito,
ao falar de boca fechada ao mundo.
A raiz da lágrima brota em solidão
pois já o Sol não me ilumina o dia!
Esquece o que não há para recordar!
Ela, nada, tu, menos
Esse querer é uma árvore morta
quando um dia te esqueças de mim...
Ricardo Costa
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
/9.
Vejo: Teus olhos como diamante;
Oiço: Teu sorriso com guitarra;
Sinto: Teu corpo expectante
dançando a dança de pessoa amada!
Ricardo Costa
Oiço: Teu sorriso com guitarra;
Sinto: Teu corpo expectante
dançando a dança de pessoa amada!
Ricardo Costa
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Um roubo
Roubo a quem nada tem
Tudo o que não posso ter
Sou eu, que sou ninguém
Sem nada que possa ser.
Ladrão de vidas, eu criei
em mim uma livre maldade.
Tanto que receio que serei
um privado de liberdade.
Fui, sim! Tudo o que não sou,
ninguém em estado condensado.
Ser vazio que roubou
e pereceu, certamente errado!
Ricardo Costa
Tudo o que não posso ter
Sou eu, que sou ninguém
Sem nada que possa ser.
Ladrão de vidas, eu criei
em mim uma livre maldade.
Tanto que receio que serei
um privado de liberdade.
Fui, sim! Tudo o que não sou,
ninguém em estado condensado.
Ser vazio que roubou
e pereceu, certamente errado!
Ricardo Costa
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Onde vives...Onde morres
Não, não queiras caminhar pelos meus passos
pelos erros que matam
morremos
vivendo lentos e vacilantes sem correrias
e sós
só nós
e uma velha dor presa com alfinete enferrujado
ao peito desfeito!
Já foste nada!
Já foste tudo!
Agora és o que poderias ter sido...
Tu és o não da resposta errada e o talvez da incerteza,
és um acaso certo
o desenho inacabado que o tempo interrompeu.
És a estrada que liga a nenhum lado, e vai directa ao meu coração!
Onde vives, uma ponte de corda fraca...
Onde morres, uma tesoura de lâmina afiada...
Renasces.
Desapareces e reapareces numa espessa ilusão romântica,
uma curva em caminho
uma contra-curva em nó cego...
Uma lágrima caída
Um barulho estridente
Um adeus sussurrado
Um amor tão longínquo como a eternidade!
Ricardo Costa
pelos erros que matam
morremos
vivendo lentos e vacilantes sem correrias
e sós
só nós
e uma velha dor presa com alfinete enferrujado
ao peito desfeito!
Já foste nada!
Já foste tudo!
Agora és o que poderias ter sido...
Tu és o não da resposta errada e o talvez da incerteza,
és um acaso certo
o desenho inacabado que o tempo interrompeu.
És a estrada que liga a nenhum lado, e vai directa ao meu coração!
Onde vives, uma ponte de corda fraca...
Onde morres, uma tesoura de lâmina afiada...
Renasces.
Desapareces e reapareces numa espessa ilusão romântica,
uma curva em caminho
uma contra-curva em nó cego...
Uma lágrima caída
Um barulho estridente
Um adeus sussurrado
Um amor tão longínquo como a eternidade!
Ricardo Costa
Se fosse o tempo uma só palavra
Já me cansou o respirar
mas do meu ar só resta o vazio
se fosse o tempo uma só palavra
eu morreria dizendo o teu nome!
Ricardo Costa
mas do meu ar só resta o vazio
se fosse o tempo uma só palavra
eu morreria dizendo o teu nome!
Ricardo Costa
Ter
O ter é uma solidão que se preenche
sob as pontas preguiçosas de uma vida,
de sorrisos, ouro,
e choro.
É o descanso de uma anedota mal contada,
um beijo meio dado.
É o se deitar sobre os lençóis e abraçar suavemente o que está ao alcance do coração!
Ter é a pedra do caminho em que magoas o pé,
é a água turva dum rio,
é a gula de posse que te engana o sentir.
Uma poesia íntima, um amor secreto de uma amante desconfiada.
Uma noite escura,
um desespero...
Ter é um corpo seco de sangue que te atormenta as noites de terrores!
Já se calcou a ilusão de tudo ter, mas nada possuir...
...O silêncio...
O placebo da felicidade, um olhar docemente falso
e um fogo de vida que não arde.
Os nós das mãos com os pés que não desatam e a garganta seca
do não ter,
o desgaste, desgaste, desgaste...
Se não se tem a vida que mais se poderá ter nos bolsos?
Nada...
Quem dará migalhas a quem pede um pão?
Quem dará um dia a quem pede uma vida?
Se nada se pode ter mais do que o que nos é dado.
Que nos resta senão admirar quem tenha, fechar a mão sobre as areias soltas dos mortos e desejar...
ter...
...o desejo ainda o tenho, enquanto o sono durar...sou feliz...
Ricardo Costa
sob as pontas preguiçosas de uma vida,
de sorrisos, ouro,
e choro.
É o descanso de uma anedota mal contada,
um beijo meio dado.
É o se deitar sobre os lençóis e abraçar suavemente o que está ao alcance do coração!
Ter é a pedra do caminho em que magoas o pé,
é a água turva dum rio,
é a gula de posse que te engana o sentir.
Uma poesia íntima, um amor secreto de uma amante desconfiada.
Uma noite escura,
um desespero...
Ter é um corpo seco de sangue que te atormenta as noites de terrores!
Já se calcou a ilusão de tudo ter, mas nada possuir...
...O silêncio...
O placebo da felicidade, um olhar docemente falso
e um fogo de vida que não arde.
Os nós das mãos com os pés que não desatam e a garganta seca
do não ter,
o desgaste, desgaste, desgaste...
Se não se tem a vida que mais se poderá ter nos bolsos?
Nada...
Quem dará migalhas a quem pede um pão?
Quem dará um dia a quem pede uma vida?
Se nada se pode ter mais do que o que nos é dado.
Que nos resta senão admirar quem tenha, fechar a mão sobre as areias soltas dos mortos e desejar...
ter...
...o desejo ainda o tenho, enquanto o sono durar...sou feliz...
Ricardo Costa
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Se no amor há uma insanidade
Se no amor há uma insanidade,
O que haverá em nós?
Em mim?
Foram inúmeros os lugares em que me sentei, mas nenhum,
nem um...
Foi como o lugar a teu lado!
Seja qual for a insanidade, julguei te amar numa verdade que vim a descobrir errada.
E depois...
Nada se faz para além de inventar desculpas para as nossas derrotas!
Nisso o amor passa a insanidade,
entrega-se há vida falsa e fácil da mentira...
Tentemos pois amar, não com a cabeça mas sim com amor.
Se essa insanidade que falam nos atacar de surpresa ao menos saberemos que, na porta ao lado, todo o amor que cultivamos nos ajudará a cortar as raízes...
Em todo o caso,
não cometam o mesmo erro que eu e tantos outros...
Não estudem o amor!
Vivam apenas com o coração aberto e sem fechar as portas a um novo sorriso, a uma nova amizade...
Aceitem todos os carinhos e retribuam.
Amem...
Que, se o amor é insano de certeza haverá parte boa nessa insanidade...
Basta procurar!
Ricardo Costa
O que haverá em nós?
Em mim?
Foram inúmeros os lugares em que me sentei, mas nenhum,
nem um...
Foi como o lugar a teu lado!
Seja qual for a insanidade, julguei te amar numa verdade que vim a descobrir errada.
E depois...
Nada se faz para além de inventar desculpas para as nossas derrotas!
Nisso o amor passa a insanidade,
entrega-se há vida falsa e fácil da mentira...
Tentemos pois amar, não com a cabeça mas sim com amor.
Se essa insanidade que falam nos atacar de surpresa ao menos saberemos que, na porta ao lado, todo o amor que cultivamos nos ajudará a cortar as raízes...
Em todo o caso,
não cometam o mesmo erro que eu e tantos outros...
Não estudem o amor!
Vivam apenas com o coração aberto e sem fechar as portas a um novo sorriso, a uma nova amizade...
Aceitem todos os carinhos e retribuam.
Amem...
Que, se o amor é insano de certeza haverá parte boa nessa insanidade...
Basta procurar!
Ricardo Costa
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
12
I - Janeiro
Jaz, assim de braço posto,
Como se (nunca) tivesse começado.
Velhice que lhe atinge o rosto
Na sua certidão jaz, errado.
Depois, só o frio se contenta
Já perdido o passado na neblina,
Que é o Fado mais que a tormenta
Do que passar ignorando a sina!
Louco e só na sua memória,
Suave desvanecer de sua lembrança.
Como se esquecer trouxesse glória
E lembrar desse esperança!
II - Fevereiro
Dum qualquer dia esquecido
Onde parece incerto o querer.
Ah, quando já se dá por perdido,
Sendo um coração ferido
Tudo o que resta para ver!
Que angústia fria!
Esta que nos dá o medo...
A nossa alma sombria
Que só e vazia
Se perde em desassossego!
Quanto não mais do que parece
Arrasta lentamente cada prece,
Se, da prece, cada ânsia de ser
Resolve-se cair...morrer!
Seria o dia que agora acaba,
Metade de tudo, metade de nada.
Onde o fim serve a loucura
E toda a dor não esperada
Dura...Dura...Dura...
III - Março
Nada. Só a agonia do ficar...
O tempo passa em suave passeio,
Passa passando onde eu creio
Nada mais se resolve mostrar!
Tudo é fácil! Uma solidão de amor.
Um sorriso que foi esmorecendo
De uma figura já envelhecendo
Que da vida só aproveitou a dor.
E agradece, vazio, sua bondade...
Se como a chuva caísse no pasto
Seu rosto já cansado e gasto
Nada mais diria do que saudade...
Tudo. Inútil tentativa de mudar.
Moldando o pensar e a mente,
Sentindo só como se não sente
Ficando-se parado a chorar!
IV - Abril
Pouco interessa o que sou.
Já que não sou o que ouso saber,
Sou o que o outro me tirou
Sou metade do meu ser.
Assim é esta vida insana,
Nada que sou por inteiro serei.
Alma que dividida se faz profana
Reclamando o que não terei...
Ah, como não fiz minha vida!
Em mim como uma solidão...
Terrível agonia que esquecida
Me vai matando o coração!
V - Maio
Vivemos pendentes, como sem dono
Acumulando em nós todo o sono.
Se ao sono dermos nosso abandono
Nosso abandono do sono será dono!
São artífices de sem-abrigo.
Como se do abrigo morresse o perigo!
Mas sem perigo não há abrigo
E com "sem" há sem-abrigo.
Mas nada fiz. Eu bem sei...
Como se soubesse o que serei!
O que sou? - Eu não sei
E sem o saber não o saberei!
E assim a vida termina...
Numa certa incerteza da sina!
Quem determina a incerta sina?
Ah, termina vida...Termina.
VI - Junho
Inúteis esses dias que mortos vejo
Poisados pachorrentos sobre a mão.
Como sem assas voa um desejo
Tento voar sem sair do chão!
Terrível calor que o frio me traz,
Em sua bagagem uma tristeza!
Serei só eu o incapaz
Que se verga perante a incerteza?
Não! Já sonhei voos mais altos!
Sonhando então a perfeição,
Sonhei sonhando sonhos incautos
Que recearam rejeição!
Mas, como eu, mostram-se fracos
Estes sonhos feitos de trapos...
Pois em trapos está meu coração!
VII - Julho
Quantos amores se perdem no ar?
Levemente puxadas pelo vento...
Como se não fosso o amar
Mais que uma forma de desalento
Doce! Quão impuro é este mundo?
Se nesta paisagem desolada
Tudo o que há é certamente profundo
Menos o amor, que não é nada!
É como se esperasse eternamente,
Na loucura de um pensar.
O sentir que em si dormente
É nada de nada: só amar!
VIII - Agosto
Quem pintou o jardim de verde?
Quem ousou o jardim pintar?
Se este nunca pintura teve
E quem pintou foi-se enganar!
O jardim não tem cor!
Como não tem a felicidade,
Seria possível pintar a dor
Dando-lhe um tom de bondade?
Parece ás vezes que sim,
Que certas pessoas acham verdade.
São essas que pintam o jardim
Distorcendo a realidade!
IX - Setembro
Olho, vendo só que nada vejo.
Nada me resta, nada restou,
Nem um pequeno desejo
Dos que minha vida almejou!
Como um sol que se escondido,
Me não consigo encontrar.
Em minha mente sempre perdido
Mas receando me encontrar.
Não sou de ninguém. Nem meu!
Sou outra pessoa por dentro.
Outra pessoa que recebeu
Minha alegria e contentamento.
Ah! Como é fácil chorar!
Difícil é pensar que é felicidade.
Mas mais difícil é amar,
Não sabendo se o amor é verdade...
Mas sabendo eu que não sou o ser
Que nesse corpo por mim vive,
Deixo-o ir, para que possa ter
Toda a tristeza que ainda não tive!
X - Outubro
Simples canção ao ouvido
Que sem saber
Em mim tudo se faz esquecido
Esse esquecimento que ouso ter,
Morte...sim!
Do meu ser
Já que meu corpo está acabado,
Sem nada...
Como que derrotado
Só sobrando uma canção nobre
Que, mesmo Rei,
Me trata como pobre...
E eu sem nada poder falar
Calado!
Num silêncio de estalar
Que lentamente me arrasta.
Em braços fortes
De uma morte sombria e nefasta!
XI - Novembro
Que queres? Ouve! - São mil sentidos fechados
Vê! - Tudo é teu, basta quereres.
Toma! - Se os não queres prendados,
Para os sentires antes de morreres!
Descansa então! - como um segredo vadio.
Se como nevoeiro te cobre de amores,
Sorri! - Abraça o sentir que vem tardio
Na dita estrada dos tais sabores.
Luta! - Nada importa se não venceres...
Mesmo que venças sem nisso pensar.
Vence! - Pois assim quando te fores
Eu viverei com o teu amar...
XII - Dezembro
Tudo se resume num final perfeito,
Em todas as horas de um dia...
Se como um sonho já desfeito
Se revivesse por magia!
E jaz! Como no início...
Um frio que te mata o sono.
Sendo que nenhum precipício
De ti se faz soberano dono.
Sendo assim: Só o querer!
Resta do que sobrou da vida,
Nenhuma treva para prender
Uma vida para ser vivida...
Ricardo Costa
Jaz, assim de braço posto,
Como se (nunca) tivesse começado.
Velhice que lhe atinge o rosto
Na sua certidão jaz, errado.
Depois, só o frio se contenta
Já perdido o passado na neblina,
Que é o Fado mais que a tormenta
Do que passar ignorando a sina!
Louco e só na sua memória,
Suave desvanecer de sua lembrança.
Como se esquecer trouxesse glória
E lembrar desse esperança!
II - Fevereiro
Dum qualquer dia esquecido
Onde parece incerto o querer.
Ah, quando já se dá por perdido,
Sendo um coração ferido
Tudo o que resta para ver!
Que angústia fria!
Esta que nos dá o medo...
A nossa alma sombria
Que só e vazia
Se perde em desassossego!
Quanto não mais do que parece
Arrasta lentamente cada prece,
Se, da prece, cada ânsia de ser
Resolve-se cair...morrer!
Seria o dia que agora acaba,
Metade de tudo, metade de nada.
Onde o fim serve a loucura
E toda a dor não esperada
Dura...Dura...Dura...
III - Março
Nada. Só a agonia do ficar...
O tempo passa em suave passeio,
Passa passando onde eu creio
Nada mais se resolve mostrar!
Tudo é fácil! Uma solidão de amor.
Um sorriso que foi esmorecendo
De uma figura já envelhecendo
Que da vida só aproveitou a dor.
E agradece, vazio, sua bondade...
Se como a chuva caísse no pasto
Seu rosto já cansado e gasto
Nada mais diria do que saudade...
Tudo. Inútil tentativa de mudar.
Moldando o pensar e a mente,
Sentindo só como se não sente
Ficando-se parado a chorar!
IV - Abril
Pouco interessa o que sou.
Já que não sou o que ouso saber,
Sou o que o outro me tirou
Sou metade do meu ser.
Assim é esta vida insana,
Nada que sou por inteiro serei.
Alma que dividida se faz profana
Reclamando o que não terei...
Ah, como não fiz minha vida!
Em mim como uma solidão...
Terrível agonia que esquecida
Me vai matando o coração!
V - Maio
Vivemos pendentes, como sem dono
Acumulando em nós todo o sono.
Se ao sono dermos nosso abandono
Nosso abandono do sono será dono!
São artífices de sem-abrigo.
Como se do abrigo morresse o perigo!
Mas sem perigo não há abrigo
E com "sem" há sem-abrigo.
Mas nada fiz. Eu bem sei...
Como se soubesse o que serei!
O que sou? - Eu não sei
E sem o saber não o saberei!
E assim a vida termina...
Numa certa incerteza da sina!
Quem determina a incerta sina?
Ah, termina vida...Termina.
VI - Junho
Inúteis esses dias que mortos vejo
Poisados pachorrentos sobre a mão.
Como sem assas voa um desejo
Tento voar sem sair do chão!
Terrível calor que o frio me traz,
Em sua bagagem uma tristeza!
Serei só eu o incapaz
Que se verga perante a incerteza?
Não! Já sonhei voos mais altos!
Sonhando então a perfeição,
Sonhei sonhando sonhos incautos
Que recearam rejeição!
Mas, como eu, mostram-se fracos
Estes sonhos feitos de trapos...
Pois em trapos está meu coração!
VII - Julho
Quantos amores se perdem no ar?
Levemente puxadas pelo vento...
Como se não fosso o amar
Mais que uma forma de desalento
Doce! Quão impuro é este mundo?
Se nesta paisagem desolada
Tudo o que há é certamente profundo
Menos o amor, que não é nada!
É como se esperasse eternamente,
Na loucura de um pensar.
O sentir que em si dormente
É nada de nada: só amar!
VIII - Agosto
Quem pintou o jardim de verde?
Quem ousou o jardim pintar?
Se este nunca pintura teve
E quem pintou foi-se enganar!
O jardim não tem cor!
Como não tem a felicidade,
Seria possível pintar a dor
Dando-lhe um tom de bondade?
Parece ás vezes que sim,
Que certas pessoas acham verdade.
São essas que pintam o jardim
Distorcendo a realidade!
IX - Setembro
Olho, vendo só que nada vejo.
Nada me resta, nada restou,
Nem um pequeno desejo
Dos que minha vida almejou!
Como um sol que se escondido,
Me não consigo encontrar.
Em minha mente sempre perdido
Mas receando me encontrar.
Não sou de ninguém. Nem meu!
Sou outra pessoa por dentro.
Outra pessoa que recebeu
Minha alegria e contentamento.
Ah! Como é fácil chorar!
Difícil é pensar que é felicidade.
Mas mais difícil é amar,
Não sabendo se o amor é verdade...
Mas sabendo eu que não sou o ser
Que nesse corpo por mim vive,
Deixo-o ir, para que possa ter
Toda a tristeza que ainda não tive!
X - Outubro
Simples canção ao ouvido
Que sem saber
Em mim tudo se faz esquecido
Esse esquecimento que ouso ter,
Morte...sim!
Do meu ser
Já que meu corpo está acabado,
Sem nada...
Como que derrotado
Só sobrando uma canção nobre
Que, mesmo Rei,
Me trata como pobre...
E eu sem nada poder falar
Calado!
Num silêncio de estalar
Que lentamente me arrasta.
Em braços fortes
De uma morte sombria e nefasta!
XI - Novembro
Que queres? Ouve! - São mil sentidos fechados
Vê! - Tudo é teu, basta quereres.
Toma! - Se os não queres prendados,
Para os sentires antes de morreres!
Descansa então! - como um segredo vadio.
Se como nevoeiro te cobre de amores,
Sorri! - Abraça o sentir que vem tardio
Na dita estrada dos tais sabores.
Luta! - Nada importa se não venceres...
Mesmo que venças sem nisso pensar.
Vence! - Pois assim quando te fores
Eu viverei com o teu amar...
XII - Dezembro
Tudo se resume num final perfeito,
Em todas as horas de um dia...
Se como um sonho já desfeito
Se revivesse por magia!
E jaz! Como no início...
Um frio que te mata o sono.
Sendo que nenhum precipício
De ti se faz soberano dono.
Sendo assim: Só o querer!
Resta do que sobrou da vida,
Nenhuma treva para prender
Uma vida para ser vivida...
Ricardo Costa
terça-feira, 12 de outubro de 2010
Sem amor que se sinta!
Se aos passos que me cruzo, uma vontade de amar me atingisse...
Para mim diria:
-Pára!
Pois o respirar dói mais do que possas imaginar.
Mesmo antes de te encontrar já os meus sonhos te tinham esquecido...
Salva-te!
E deixa-me morrer para voltar a aleijar os meus sapatos...
Sem amor que se sinta!
Ricardo Costa
Para mim diria:
-Pára!
Pois o respirar dói mais do que possas imaginar.
Mesmo antes de te encontrar já os meus sonhos te tinham esquecido...
Salva-te!
E deixa-me morrer para voltar a aleijar os meus sapatos...
Sem amor que se sinta!
Ricardo Costa
domingo, 10 de outubro de 2010
Em mim, uma musicalidade
Há como que uma musicalidade
Nestas veias usadas,
Sons puros de criatividade
Mesmo em notas do som privadas!
Um qualquer som que se faz,
De um suspiro de cansaço.
Ai, que em mim se desfaz,
Compasso em compasso.
Música...Que sou eu mais que isso?
Se não um incompleto de estar.
Será amor? Magia? Feitiço?
Estes sons...Este sonhar...
Ricardo Costa
Nestas veias usadas,
Sons puros de criatividade
Mesmo em notas do som privadas!
Um qualquer som que se faz,
De um suspiro de cansaço.
Ai, que em mim se desfaz,
Compasso em compasso.
Música...Que sou eu mais que isso?
Se não um incompleto de estar.
Será amor? Magia? Feitiço?
Estes sons...Este sonhar...
Ricardo Costa
As vozes que dentro de mim
As vozes que dentro de mim
Silenciadas estão,
Fazem-se ouvir mesmo assim
Na minha eterna solidão!
Qualquer som proferido,
Que na garganta me provoca
Um querer falar reprimido
Desta agonia que me sufoca...
Louco sou, por louco ser,
Finjo em mim a sanidade.
Já que me dou por esconder,
De mim, a minha identidade.
A essas vozes então, sou eu,
Eu que fui mas já não sou.
Que, entre mortes, percebeu,
Que só a loucura lhe sobrou!
Ricardo Costa
Silenciadas estão,
Fazem-se ouvir mesmo assim
Na minha eterna solidão!
Qualquer som proferido,
Que na garganta me provoca
Um querer falar reprimido
Desta agonia que me sufoca...
Louco sou, por louco ser,
Finjo em mim a sanidade.
Já que me dou por esconder,
De mim, a minha identidade.
A essas vozes então, sou eu,
Eu que fui mas já não sou.
Que, entre mortes, percebeu,
Que só a loucura lhe sobrou!
Ricardo Costa
Sentado, me descanso...
Sentado, me descanso destas memórias
Que sem fingimento de ser,
Me recordam de tudo o que não sou: Eu...
Ah, relaxante sentimento de sabedoria errada,
Que me fere as costas
Nas falsas mentiras em que me deito levemente.
Cadeira de vergo que não me dá sorte,
Se a vida ma procurasse
Sem amor que à vista descobrisse!
Sou eu, assim sem nada ser!
Que me escondo do que não quero ficar...
Já a vida se levanta em mim,
Mas o cansaço me faz ficar sentado
Como se sozinho me silenciasse das vozes.
Sentado estou nu de tudo...
Já a tristeza me fala
Sendo eu que nada sou, sendo eu mesmo,
Me parto em papeis que assumo secundários
E vivo a vida
Que nas esteira se faz difícil...
Sentado, eu descanso...
Ah, merecido descanso!
Ricardo Costa
Que sem fingimento de ser,
Me recordam de tudo o que não sou: Eu...
Ah, relaxante sentimento de sabedoria errada,
Que me fere as costas
Nas falsas mentiras em que me deito levemente.
Cadeira de vergo que não me dá sorte,
Se a vida ma procurasse
Sem amor que à vista descobrisse!
Sou eu, assim sem nada ser!
Que me escondo do que não quero ficar...
Já a vida se levanta em mim,
Mas o cansaço me faz ficar sentado
Como se sozinho me silenciasse das vozes.
Sentado estou nu de tudo...
Já a tristeza me fala
Sendo eu que nada sou, sendo eu mesmo,
Me parto em papeis que assumo secundários
E vivo a vida
Que nas esteira se faz difícil...
Sentado, eu descanso...
Ah, merecido descanso!
Ricardo Costa
sábado, 9 de outubro de 2010
Tenho as mãos sujas do teu corpo...
Tenho as mãos sujas do teu corpo,
por ter estado a trabalhar
nos nossos prazeres...
Ricardo Costa
por ter estado a trabalhar
nos nossos prazeres...
Ricardo Costa
Como uma saudade
Como uma saudade
Que mora em mim.
Onde a alegria não é realidade,
Todo o sorriso é fim.
Toda a agonia se faz verdade!
Onde o coração se transforma
E o céu escurece.
Será que minha vida se conforma
Enquanto, docemente, entristece?
Se ao menos pudesse fugir,
Destas algemas me libertar.
Será que iria sorrir...
Antes da saudade me matar?
Ricardo Costa
Que mora em mim.
Onde a alegria não é realidade,
Todo o sorriso é fim.
Toda a agonia se faz verdade!
Onde o coração se transforma
E o céu escurece.
Será que minha vida se conforma
Enquanto, docemente, entristece?
Se ao menos pudesse fugir,
Destas algemas me libertar.
Será que iria sorrir...
Antes da saudade me matar?
Ricardo Costa
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Sensação de ausência
Como se fosse sem ser,
Existir sem lá estar,
Viver sem viver,
Respirar por respirar!
Avançar recuando,
Ver sem olhar,
Fingir-se amando
Numa ausência de estar!
Sozinho em si,
Singular em gente,
O que na solidão ri,
ri-se tristemente.
É uma sensação de ausência ,
Como um sorriso enlutado,
Um início da falência
De um ser já acabado!
Ricardo Costa
Existir sem lá estar,
Viver sem viver,
Respirar por respirar!
Avançar recuando,
Ver sem olhar,
Fingir-se amando
Numa ausência de estar!
Sozinho em si,
Singular em gente,
O que na solidão ri,
ri-se tristemente.
É uma sensação de ausência ,
Como um sorriso enlutado,
Um início da falência
De um ser já acabado!
Ricardo Costa
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
/8. (A rapariga do autocarro)
A rapariga do autocarro,
Como fogo o seu cabelo,
Ah, como me deixou fascinado
Seu semblante tão belo!
Ricardo Costa
Como fogo o seu cabelo,
Ah, como me deixou fascinado
Seu semblante tão belo!
Ricardo Costa
Chuva
Chuva,
como de mar
se fizesse
o chão que pisámos,
sonho?
A chuva adormece sobre os braços
e cumprimenta os barcos
que dizem adeus pela corrente.
Quanto da chuva
são
chocolates quentes em casa?
...é uma doce solidão!
Na chuva um papagaio voa,
pior se for de papel...
...nunca se sabe...
Só nós..."mestres do pensamento",
reflectimos sobre isso
...Amor mal resolvido?
Talvez...
Chuva, é isso...
Para mim continua água..
Não?
Ricardo Costa
como de mar
se fizesse
o chão que pisámos,
sonho?
A chuva adormece sobre os braços
e cumprimenta os barcos
que dizem adeus pela corrente.
Quanto da chuva
são
chocolates quentes em casa?
...é uma doce solidão!
Na chuva um papagaio voa,
pior se for de papel...
...nunca se sabe...
Só nós..."mestres do pensamento",
reflectimos sobre isso
...Amor mal resolvido?
Talvez...
Chuva, é isso...
Para mim continua água..
Não?
Ricardo Costa
O maior poema do mundo!
Inicio........................................................................
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.........................................................................Fim.
(No meio vai-se escrevendo a nossa vida)
Ricardo Costa
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.........................................................................Fim.
(No meio vai-se escrevendo a nossa vida)
Ricardo Costa
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Desisti
Desisti. Desisti de tudo o que me cansa! Mas, principalmente, desisti do amor que queria inventar.
Desisti até de sorrir para a vida, saboreando apenas a solidão. Sim, eu sei...Sou fraco e cobarde.
Mas é mais forte que eu, e já nada há a fazer. O muro já caiu e as escadas ruíram. Não posso recolher
os destroços dos sonhos que deitei fora!
Desisti da vida por viver numa mentira que fui construindo aos poucos. Agora sei que foi em vão, pois
a dor e o sofrimento continuam. Sei que desisti de nada e agora, azar dos azares, fiquei com ainda menos!
Pois é, bolsos vazios, cara triste e coração desfeito! Sou rei do nenhum e governo um esquecimento que me foge
para me amaldiçoar as noites.
Desisti de toda a força nas mãos, quis nunca mais abraçar. Só as lágrimas resistiram às minhas vontades,
porque, agora, eu choro...
Todo o medo que quis esquecer vem para mim em busca de respostas que não posso dar!
Porque, verdade seja dita, não sei porque desisti de tudo...
O arrependimento magoa e não tenho ninguém que me console.
Ricardo Costa
Desisti até de sorrir para a vida, saboreando apenas a solidão. Sim, eu sei...Sou fraco e cobarde.
Mas é mais forte que eu, e já nada há a fazer. O muro já caiu e as escadas ruíram. Não posso recolher
os destroços dos sonhos que deitei fora!
Desisti da vida por viver numa mentira que fui construindo aos poucos. Agora sei que foi em vão, pois
a dor e o sofrimento continuam. Sei que desisti de nada e agora, azar dos azares, fiquei com ainda menos!
Pois é, bolsos vazios, cara triste e coração desfeito! Sou rei do nenhum e governo um esquecimento que me foge
para me amaldiçoar as noites.
Desisti de toda a força nas mãos, quis nunca mais abraçar. Só as lágrimas resistiram às minhas vontades,
porque, agora, eu choro...
Todo o medo que quis esquecer vem para mim em busca de respostas que não posso dar!
Porque, verdade seja dita, não sei porque desisti de tudo...
O arrependimento magoa e não tenho ninguém que me console.
Ricardo Costa
Meu Amor
Meu amor, são efémeros
Todos os momentos
Se, ao vive-los,
Qual sombra receamos pisar.
E de todos são nossas lágrimas
Que conhecemos falsamente
Se, ao rir-mos sem vontade,
Afiámos a ponta da espada.
Tudo é vão, meu amor,
Se ao amar-mos demais
Este se gastar
Como um fósforo ao vento!
E um qualquer raio de Zeus
Já no fim do dia
Como se a ira resolve-se agir
Faz-nos levantar da cadeira...
Recomeçando, meu amor...
Ricardo Costa
Todos os momentos
Se, ao vive-los,
Qual sombra receamos pisar.
E de todos são nossas lágrimas
Que conhecemos falsamente
Se, ao rir-mos sem vontade,
Afiámos a ponta da espada.
Tudo é vão, meu amor,
Se ao amar-mos demais
Este se gastar
Como um fósforo ao vento!
E um qualquer raio de Zeus
Já no fim do dia
Como se a ira resolve-se agir
Faz-nos levantar da cadeira...
Recomeçando, meu amor...
Ricardo Costa
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Lá fora um sombrio frio
Lá for um sombrio frio em redemoinho
Paus, árvores, folhas, caem silenciados
Dentro do meu ser só os destroços falam
E em qual luar o Sol se esconde de medo...
Ergo muros na tempestade lá fora
Se aos cavalos lhes tiro o cavaleiro
E em todos os rios que choram sozinhos
Vejo-me debaixo da ponte admirando-os!
Gente que passa passando gente
E da gente se faz o frio da solidão...
Se neste Outubro um abraço me fizer falta
Deita a minha cabeça aos ombros
E desaparece sob o manto de nuvens!
Já não sou quem era...
De repente a hora já me esqueceu
Só o frio, o sombrio frio que desliza
Permanece a pintura que pintei de olhos fechados!
E sou o esquecimento que fui...
Com mãos vazias de tão cheias
Desaperto os cordões e atiro-me ao mar...
Como se do frio nascessem amizades
Eu faço do gelo minha cama
Neste sombrio frio que lá fora dorme.
Ricardo Costa
Paus, árvores, folhas, caem silenciados
Dentro do meu ser só os destroços falam
E em qual luar o Sol se esconde de medo...
Ergo muros na tempestade lá fora
Se aos cavalos lhes tiro o cavaleiro
E em todos os rios que choram sozinhos
Vejo-me debaixo da ponte admirando-os!
Gente que passa passando gente
E da gente se faz o frio da solidão...
Se neste Outubro um abraço me fizer falta
Deita a minha cabeça aos ombros
E desaparece sob o manto de nuvens!
Já não sou quem era...
De repente a hora já me esqueceu
Só o frio, o sombrio frio que desliza
Permanece a pintura que pintei de olhos fechados!
E sou o esquecimento que fui...
Com mãos vazias de tão cheias
Desaperto os cordões e atiro-me ao mar...
Como se do frio nascessem amizades
Eu faço do gelo minha cama
Neste sombrio frio que lá fora dorme.
Ricardo Costa
domingo, 3 de outubro de 2010
Recusa
Será possível recusar
algo que o nosso coração aceita
mesmo sem ter
nem os olhos por em cima
sem descobrirmos sua história
nem saber sua língua
qual a casa onde mora
e quais as ruas que andou.
Como é possível querer recusar
sem antes ter amado
sem conhecer todas as montanhas
e sem provar o ódio
que da alegria se vai rindo
enquanto nós recusamos
e vamos morrendo na tristeza.
Nunca ameis a recusa
quando vosso coração ainda voa!
Ricardo Costa
algo que o nosso coração aceita
mesmo sem ter
nem os olhos por em cima
sem descobrirmos sua história
nem saber sua língua
qual a casa onde mora
e quais as ruas que andou.
Como é possível querer recusar
sem antes ter amado
sem conhecer todas as montanhas
e sem provar o ódio
que da alegria se vai rindo
enquanto nós recusamos
e vamos morrendo na tristeza.
Nunca ameis a recusa
quando vosso coração ainda voa!
Ricardo Costa
Os Braços
Os braços,
como o mar
de um sorriso
de Inverno
são flácidos!
Os braços querem cair
mas que braços
seriam
estes que caem
se ao cair
não mais
pudessem abraçar?
Ricardo Costa
como o mar
de um sorriso
de Inverno
são flácidos!
Os braços querem cair
mas que braços
seriam
estes que caem
se ao cair
não mais
pudessem abraçar?
Ricardo Costa
sábado, 2 de outubro de 2010
Foi quando fechaste os olhos
Foi quando fechaste os olhos,
que já a tarde demorava
em que os lobos roubavam o Sol
como se de uivos se fizesse o tempo!
Mas fazes questão de parar
entristecendo o comboio que se atrasa,
molhando o seco do passeio
e ouvindo de bolsos vazios
o sangue adormecer-te as faces.
Enfim, a hora chega,
e cantas aos lençóis rasgados
que, na pressa das tuas corridas,
deixas-te à porta da nossa rua.
Pisas a relva sem forças,
e olhas sem dó, sem escutar.
Rebolas na neve que te ama
e deixas-me a divagar no escuro...
Onde, sozinho, brinco com a sombra do meu mundo!
Ricardo Costa
que já a tarde demorava
em que os lobos roubavam o Sol
como se de uivos se fizesse o tempo!
Mas fazes questão de parar
entristecendo o comboio que se atrasa,
molhando o seco do passeio
e ouvindo de bolsos vazios
o sangue adormecer-te as faces.
Enfim, a hora chega,
e cantas aos lençóis rasgados
que, na pressa das tuas corridas,
deixas-te à porta da nossa rua.
Pisas a relva sem forças,
e olhas sem dó, sem escutar.
Rebolas na neve que te ama
e deixas-me a divagar no escuro...
Onde, sozinho, brinco com a sombra do meu mundo!
Ricardo Costa
/7.
Adeus Sr. Capitão! Que esses mares cruzas
Em busca do distante e do canto de algumas musas!
Saudações com armas e canhões! Ao vento grita a voz
Que, em alto, sai dos pulmões, um desabafo de pureza atroz.
Ao Sol que se deita sonolento, sobre as nuvens passageiras
Como um desejo de contentamento, essas saudações derradeiras!
Ó Sr. Capitão! Ó Deus que reina, solitários, as águas
Se ao prenderes a solidão, esqueces os que amas e suas mágoas!
Digo então esse adeus! Como de bom grado me faço rir
Esqueço todo o momento passado lembrando-me só que...morri!
Ricardo Costa
Em busca do distante e do canto de algumas musas!
Saudações com armas e canhões! Ao vento grita a voz
Que, em alto, sai dos pulmões, um desabafo de pureza atroz.
Ao Sol que se deita sonolento, sobre as nuvens passageiras
Como um desejo de contentamento, essas saudações derradeiras!
Ó Sr. Capitão! Ó Deus que reina, solitários, as águas
Se ao prenderes a solidão, esqueces os que amas e suas mágoas!
Digo então esse adeus! Como de bom grado me faço rir
Esqueço todo o momento passado lembrando-me só que...morri!
Ricardo Costa
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
/6. (O rapaz que prendeu o vento)
O rapaz que prendeu o vento
Esqueceu-se de segurar
E, coitado, que nesse momento
Pelo ar saiu a voar.
Tocou as nuvens lá no alto
Cumprimentou a Lua de passagem
Viu Mercúrio, deu lá um salto
Ao sair deixou a bagagem.
Em Marte se acomodou
Pensava só em se divertir
O vento, cansado, o empurrou
Deixando-o, em queda livre, cair.
Foi ao cair que ele acordou
Já o vento tinha ido
Só uma brisa lhe restou
Do vento que tinha prendido.
Ricardo Costa
Esqueceu-se de segurar
E, coitado, que nesse momento
Pelo ar saiu a voar.
Tocou as nuvens lá no alto
Cumprimentou a Lua de passagem
Viu Mercúrio, deu lá um salto
Ao sair deixou a bagagem.
Em Marte se acomodou
Pensava só em se divertir
O vento, cansado, o empurrou
Deixando-o, em queda livre, cair.
Foi ao cair que ele acordou
Já o vento tinha ido
Só uma brisa lhe restou
Do vento que tinha prendido.
Ricardo Costa
/5.
Uma noite.
O Sim e o Não aceitam-se
em papeis inesperados.
Todo o peso dos venenos.
Qualquer um de nós
envolvidos em desejo carnal!
Os sonos que se dormem
acontecem de barriga para o ar...
Respira a solidão do meu abraço!
Ricardo Costa
O Sim e o Não aceitam-se
em papeis inesperados.
Todo o peso dos venenos.
Qualquer um de nós
envolvidos em desejo carnal!
Os sonos que se dormem
acontecem de barriga para o ar...
Respira a solidão do meu abraço!
Ricardo Costa
terça-feira, 28 de setembro de 2010
Morrer de improviso
Quem me dera ser o tipo de homem
que morre descansado
sobre os arrepios de um sorriso improvisado!
Ricardo Costa
que morre descansado
sobre os arrepios de um sorriso improvisado!
Ricardo Costa
/3.
Uma lágrima
Solta
Prendeu-se nas cortinas
O vento a leva
Só
Deixou-me...
Sorri para mim
Azul
E toca-lhe suavemente
E o fim
Onde?
No princípio do nosso beijo!
Ricardo Costa
Solta
Prendeu-se nas cortinas
O vento a leva
Só
Deixou-me...
Sorri para mim
Azul
E toca-lhe suavemente
E o fim
Onde?
No princípio do nosso beijo!
Ricardo Costa
/2.
Quando pintarem o teu nome nas estrelas
e todo o fumo se rir,
deixa te ser um coração despedaçado,
e, por um momento,
sê invisível a todos os olhares.
Assim, quando acordares
verás que foi tudo um sonho...
E voltarás a sorrir.
Ricardo Costa
e todo o fumo se rir,
deixa te ser um coração despedaçado,
e, por um momento,
sê invisível a todos os olhares.
Assim, quando acordares
verás que foi tudo um sonho...
E voltarás a sorrir.
Ricardo Costa
/1.
Como se a noite fosse gaivota
ao bater as assas
caísse do céu um pedaço de anjo.
Por ventura
os loucos deixariam suas tocas
e tu,
finalmente espreitarias entre as nuvens!
Ricardo Costa
ao bater as assas
caísse do céu um pedaço de anjo.
Por ventura
os loucos deixariam suas tocas
e tu,
finalmente espreitarias entre as nuvens!
Ricardo Costa
domingo, 26 de setembro de 2010
Os teus seios
Teus seios, quando os toco entre beijos
Em anseios de louco apaixonado
São o expoente dos meus desejos
Em momentos excitantes de pecado!
Teu corpo, como o sinto ao tocar
Em arrepios de perfeita satisfação
Como dois seres no acto de se amar
Perdidos entre a loucura e a perdição.
Já entre os lençóis, o teu suave calor
Queima a vista aos teus seios desnudados
Que mais será se não for o amor
A ferramenta do coração para ficarmos escravos?
Ricardo Costa
Em anseios de louco apaixonado
São o expoente dos meus desejos
Em momentos excitantes de pecado!
Teu corpo, como o sinto ao tocar
Em arrepios de perfeita satisfação
Como dois seres no acto de se amar
Perdidos entre a loucura e a perdição.
Já entre os lençóis, o teu suave calor
Queima a vista aos teus seios desnudados
Que mais será se não for o amor
A ferramenta do coração para ficarmos escravos?
Ricardo Costa
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Ás vezes só me apetece dormir e deixar as escritas para quem as sabe
Ás vezes só me apetece dormir e deixar as escritas para quem as sabe,
E quem as sabe se não eu, que tudo julgo saber?
Escrevo pensamentos como o vento fustiga as árvores solitárias,
E cada uma ama-se a si,
Onde o amor é só um pensamento que faço brotar do chão!
Amar cansa o pensamento...
Eu que me esqueço de dormir para acordado imaginar que sonho,
e o sonho escreve a solidão da noite passada em claro,
Nem sei!
Do quanto do desejo de não escrever se faz a minha vontade de pegar a caneta!
Todo eu sou um farrapo de desejos,
Se ao imaginarem os desejos os virem sem pernas para andar!
Se vejo a mão, por ironia sou cego de outros sentidos
Mas só o sono me é privado aquando a altura de me desejar uma morte!
Deixai esta alma deitar-se sobre o seu leito de inexistência,
E perder-se nas montanhas de rabiscos que a sua respiração desenha no ar gelado!
Por ventura a escrita será mais que o meu sangue
E eu morrerei num último capítulo que a minha alma encena!
Finalmente o sono...
Ricardo Costa
E quem as sabe se não eu, que tudo julgo saber?
Escrevo pensamentos como o vento fustiga as árvores solitárias,
E cada uma ama-se a si,
Onde o amor é só um pensamento que faço brotar do chão!
Amar cansa o pensamento...
Eu que me esqueço de dormir para acordado imaginar que sonho,
e o sonho escreve a solidão da noite passada em claro,
Nem sei!
Do quanto do desejo de não escrever se faz a minha vontade de pegar a caneta!
Todo eu sou um farrapo de desejos,
Se ao imaginarem os desejos os virem sem pernas para andar!
Se vejo a mão, por ironia sou cego de outros sentidos
Mas só o sono me é privado aquando a altura de me desejar uma morte!
Deixai esta alma deitar-se sobre o seu leito de inexistência,
E perder-se nas montanhas de rabiscos que a sua respiração desenha no ar gelado!
Por ventura a escrita será mais que o meu sangue
E eu morrerei num último capítulo que a minha alma encena!
Finalmente o sono...
Ricardo Costa
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
::amor::
Quem sabe o que é amor
Julga sem saber
Pois amor é uma dor
E a quem ama faz sofrer.
É muito mais que felicidade
É um misto de agonia
E quem se ama de verdade
Vai deixar de amar um dia.
Mas quem é Rei para mandar
Por um açaime ao coração
Deixar ele não amar
Preso numa eterna solidão.
Já quem ama muito, esquece
De ao passado espreitar
Esse amor que enlouquece
Já foi acusado de matar!
Por mais que se diga, é vã
A tentativa de mostrar
Que qualquer mente sã
Pôs de lado o seu amar.
Ah, mas para quê esforçar
As pessoas vão entender
Quando o coração reclamar
Com ânsias de morrer.
O amor assim é
Nada de bom vem de graça
Vai definhando até
Cair em sua verdadeira desgraça.
Ricardo Costa
Julga sem saber
Pois amor é uma dor
E a quem ama faz sofrer.
É muito mais que felicidade
É um misto de agonia
E quem se ama de verdade
Vai deixar de amar um dia.
Mas quem é Rei para mandar
Por um açaime ao coração
Deixar ele não amar
Preso numa eterna solidão.
Já quem ama muito, esquece
De ao passado espreitar
Esse amor que enlouquece
Já foi acusado de matar!
Por mais que se diga, é vã
A tentativa de mostrar
Que qualquer mente sã
Pôs de lado o seu amar.
Ah, mas para quê esforçar
As pessoas vão entender
Quando o coração reclamar
Com ânsias de morrer.
O amor assim é
Nada de bom vem de graça
Vai definhando até
Cair em sua verdadeira desgraça.
Ricardo Costa
Por labirintos e alçapões
Por labirintos e alçapões
Se escondem pequenos enredos
Que de grandes corações
Se desdobram em seus segredos.
Em suaves passadas silenciosas
Que caem ao chão desamparadas
As vontades ociosas
Das verdades não contadas.
Entre os alçapões e labirintos
Vejo a peça se desenvolver
São de caçador os instintos
Os instintos de se (vi)ver.
Ricardo Costa
Se escondem pequenos enredos
Que de grandes corações
Se desdobram em seus segredos.
Em suaves passadas silenciosas
Que caem ao chão desamparadas
As vontades ociosas
Das verdades não contadas.
Entre os alçapões e labirintos
Vejo a peça se desenvolver
São de caçador os instintos
Os instintos de se (vi)ver.
Ricardo Costa
"Parece que o destino nos quebrou"
Parece que o destino nos quebrou
Mesmo que não certo seja
O que demais falsamente sobrou
Um tesouro que tanto deseja.
O certo é que está quebrado
Nasceu a plena divisão
Voodoo, magia e mau olhado
Dor, tristeza e solidão.
Seja como for, assim o é
Resta obedecer ás ordens do fado
Aguentar a raiva até
O destino quebrar um outro lado.
Ricardo Costa
Mesmo que não certo seja
O que demais falsamente sobrou
Um tesouro que tanto deseja.
O certo é que está quebrado
Nasceu a plena divisão
Voodoo, magia e mau olhado
Dor, tristeza e solidão.
Seja como for, assim o é
Resta obedecer ás ordens do fado
Aguentar a raiva até
O destino quebrar um outro lado.
Ricardo Costa
sábado, 18 de setembro de 2010
Parece
Parece que este fogo nos queimou
deixando na pele seca
uma gota molhada de orvalho
parece que este veneno nos curou
matando em nós
os sacrifícios de um buraco ausente
quem permaneceu sentado?
parece que o táxi se atrasou
gozando as drogas
e vendendo as nossas almas aos céus
parece que os ventos se calaram
e os bancos de jardim
se envolveram fisicamente
de quem são os sapatos já gastos?
parece que eles se renunciaram
e os sóis enlutaram
por uma peça de roupa gasta
parece que os filmes se pintaram
e todos os sinais
se negaram em afirmações falsas
quem escreve com as mãos atadas?
parece que as mortes se alegram
os jornais caem
e o chão se conhece melhor
parece que os navios não largaram
as nuvens ficaram sós
e as estradas sem rumo e sem vista
quem deu de comer aos ursos?
parece que os papeis se rasgaram
as vozes abriram as gavetas
e os leões se tornaram homens
parece que os deuses caíram
as saudades governam o mundo
e a ira conheceu a sua família
quem ouviu a música e o silêncio
parece que a verdade se esconde
os narizes se arrependem
e os cheiros se agonizam em saudações
parece que o mundo é quadrado
os sentimentos amarrando-se
e os cavalos correndo com as sensações
quem deixou o fumo entrar em casa?
parece que tudo se acabou
os sorrisos se esqueceram
e as bocas adoptam o ódio perdido
parece que a guerra já venceu
as agonias já procriaram
e os medos receiam todos os olhares indiscretos...
Ricardo Costa
deixando na pele seca
uma gota molhada de orvalho
parece que este veneno nos curou
matando em nós
os sacrifícios de um buraco ausente
quem permaneceu sentado?
parece que o táxi se atrasou
gozando as drogas
e vendendo as nossas almas aos céus
parece que os ventos se calaram
e os bancos de jardim
se envolveram fisicamente
de quem são os sapatos já gastos?
parece que eles se renunciaram
e os sóis enlutaram
por uma peça de roupa gasta
parece que os filmes se pintaram
e todos os sinais
se negaram em afirmações falsas
quem escreve com as mãos atadas?
parece que as mortes se alegram
os jornais caem
e o chão se conhece melhor
parece que os navios não largaram
as nuvens ficaram sós
e as estradas sem rumo e sem vista
quem deu de comer aos ursos?
parece que os papeis se rasgaram
as vozes abriram as gavetas
e os leões se tornaram homens
parece que os deuses caíram
as saudades governam o mundo
e a ira conheceu a sua família
quem ouviu a música e o silêncio
parece que a verdade se esconde
os narizes se arrependem
e os cheiros se agonizam em saudações
parece que o mundo é quadrado
os sentimentos amarrando-se
e os cavalos correndo com as sensações
quem deixou o fumo entrar em casa?
parece que tudo se acabou
os sorrisos se esqueceram
e as bocas adoptam o ódio perdido
parece que a guerra já venceu
as agonias já procriaram
e os medos receiam todos os olhares indiscretos...
Ricardo Costa
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Mais do que te sei dizer
É sempre mais
do que te consigo olhar
sem retrair o coração e afastar-me
suavemente
abafando os meus passos
São de inúmeros silêncios contados
e olhares desviados
que as nossas conversas se fazem
E sempre fechadas
estão as ruas e as lojas de alegria,
assim como as tuas mãos
que anseiam contactos.
Só se abrem os jardins
e os teus ouvidos
como qual flor esperando o
seu pássaro predilecto!
De todas as portas e casas
se ouve o burburinho de remorsos
mal contados
e de amores não falados!
E assim se fazem as tristezas...
A luz só o teu sorriso
e os meus aconchegos tardando,
enquanto cada passo conta
e cada dia morre na saudade!
Mas mil palavras é demasiado pouco
assim como em mil estradas
não chego ao pé de ti...
É sempre mais do que te sei dizer,
Amo-te é apenas o início...
Ricardo Costa
do que te consigo olhar
sem retrair o coração e afastar-me
suavemente
abafando os meus passos
São de inúmeros silêncios contados
e olhares desviados
que as nossas conversas se fazem
E sempre fechadas
estão as ruas e as lojas de alegria,
assim como as tuas mãos
que anseiam contactos.
Só se abrem os jardins
e os teus ouvidos
como qual flor esperando o
seu pássaro predilecto!
De todas as portas e casas
se ouve o burburinho de remorsos
mal contados
e de amores não falados!
E assim se fazem as tristezas...
A luz só o teu sorriso
e os meus aconchegos tardando,
enquanto cada passo conta
e cada dia morre na saudade!
Mas mil palavras é demasiado pouco
assim como em mil estradas
não chego ao pé de ti...
É sempre mais do que te sei dizer,
Amo-te é apenas o início...
Ricardo Costa
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Ladrões vagabundos
Em refúgios se acanham
Que os querem secretos
Os homens que estranham
Todos os actos correctos
Em suas vidas perdidas
Nas ruelas escurecidas
Onde forjam seus passados
Imaginando-se perdoados
E suas maldades esquecidas!
Idolatram a ignorância
Sem uma ponta de saber
Culpando uma má infância
Como que justifique seu fazer
A maldade em suas mentes
Os pensamentos delirantes
Tudo como maldição
O antro de perdição
Desses vadios delinquentes!
E é viver em receio
Desses ladrões vagabundos
Que reinam sem enleio
Seus terríveis submundos
Onde as regras não existem
Os cobardes não resistem
As leis não se aplicam
As mortes se intensificam
E as maldades persistem!
Ricardo Costa
Que os querem secretos
Os homens que estranham
Todos os actos correctos
Em suas vidas perdidas
Nas ruelas escurecidas
Onde forjam seus passados
Imaginando-se perdoados
E suas maldades esquecidas!
Idolatram a ignorância
Sem uma ponta de saber
Culpando uma má infância
Como que justifique seu fazer
A maldade em suas mentes
Os pensamentos delirantes
Tudo como maldição
O antro de perdição
Desses vadios delinquentes!
E é viver em receio
Desses ladrões vagabundos
Que reinam sem enleio
Seus terríveis submundos
Onde as regras não existem
Os cobardes não resistem
As leis não se aplicam
As mortes se intensificam
E as maldades persistem!
Ricardo Costa
Quem diz?
Quem diz que não posso esconder toda a minha
boa vontade num pequeno frasco debaixo do travesseiro,
E dar um passo para a solidão?
Ricardo Costa
boa vontade num pequeno frasco debaixo do travesseiro,
E dar um passo para a solidão?
Ricardo Costa
sábado, 11 de setembro de 2010
Princesa
O mar nunca cai em solidão
assim como
os teus olhos nunca falam sozinhos.
É como o gesto de te entregar uma flor,
simples e belo...
As perdições desses teus reflexos faciais!
Os desvios mortais dos teus cabelos loiros
em espreguiçadelas das tuas mãos
cobrindo o arco-íris e os pássaros
em voos rasos...
Doces ternuras, os teus lábios de mel.
Resvala sem sentido em ódios mortais
o teu corpo de deusa!
A estranheza da burguesia dos teus actos,
só a tua solidão
morre antes de as ondas se tocarem!
Contorces as feições de raiva e, mesmo assim,
ofuscas o Sol...
Cobre-te o nevoeiro de final de dia,
como de um azul cerrado se refugia o teu sorriso.
A cumplicidade do tempo chama-se
e os jardins dão o toque de recolher.
A princesa mergulha nas sombras
e deixa o rasto de fumo que a sua passagem
transforma em ouro.
Ricardo Costa
assim como
os teus olhos nunca falam sozinhos.
É como o gesto de te entregar uma flor,
simples e belo...
As perdições desses teus reflexos faciais!
Os desvios mortais dos teus cabelos loiros
em espreguiçadelas das tuas mãos
cobrindo o arco-íris e os pássaros
em voos rasos...
Doces ternuras, os teus lábios de mel.
Resvala sem sentido em ódios mortais
o teu corpo de deusa!
A estranheza da burguesia dos teus actos,
só a tua solidão
morre antes de as ondas se tocarem!
Contorces as feições de raiva e, mesmo assim,
ofuscas o Sol...
Cobre-te o nevoeiro de final de dia,
como de um azul cerrado se refugia o teu sorriso.
A cumplicidade do tempo chama-se
e os jardins dão o toque de recolher.
A princesa mergulha nas sombras
e deixa o rasto de fumo que a sua passagem
transforma em ouro.
Ricardo Costa
Quarto
Corra as cortinas, os lençóis
e atira-se
atingindo a cama.
Apanhe do chão os remorsos
e envolve-os nas almofadas.
Deixe a luz do quarto acesa
para ver onde vai pisando a sua felicidade.
Não morra
enquanto não vir as suas fotografias partidas!
Durma o sono dos vagabundos
e quando acordar
abra as cortinas e cumprimente o sol.
Ricardo Costa
e atira-se
atingindo a cama.
Apanhe do chão os remorsos
e envolve-os nas almofadas.
Deixe a luz do quarto acesa
para ver onde vai pisando a sua felicidade.
Não morra
enquanto não vir as suas fotografias partidas!
Durma o sono dos vagabundos
e quando acordar
abra as cortinas e cumprimente o sol.
Ricardo Costa
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Quanto da vida são momentos não aproveitados?
Quanto da noite são imagens tuas?
E, de todos os arrepios que me ofereces
em vozes soluçadas,
qual deles tu realmente queres dizer?
Acredito que só me amas parcialmente,
em horas definidas
mas que acabam tristemente sós...
Nem sempre é o tempo que se atrasa,
o amor pode
fazer as horas se esquecerem.
E tu julgas-te cega...
Ao fechar os olhos inocentes
e fazendo por não acreditar!
A prisão de um mundo opaco de sentimentos
é um passo em direcção à morte,
caminha com cuidado...
Quantos buracos achas que tem o chão que pisas?
Ampara-te em mim.
Ampara-te ao nós que quero inventar
e, se conseguires,
ouve as pisadas do meu coração pois, lá
no escuro, ele sabe o caminho
mais seguro para tu atravessares...
Aproveita!
Quantas vidas achas que podes amar?
Morre e vê por ti,
todos os demónios têm a tua história de solidão!
Vive de maneira diferente...
Sorri para fora,
sorri para dentro...
Sorri ao mundo e espera o troco de braços abertos.
Deixa os teus medos cair
chora as tuas desgraças
percebe-te igual a todos, mas diferente o suficiente...
Quanto da vida são momentos não aproveitados?
Não faças caso,
envolve a tua mão na minha que se estende,
e, deixa que a vida se desenhe
em pedaços de alegria que possas guardar no coração!
Recorda.
Ama.
Vive.
Ricardo Costa
E, de todos os arrepios que me ofereces
em vozes soluçadas,
qual deles tu realmente queres dizer?
Acredito que só me amas parcialmente,
em horas definidas
mas que acabam tristemente sós...
Nem sempre é o tempo que se atrasa,
o amor pode
fazer as horas se esquecerem.
E tu julgas-te cega...
Ao fechar os olhos inocentes
e fazendo por não acreditar!
A prisão de um mundo opaco de sentimentos
é um passo em direcção à morte,
caminha com cuidado...
Quantos buracos achas que tem o chão que pisas?
Ampara-te em mim.
Ampara-te ao nós que quero inventar
e, se conseguires,
ouve as pisadas do meu coração pois, lá
no escuro, ele sabe o caminho
mais seguro para tu atravessares...
Aproveita!
Quantas vidas achas que podes amar?
Morre e vê por ti,
todos os demónios têm a tua história de solidão!
Vive de maneira diferente...
Sorri para fora,
sorri para dentro...
Sorri ao mundo e espera o troco de braços abertos.
Deixa os teus medos cair
chora as tuas desgraças
percebe-te igual a todos, mas diferente o suficiente...
Quanto da vida são momentos não aproveitados?
Não faças caso,
envolve a tua mão na minha que se estende,
e, deixa que a vida se desenhe
em pedaços de alegria que possas guardar no coração!
Recorda.
Ama.
Vive.
Ricardo Costa
terça-feira, 7 de setembro de 2010
Rio da Morte
Fluem as águas escuras em seu rodopio,
que da triste noite se enlutaram
do sangue vil que os cavaleiros derramaram
nas margens secas do assombroso rio.
O tempo passou, mas permaneceu o frio
chama gelada dos que lá morreram
Fados esquecidos, heróis pereceram
ao Mundo se desconhece seu lado sombrio.
Tudo tem já decidido, a história;
Esquecerem os livros sua localização,
heróis falecidos sem grande sorte.
Contudo, guardados estão na memória;
De Reis se faz sua nova coroação,
dos que lá ficaram, no Rio da Morte.
Ricardo Costa
que da triste noite se enlutaram
do sangue vil que os cavaleiros derramaram
nas margens secas do assombroso rio.
O tempo passou, mas permaneceu o frio
chama gelada dos que lá morreram
Fados esquecidos, heróis pereceram
ao Mundo se desconhece seu lado sombrio.
Tudo tem já decidido, a história;
Esquecerem os livros sua localização,
heróis falecidos sem grande sorte.
Contudo, guardados estão na memória;
De Reis se faz sua nova coroação,
dos que lá ficaram, no Rio da Morte.
Ricardo Costa
domingo, 5 de setembro de 2010
The stone and thunder
Trough the stone in the path
i walk my feet among the shadows,
see the dragon
see the beats
call the devil, call the wind.
Nothing more than a reckless feeling,
suffering,
when the lights disapear
and the switch has been destroyed
remaining only fear!
I raise my head to the thunder
i bow in respect to death,
i give myself
like a coward
run, run, run, run...
just running away!
I crush my silende in the mirror,
put my back againts the wall
taking the sword with a broken hand
close the eyes
and jumping to the dark!
And..nothing!
Absence of gravity,
only air
just a body...
The stone is falling
and
falling with thunder!
I crawl on the ground
but now...
I'm realy dead!
Ricardo Costa
i walk my feet among the shadows,
see the dragon
see the beats
call the devil, call the wind.
Nothing more than a reckless feeling,
suffering,
when the lights disapear
and the switch has been destroyed
remaining only fear!
I raise my head to the thunder
i bow in respect to death,
i give myself
like a coward
run, run, run, run...
just running away!
I crush my silende in the mirror,
put my back againts the wall
taking the sword with a broken hand
close the eyes
and jumping to the dark!
And..nothing!
Absence of gravity,
only air
just a body...
The stone is falling
and
falling with thunder!
I crawl on the ground
but now...
I'm realy dead!
Ricardo Costa
sábado, 4 de setembro de 2010
24.00h
é o espelho
só
embaraços
pés entrelaçados
lábios secos
poesia
doces amargos
lutadores de rua
casas caídas
hoje
gatos pardos
pradarias despidas
mulheres da vida
lua
carros de mão
pincéis de papel
paredes pintadas
olhares
sinfonias melódicas
prazeres discretos
saber irónico
vazios
mato rasteiro
frutas coloridas
pedras no caminho
cabelos
vento distraído
sopros e suspiros
corações despedaçados
nuvens
força mística
saltos de tempo
raios de luz
comboios
sorrisos de amor
figuras em sombra
vestidos de malha
moedas
esquinas e bebidas
cheiros afrodisíacos
colares de ouro
seios
ruas mal iluminadas
sons ocos
instrumentos sem som
ritmos
silêncio inesperado
saudades
gestos vazios
portões
passadas de desrespeito
delícias de inverno
tempo de verão
primavera
chuvas de outono
escritas sem sentido
papel deformado
rosto
olhos de louco
fotografias de noite
barulhos esquisitos
vozes
imagens perdidas
paraíso terreno
ladrões de tesouro
mapa
cama desfeita
minha casa
corpo deitado
morte
vida já passada.
meia noite
novo dia
sol
renascimento
Ricardo Costa
só
embaraços
pés entrelaçados
lábios secos
poesia
doces amargos
lutadores de rua
casas caídas
hoje
gatos pardos
pradarias despidas
mulheres da vida
lua
carros de mão
pincéis de papel
paredes pintadas
olhares
sinfonias melódicas
prazeres discretos
saber irónico
vazios
mato rasteiro
frutas coloridas
pedras no caminho
cabelos
vento distraído
sopros e suspiros
corações despedaçados
nuvens
força mística
saltos de tempo
raios de luz
comboios
sorrisos de amor
figuras em sombra
vestidos de malha
moedas
esquinas e bebidas
cheiros afrodisíacos
colares de ouro
seios
ruas mal iluminadas
sons ocos
instrumentos sem som
ritmos
silêncio inesperado
saudades
gestos vazios
portões
passadas de desrespeito
delícias de inverno
tempo de verão
primavera
chuvas de outono
escritas sem sentido
papel deformado
rosto
olhos de louco
fotografias de noite
barulhos esquisitos
vozes
imagens perdidas
paraíso terreno
ladrões de tesouro
mapa
cama desfeita
minha casa
corpo deitado
morte
vida já passada.
meia noite
novo dia
sol
renascimento
Ricardo Costa
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Um sorriso: Um amor: Uma morte...
Falo-te como quem adormece
e enquanto a manhã se estende
nas janelas abertas.
A morte faz em mim seu desenho,
qual veneno mortal,
leva-me a uma doce loucura
e melancólica saudade.
O mundo senta-se plácido sobre si
em seus mares de agonia
e desmorona-se num qualquer deserto de desespero.
A noite jamais cairá
e só o ar entre as árvores
nos dará a certeza das incertezas
que se escondem na penumbra.
Colhe em mãos suadas os pântanos salgados
que as lágrimas criam no infinito.
Rir em silêncio perturbando umas cores
ensaios sobre a cegueira e sobre o fogo,
lavas e correntes na encosta de uma montanha.
Rasgar uma carta de despedida,
um bilhete suicida em perfume caro,
e querer ver o desabrochar de um amor!
Eu sei,
escreves o teu nome em sangue seco.
Só o dia perdura em brincadeiras parvas
em ecos e sons graves
um único olhar cúmplice da vontade,
mas falsário de todas as mentiras que escreves
no teu olhar assassino.
Entrar num carreiro mal iluminado
só a tua mão me guia e me acha,
mas perco-me nas teias da tua saliva que,
aos poucos,
me vai hipnotizando e tirando o sabor acre
que me faz chorar!
Sapatilhas já gastas de correr...
Só os teus gestos que nada dizem me fazem
querer trepar o maldito muro.
Cair no vazio é por vezes a melhor forma de
saber quanto vale a nossa alma.
Deixo o mapa aberto se queimar e,
invento uma epidemia que me fere os pensamentos.
Uma greve, um despedimento...
Amarro meus poucos pertences a uma corda de pano
e atiro-me de pés para o vácuo
da garganta do poço sem fundo.
Só lá na escuridão posso ver a luz que o teu corpo
irradia,
mas sozinho e sem voz
digo que já não há amor e sim uma simples
vontade de poder amar
enquanto o fim da noite se enamora com o fim do mundo!
As mãos que me seguram as faces
estão tão frias
que é impossível eu não acreditar
que morri...
O suave toque do teu sorriso
fecha-se no meu peito
como se as portas do céu se abrissem
na escuridão da minha alma.
Tudo foi dito
mais ficou por dizer.
Mesmo assim, já não te quero amar.
Ricardo Costa
e enquanto a manhã se estende
nas janelas abertas.
A morte faz em mim seu desenho,
qual veneno mortal,
leva-me a uma doce loucura
e melancólica saudade.
O mundo senta-se plácido sobre si
em seus mares de agonia
e desmorona-se num qualquer deserto de desespero.
A noite jamais cairá
e só o ar entre as árvores
nos dará a certeza das incertezas
que se escondem na penumbra.
Colhe em mãos suadas os pântanos salgados
que as lágrimas criam no infinito.
Rir em silêncio perturbando umas cores
ensaios sobre a cegueira e sobre o fogo,
lavas e correntes na encosta de uma montanha.
Rasgar uma carta de despedida,
um bilhete suicida em perfume caro,
e querer ver o desabrochar de um amor!
Eu sei,
escreves o teu nome em sangue seco.
Só o dia perdura em brincadeiras parvas
em ecos e sons graves
um único olhar cúmplice da vontade,
mas falsário de todas as mentiras que escreves
no teu olhar assassino.
Entrar num carreiro mal iluminado
só a tua mão me guia e me acha,
mas perco-me nas teias da tua saliva que,
aos poucos,
me vai hipnotizando e tirando o sabor acre
que me faz chorar!
Sapatilhas já gastas de correr...
Só os teus gestos que nada dizem me fazem
querer trepar o maldito muro.
Cair no vazio é por vezes a melhor forma de
saber quanto vale a nossa alma.
Deixo o mapa aberto se queimar e,
invento uma epidemia que me fere os pensamentos.
Uma greve, um despedimento...
Amarro meus poucos pertences a uma corda de pano
e atiro-me de pés para o vácuo
da garganta do poço sem fundo.
Só lá na escuridão posso ver a luz que o teu corpo
irradia,
mas sozinho e sem voz
digo que já não há amor e sim uma simples
vontade de poder amar
enquanto o fim da noite se enamora com o fim do mundo!
As mãos que me seguram as faces
estão tão frias
que é impossível eu não acreditar
que morri...
O suave toque do teu sorriso
fecha-se no meu peito
como se as portas do céu se abrissem
na escuridão da minha alma.
Tudo foi dito
mais ficou por dizer.
Mesmo assim, já não te quero amar.
Ricardo Costa
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
17
Dentro do caderno, uma folha
e um sorriso
quando se fala numa antiga ternura
já por lá se fez menos
Dentro de um sorriso, uma voz
e um olhar
quando canta um regresso esperado
e um querido aconchego
Dentro de um olhar, uma imagem
e um navio
que vive e canta alegremente
enquanto passa...
Ricardo Costa
e um sorriso
quando se fala numa antiga ternura
já por lá se fez menos
Dentro de um sorriso, uma voz
e um olhar
quando canta um regresso esperado
e um querido aconchego
Dentro de um olhar, uma imagem
e um navio
que vive e canta alegremente
enquanto passa...
Ricardo Costa
A que portas?
Quando fechas as tuas mentiras,
a que portas julgas
que elas vão bater?
Fantasia comigo
já que a visão foge dos teus olhos
e és cega...
Não mintas mais.
Dá o troco do que recebes e,
Ama-me.
Ricardo Costa
a que portas julgas
que elas vão bater?
Fantasia comigo
já que a visão foge dos teus olhos
e és cega...
Não mintas mais.
Dá o troco do que recebes e,
Ama-me.
Ricardo Costa
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Morte
Vou morrer assim, gritando
entre o eterno pesadelo nervoso
e feroz
e no vácuo desta ponte, desfaço-me pela
gruta em sangue cego
que agrava o cancro do meu coração.
Todos os sussurros da minha morte
farão a lua palpitar de emoção
quando o mar acordar da sua maliciosa sinfonia.
Deixem as minhas plantas secarem
e morrerem em silencio.
Ricardo Costa
entre o eterno pesadelo nervoso
e feroz
e no vácuo desta ponte, desfaço-me pela
gruta em sangue cego
que agrava o cancro do meu coração.
Todos os sussurros da minha morte
farão a lua palpitar de emoção
quando o mar acordar da sua maliciosa sinfonia.
Deixem as minhas plantas secarem
e morrerem em silencio.
Ricardo Costa
Se eu pudesse...
Se eu pudesse ser a brisa que te fustiga os cabelos.
Se eu pudesse ser um suave acorde de uma harpa de ouro.
Se eu pudesse ser as flores que colhes suavemente.
Se eu pudesse ser o bater do teu coração.
Se eu pudesse ser o romance que tu lês.
Se eu pudesse ser um avião que cruza o céu.
Se eu pudesse ser o fogo que te aquece nas noites frias.
Se eu pudesse mover montanhas.
Se eu pudesse ser um príncipe encantado.
Se eu pudesse ser uma espécie de Deus.
Se eu pudesse ser uma saudade esquecida.
Se eu pudesse amar-te em mentira.
Se eu pudesse chorar ouro.
Se eu pudesse ser um animal selvagem.
Se eu pudesse ser uma onda no mar.
Se eu pudesse aquecer a água da chuva.
Se eu pudesse ser um raio de Sol.
Se eu pudesse ser um dos teus amores.
Se eu pudesse ser um pedaço de vida.
Se eu pudesse ser a estrada pela qual te guias.
Se eu pudesse esculpir o teu corpo.
Se eu pudesse gritar em surdina.
Se eu pudesse ser um poeta de alegrias.
Se eu pudesse com o mundo a meus ombros.
Se eu pudesse ser um bom augúrio.
Se eu pudesse crescer como uma árvore na floresta.
Se eu pudesse ser transparente.
Se eu pudesse adorar sem conhecer a tristeza.
Se eu pudesse demorar a minha morte.
Se eu pudesse ser dono sem possuir.
Se eu pudesse ser um pássaro no ar.
Se eu pudesse ser um bocado do ar nas cortinas.
Se eu pudesse ser a janela do teu mundo.
Se eu pudesse ser um Leão livre.
Se eu pudesse ser uma terra inexplorada.
Se eu pudesse ser um tesouro escondido.
Se eu pudesse ser pirata.
Se eu pudesse sentir o gosto ao sangue.
Se eu pudesse ser assassino sem remorsos.
Se eu pudesse cometer suicídio sem olhar para trás.
Se eu pudesse ser um mero refém.
Se eu pudesse ser uma pequena aranha.
Se eu pudesse prender-te na minha teia.
Se eu pudesse ser um diário da nossa paixão.
Se eu pudesse dizer que ela existiu.
Se eu pudesse ser ladrão.
Se eu pudesse roubar o que levas ao peito.
Se eu pudesse ser como um cofre seguro.
Se eu pudesse dizer que me amas.
Se eu pudesse...
Ricardo Costa
Se eu pudesse ser um suave acorde de uma harpa de ouro.
Se eu pudesse ser as flores que colhes suavemente.
Se eu pudesse ser o bater do teu coração.
Se eu pudesse ser o romance que tu lês.
Se eu pudesse ser um avião que cruza o céu.
Se eu pudesse ser o fogo que te aquece nas noites frias.
Se eu pudesse mover montanhas.
Se eu pudesse ser um príncipe encantado.
Se eu pudesse ser uma espécie de Deus.
Se eu pudesse ser uma saudade esquecida.
Se eu pudesse amar-te em mentira.
Se eu pudesse chorar ouro.
Se eu pudesse ser um animal selvagem.
Se eu pudesse ser uma onda no mar.
Se eu pudesse aquecer a água da chuva.
Se eu pudesse ser um raio de Sol.
Se eu pudesse ser um dos teus amores.
Se eu pudesse ser um pedaço de vida.
Se eu pudesse ser a estrada pela qual te guias.
Se eu pudesse esculpir o teu corpo.
Se eu pudesse gritar em surdina.
Se eu pudesse ser um poeta de alegrias.
Se eu pudesse com o mundo a meus ombros.
Se eu pudesse ser um bom augúrio.
Se eu pudesse crescer como uma árvore na floresta.
Se eu pudesse ser transparente.
Se eu pudesse adorar sem conhecer a tristeza.
Se eu pudesse demorar a minha morte.
Se eu pudesse ser dono sem possuir.
Se eu pudesse ser um pássaro no ar.
Se eu pudesse ser um bocado do ar nas cortinas.
Se eu pudesse ser a janela do teu mundo.
Se eu pudesse ser um Leão livre.
Se eu pudesse ser uma terra inexplorada.
Se eu pudesse ser um tesouro escondido.
Se eu pudesse ser pirata.
Se eu pudesse sentir o gosto ao sangue.
Se eu pudesse ser assassino sem remorsos.
Se eu pudesse cometer suicídio sem olhar para trás.
Se eu pudesse ser um mero refém.
Se eu pudesse ser uma pequena aranha.
Se eu pudesse prender-te na minha teia.
Se eu pudesse ser um diário da nossa paixão.
Se eu pudesse dizer que ela existiu.
Se eu pudesse ser ladrão.
Se eu pudesse roubar o que levas ao peito.
Se eu pudesse ser como um cofre seguro.
Se eu pudesse dizer que me amas.
Se eu pudesse...
Ricardo Costa
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Pequeno Inverno no Verão
E a chuva cai
como de uma torneira ligeiramente aberta.
O cinzento reina
em terras de Sol dourado,
enquanto as raízes do frio
sobem lentamente as paredes
de uma casa
tristemente habitada.
Há um amor perdido
como uma gaivota sente a falta do vento.
Só um chato tráfego de nuvens,
de cá para lá,
e um tempo de ira
que faz vaguear a memória para
outros dias,
outros calores
e sabores de uma alegria
agora ao relento.
São visitas inesperadas
estes Invernos repentinos e malfadados.
E aí existe um triste adeus,
a todo o Verão
e ao antigo céu mais limpo.
Malditos tempos,
que fazem os gritos loucos
as temperaturas descer!
Estes calafrios de agonia
e o choro pela tristeza do dia.
Só vale a pena fechar os olhos
e esperar,
mão no coração
e olhos no céu coberto
enquanto esse Inverno turista
não volta para casa.
Ricardo Costa
como de uma torneira ligeiramente aberta.
O cinzento reina
em terras de Sol dourado,
enquanto as raízes do frio
sobem lentamente as paredes
de uma casa
tristemente habitada.
Há um amor perdido
como uma gaivota sente a falta do vento.
Só um chato tráfego de nuvens,
de cá para lá,
e um tempo de ira
que faz vaguear a memória para
outros dias,
outros calores
e sabores de uma alegria
agora ao relento.
São visitas inesperadas
estes Invernos repentinos e malfadados.
E aí existe um triste adeus,
a todo o Verão
e ao antigo céu mais limpo.
Malditos tempos,
que fazem os gritos loucos
as temperaturas descer!
Estes calafrios de agonia
e o choro pela tristeza do dia.
Só vale a pena fechar os olhos
e esperar,
mão no coração
e olhos no céu coberto
enquanto esse Inverno turista
não volta para casa.
Ricardo Costa
domingo, 22 de agosto de 2010
Ascende a uma fadiga
Não espirres! Observa o branco das fotografias e figuras que os teus pés
traçam na areia dura de pedras
e formam palavras para o teu livro surripiado de uma estante perdida.
Dá as vozes aos mudos e remete-te ao teu desgraçado silêncio.
Ascende a uma plácida fadiga,
e deita-te nos ferros pontiagudos que te causam prazeres sádicos.
Abandona as luzes.
Apaga as velas do teu jantar (pseudo)romântico.
Põe-te em marcha lenta para nenhures.
Calca as pisadas passadas e remove cada ramo do lugar,
descalço,
para a dor sem bem real e te lembrares de cada passo.
Pede uma chávena de café gelado.
Forma um sim ao fechar os olhos,
e ensina o derradeiro valor do esquecimento.
Faz-te prazenteiro de amizades que fazes enquanto estás fechado em casa.
Grita em agonia, mas não estudes os gritos.
Sente só a raiva que flui pelo rio que se corre mesmo sem sapatilhas.
Não bebas água.
Cospe para o chão o cansaço que tens de sobra.
Adormece num nada de sítio, sem colchão ou cobertor que te tape,
e, sendo homem, deixa o sangue correr livremente.
Rouba para comer, e faz-te miserável na tua fartura.
Apreende todas as glórias entre os dentes e rasga a carne em encenações canibalescas.
Produz-te todo,
em perfumes e roupa cara, e leva o teu coração
a um suicídio digno de Rei.
Aprende a ser paciente, deixa as horas trabalharem.
Sê poeta falso, sendo a falsidade que julgas ter
um pouco da verdade que queres que seja esquecida pelos outros.
Cansa-te só de respirar e dá o ar que usas a outros.
Planeia uma loucura sedutora, uma enxovia de alucinações que te mantêm calado.
Fala alto,
para as tuas palavras alcançarem qualquer coisa.
Enforca-te numa tarde de Domingo, e tira o brilho a notícias sem jeito de ser.
Conta histórias de embalar à tua morte recém-nascida,
e diz-lhe que todos os buracos são uma nova casa para o teu descanso.
Nunca deixes a tua mão de fora.
Quem pedir para a espreitar, mostra as canções das estrelas para lá do espaço,
e das tentações que pousam no teu telhado.
Dá-te a ti um presente segredo.
Parte os braços ao abrir para teres uma alegria contida pela dor.
Sê comediante de bancada e julga os que andam na vida com as pontas dos pés,
tu que andaste com as plantas rasas
e com mais uns quantos de reserva.
Sobe há tua cama,
e deita-te; dorme; descansa; levanta-te; deita-te de novo;
Regula o teu sono para apanhares a luz da janela do lado esquerdo quando acordas.
Abstêm-te de comprimidos para dormir,
e nunca,
nunca maltrates os papagaios no parapeito.
Ganha juízo de velho e olha sem mexer.
Compra um caderno barato e desenha-te nu, com giz colorido,
e come os restos de frutos que caem da árvore no teu jardim.
Deixa que os furões corram livres para dizer as novidades aos seus amigos.
Nunca digas que estás pronto.
Aguenta a vontade e a ânsia de ser mais rápido, mais forte e melhor.
Lembra-te que o fim é igual para todos.
Faz de ti um carvalho caído no chão da floresta: sereno.
Pisca os olhos em flexões de pálpebra,
e cura todas as agonias numa porção de álcool.
Utiliza a filosofia mundana para preparares o teu folclore,
pinta-te de cores garridas
e sê, por uma vez, a alma da festa.
Anseia a tua liberdade.
Não ocultes os raios de Sol que te queimam as costas.
Não te afogues em lamentos
e permite aos seres do mar nadar sem uma poluição vermelha.
Fica sem saber como poderia ter sido se...
Limita-te a ser levado pela fadiga
Descansa...
Ricardo Costa
traçam na areia dura de pedras
e formam palavras para o teu livro surripiado de uma estante perdida.
Dá as vozes aos mudos e remete-te ao teu desgraçado silêncio.
Ascende a uma plácida fadiga,
e deita-te nos ferros pontiagudos que te causam prazeres sádicos.
Abandona as luzes.
Apaga as velas do teu jantar (pseudo)romântico.
Põe-te em marcha lenta para nenhures.
Calca as pisadas passadas e remove cada ramo do lugar,
descalço,
para a dor sem bem real e te lembrares de cada passo.
Pede uma chávena de café gelado.
Forma um sim ao fechar os olhos,
e ensina o derradeiro valor do esquecimento.
Faz-te prazenteiro de amizades que fazes enquanto estás fechado em casa.
Grita em agonia, mas não estudes os gritos.
Sente só a raiva que flui pelo rio que se corre mesmo sem sapatilhas.
Não bebas água.
Cospe para o chão o cansaço que tens de sobra.
Adormece num nada de sítio, sem colchão ou cobertor que te tape,
e, sendo homem, deixa o sangue correr livremente.
Rouba para comer, e faz-te miserável na tua fartura.
Apreende todas as glórias entre os dentes e rasga a carne em encenações canibalescas.
Produz-te todo,
em perfumes e roupa cara, e leva o teu coração
a um suicídio digno de Rei.
Aprende a ser paciente, deixa as horas trabalharem.
Sê poeta falso, sendo a falsidade que julgas ter
um pouco da verdade que queres que seja esquecida pelos outros.
Cansa-te só de respirar e dá o ar que usas a outros.
Planeia uma loucura sedutora, uma enxovia de alucinações que te mantêm calado.
Fala alto,
para as tuas palavras alcançarem qualquer coisa.
Enforca-te numa tarde de Domingo, e tira o brilho a notícias sem jeito de ser.
Conta histórias de embalar à tua morte recém-nascida,
e diz-lhe que todos os buracos são uma nova casa para o teu descanso.
Nunca deixes a tua mão de fora.
Quem pedir para a espreitar, mostra as canções das estrelas para lá do espaço,
e das tentações que pousam no teu telhado.
Dá-te a ti um presente segredo.
Parte os braços ao abrir para teres uma alegria contida pela dor.
Sê comediante de bancada e julga os que andam na vida com as pontas dos pés,
tu que andaste com as plantas rasas
e com mais uns quantos de reserva.
Sobe há tua cama,
e deita-te; dorme; descansa; levanta-te; deita-te de novo;
Regula o teu sono para apanhares a luz da janela do lado esquerdo quando acordas.
Abstêm-te de comprimidos para dormir,
e nunca,
nunca maltrates os papagaios no parapeito.
Ganha juízo de velho e olha sem mexer.
Compra um caderno barato e desenha-te nu, com giz colorido,
e come os restos de frutos que caem da árvore no teu jardim.
Deixa que os furões corram livres para dizer as novidades aos seus amigos.
Nunca digas que estás pronto.
Aguenta a vontade e a ânsia de ser mais rápido, mais forte e melhor.
Lembra-te que o fim é igual para todos.
Faz de ti um carvalho caído no chão da floresta: sereno.
Pisca os olhos em flexões de pálpebra,
e cura todas as agonias numa porção de álcool.
Utiliza a filosofia mundana para preparares o teu folclore,
pinta-te de cores garridas
e sê, por uma vez, a alma da festa.
Anseia a tua liberdade.
Não ocultes os raios de Sol que te queimam as costas.
Não te afogues em lamentos
e permite aos seres do mar nadar sem uma poluição vermelha.
Fica sem saber como poderia ter sido se...
Limita-te a ser levado pela fadiga
Descansa...
Ricardo Costa
sábado, 21 de agosto de 2010
Nunca esperes por ti
Nunca esperes por ti.
Fecha a ganância e a página aberta
de um afago morto
que se arrebata de carinhos no teu colo.
Não deixes os teus olhos verem: cegos.
Tapa a visão com o pano de lamurias aos ouvidos,
mas não aquelas que matam,
mas sim as que ferem e apodrecem o teu sentir.
Pensa em ti como pensas em mim: nada.
Colhe os frutos de uma má colheita,
empina o nariz a portas abertas de boa vontade
e faz-te sombria ao sol
quente na brisa fresca
e triste só por feliz ter menos letras.
Come as letras f do teu vocabulário.
Não mais pronunciarás em silêncio a palavra
que te arrebanha o coração
e te deixa leve e segura no nevoeiro.
Deixa que as horas se esqueçam.
Prende a chave ao pescoço e fecha o amor,
atira-te ao poço só e frio
e agoniza as feridas ensanguentadas das facas rombas
que as verdades empunham.
Perde as forças dos braços para não te segurares a esta vida!
Vê-te nos espelhos dos falsos,
e chora há tua maneira: rindo.
Receia as luzes e os natais, os presentes e os elogios,
morre desconhecida
e conhece-te mais morta.
Fala para ti sem dobrares a língua tal os golfinhos se banham
e as flores se cumprimentam.
Nunca deixes só o revólver,
não vá ele matar-se para que a tua vida seja poupada.
Escuta as vozes dos corvos negros: Tua morte próxima está;
e escreve no teu diário do desespero
o desespero que querias sentir
se já não estivesses morta por dentro.
Arrasta penosamente o teu lamento.
o teu fluir disfarçado de andorinha, de Branca-de-Neve!
Torce o teu corpo nu,
e enche a boca de beijos pré-feitos e secos de calor,
como um fogo gelado
e uma paisagem morta pelo fogo!
Nunca esperes: sentada, deitada ou de pé;
Deixa-te dormir no travesseiro sobre a cama desfeita de metal,
e baseia-te numa dieta de vida,
nunca relances o olhar por cima do ombro para as aves e nuvens.
Bate as janelas e fecha os vidros!
Despe-te para a noite, de papel na mão e escreve.
Mas nunca esperes por ti...
Nada tens a fazer para além de morrer sozinha!
Ricardo Costa
Fecha a ganância e a página aberta
de um afago morto
que se arrebata de carinhos no teu colo.
Não deixes os teus olhos verem: cegos.
Tapa a visão com o pano de lamurias aos ouvidos,
mas não aquelas que matam,
mas sim as que ferem e apodrecem o teu sentir.
Pensa em ti como pensas em mim: nada.
Colhe os frutos de uma má colheita,
empina o nariz a portas abertas de boa vontade
e faz-te sombria ao sol
quente na brisa fresca
e triste só por feliz ter menos letras.
Come as letras f do teu vocabulário.
Não mais pronunciarás em silêncio a palavra
que te arrebanha o coração
e te deixa leve e segura no nevoeiro.
Deixa que as horas se esqueçam.
Prende a chave ao pescoço e fecha o amor,
atira-te ao poço só e frio
e agoniza as feridas ensanguentadas das facas rombas
que as verdades empunham.
Perde as forças dos braços para não te segurares a esta vida!
Vê-te nos espelhos dos falsos,
e chora há tua maneira: rindo.
Receia as luzes e os natais, os presentes e os elogios,
morre desconhecida
e conhece-te mais morta.
Fala para ti sem dobrares a língua tal os golfinhos se banham
e as flores se cumprimentam.
Nunca deixes só o revólver,
não vá ele matar-se para que a tua vida seja poupada.
Escuta as vozes dos corvos negros: Tua morte próxima está;
e escreve no teu diário do desespero
o desespero que querias sentir
se já não estivesses morta por dentro.
Arrasta penosamente o teu lamento.
o teu fluir disfarçado de andorinha, de Branca-de-Neve!
Torce o teu corpo nu,
e enche a boca de beijos pré-feitos e secos de calor,
como um fogo gelado
e uma paisagem morta pelo fogo!
Nunca esperes: sentada, deitada ou de pé;
Deixa-te dormir no travesseiro sobre a cama desfeita de metal,
e baseia-te numa dieta de vida,
nunca relances o olhar por cima do ombro para as aves e nuvens.
Bate as janelas e fecha os vidros!
Despe-te para a noite, de papel na mão e escreve.
Mas nunca esperes por ti...
Nada tens a fazer para além de morrer sozinha!
Ricardo Costa
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Uma nova vida
Uma jangada na água,
um espelho partido,
Um reflexo de mágoa,
Um dia esquecido.
Uma tarde de sono,
uma porta aberta,
um papel ao abandono,
uma rua deserta.
Uma janela corrida,
um papagaio distante,
uma escrita perdida,
um sorrir falsamente.
Uma chuva molhada,
um passeio cansado,
um casal de mão dada,
um beijar forçado.
Uma gaveta vazia,
uma garrafa entornada,
uma mulher despida,
um nada de nada.
Um tabaco aceso,
um segredo mortal,
um sentimento preso,
um desejo carnal.
Um avião poisado,
uma fábrica abandonada,
um colar doirado,
um corpo desnudado.
Um amor de verdade,
um sentir encantado,
um sabor de felicidade,
um deixar da maldade.
Uma casa escondida,
uma cama destapada,
uma nova vida,
um choro de criança.
Ricardo Costa
um espelho partido,
Um reflexo de mágoa,
Um dia esquecido.
Uma tarde de sono,
uma porta aberta,
um papel ao abandono,
uma rua deserta.
Uma janela corrida,
um papagaio distante,
uma escrita perdida,
um sorrir falsamente.
Uma chuva molhada,
um passeio cansado,
um casal de mão dada,
um beijar forçado.
Uma gaveta vazia,
uma garrafa entornada,
uma mulher despida,
um nada de nada.
Um tabaco aceso,
um segredo mortal,
um sentimento preso,
um desejo carnal.
Um avião poisado,
uma fábrica abandonada,
um colar doirado,
um corpo desnudado.
Um amor de verdade,
um sentir encantado,
um sabor de felicidade,
um deixar da maldade.
Uma casa escondida,
uma cama destapada,
uma nova vida,
um choro de criança.
Ricardo Costa
Estrelas cadentes
1.
Entre incómodos de céu,
abandonámos o azul escuro de uma noite.
2.
O fluir das estrelas
e a chuva de poeira nos olhos
troca os trocados olhares por uma só palavra,
e o que cai,
deixa para trás mais que uma leve incerteza do sentir.
3.
O gracejo,
os lábios caídos num esgar
e as mãos que procuram prender o ar entre si.
4.
A ignorância
e a procura do mar que se eleva,
tudo se desfecha numa fotografia desfocada
de milhões de luzinhas
que, num piscar de olhos,
morrem suavemente.
5.
A poesia,
a dor que se esconde em frases
e os sentimentos maltratados.
Dores e dores,
gestos e restos de ser.
6.
Estrelas cadentes,
morte e vida sem duração,
azul do céu, vermelho da ira e sangue.
Assim acaba,
poema e amor,
qualquer coisa da vida,
como uma bela estrela cadente que passa pelos céus.
7.
Vida
8.
Poesia
9.
Morte
10.
Nada mais
Ricardo Costa
Entre incómodos de céu,
abandonámos o azul escuro de uma noite.
2.
O fluir das estrelas
e a chuva de poeira nos olhos
troca os trocados olhares por uma só palavra,
e o que cai,
deixa para trás mais que uma leve incerteza do sentir.
3.
O gracejo,
os lábios caídos num esgar
e as mãos que procuram prender o ar entre si.
4.
A ignorância
e a procura do mar que se eleva,
tudo se desfecha numa fotografia desfocada
de milhões de luzinhas
que, num piscar de olhos,
morrem suavemente.
5.
A poesia,
a dor que se esconde em frases
e os sentimentos maltratados.
Dores e dores,
gestos e restos de ser.
6.
Estrelas cadentes,
morte e vida sem duração,
azul do céu, vermelho da ira e sangue.
Assim acaba,
poema e amor,
qualquer coisa da vida,
como uma bela estrela cadente que passa pelos céus.
7.
Vida
8.
Poesia
9.
Morte
10.
Nada mais
Ricardo Costa
Pesadelo
Ó pesadelo; Deus sombrio da realidade,
Pesadelo meu em papel estendido
Sonho pelas trevas convertido,
no meu pesadelo, na minha verdade!
Floresce inútil: pesadelo! Ó vida,
desabrocha tal flor da morte
engole o vil sentir da pouca sorte,
e remete-te à tua essência esquecida.
Sente as lâminas de mil soldados;
Destituída dos anos de vida emprestados,
morres por fim! Ó vida escura!
Murcha como planta no deserto,
aguarda o teu (mau) destino incerto,
numa agonia que dura enquanto perdura!
Ricardo Costa
Pesadelo meu em papel estendido
Sonho pelas trevas convertido,
no meu pesadelo, na minha verdade!
Floresce inútil: pesadelo! Ó vida,
desabrocha tal flor da morte
engole o vil sentir da pouca sorte,
e remete-te à tua essência esquecida.
Sente as lâminas de mil soldados;
Destituída dos anos de vida emprestados,
morres por fim! Ó vida escura!
Murcha como planta no deserto,
aguarda o teu (mau) destino incerto,
numa agonia que dura enquanto perdura!
Ricardo Costa
No começar de uma morte!
Pede um segredo, uma estrela apagada,
e escreve um som desconhecido.
Abre uma porta, um cuspir das verdades,
e senta-te num lugar mal situado sob a calçada.
Liga ao mundo:112;
chama a chama do fogo e da chuva fresca de verão,
escuta nua de alma e espírito
a tua tristeza simulada em contentamentos.
Rasga as roupas, e os quadros,
corre para os candeeiros de rua e seus próprios monstros.
Tudo és tu: sentir; gritos que dás,
toda a musica se cala para os teus devaneios.
Não queres;
E não querendo;
Indecisa:insegura;
Fechas as pálpebras em sintonia.
Nada se faz, só tu,
um longo adeus num suicídio programado.
Tudo:Nada;
Nada:Tudo;
Tu num fim da existência
e no começar de uma morte!
Ricardo Costa
e escreve um som desconhecido.
Abre uma porta, um cuspir das verdades,
e senta-te num lugar mal situado sob a calçada.
Liga ao mundo:112;
chama a chama do fogo e da chuva fresca de verão,
escuta nua de alma e espírito
a tua tristeza simulada em contentamentos.
Rasga as roupas, e os quadros,
corre para os candeeiros de rua e seus próprios monstros.
Tudo és tu: sentir; gritos que dás,
toda a musica se cala para os teus devaneios.
Não queres;
E não querendo;
Indecisa:insegura;
Fechas as pálpebras em sintonia.
Nada se faz, só tu,
um longo adeus num suicídio programado.
Tudo:Nada;
Nada:Tudo;
Tu num fim da existência
e no começar de uma morte!
Ricardo Costa
Uma mão cheia
Hoje tenho uma mão cheia,
mas é a vazia que me pesa mais
pois é com ela que agarro o amor que sinto por ti.
Ricardo Costa
mas é a vazia que me pesa mais
pois é com ela que agarro o amor que sinto por ti.
Ricardo Costa
domingo, 15 de agosto de 2010
Tu e Eu
Não ouses falar.
O mundo enlouquece entre o aço e cimento
onde caminhas o coração.
Não fales.
Remete-te a um silêncio enganador
e acerta o teu andar no chão.
O mundo está quase a chorar os beijos desperdiçados.
Afoga-te nas lágrimas
e seca os cabelos nas chamas do inferno,
beija-me
como se o amanhã fosse um desenho esborratado!
Deixa-te sorrir.
O mundo perde-se num suspiro,
Tu e Eu
encontramos o caminho para casa!
Vem...
Ricardo Costa
O mundo enlouquece entre o aço e cimento
onde caminhas o coração.
Não fales.
Remete-te a um silêncio enganador
e acerta o teu andar no chão.
O mundo está quase a chorar os beijos desperdiçados.
Afoga-te nas lágrimas
e seca os cabelos nas chamas do inferno,
beija-me
como se o amanhã fosse um desenho esborratado!
Deixa-te sorrir.
O mundo perde-se num suspiro,
Tu e Eu
encontramos o caminho para casa!
Vem...
Ricardo Costa
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Atrofios
...e a morte vem,
serena de si,
no encosto das manhãs pálidas
no cair das nuvens
em folhagem rasteira vagabunda pelo chão
falta uma ausência
e uma vontade de comer as palavras
um desaire parado
de uma luz,
cigarros acessos no calor
uma mão que se estende
e o bafo quente de um sorvo de ar!
Um roubo a Deus,
como prece de viver,
só uma dúvida e uma conta
O telefone desligado pendura o fio
solitário
Só não chega a solidão,
paralisia infernal de movimentos
de um bosque tingido de vermelho e amarelo
laranja!
...e a morte vai,
cinzenta de tédio e sonolência,
matando a morte
com risadas histéricas
saindo do museu com entrada livre!
Atrofios
de uma vida com falta de Ser...
Ricardo Costa
serena de si,
no encosto das manhãs pálidas
no cair das nuvens
em folhagem rasteira vagabunda pelo chão
falta uma ausência
e uma vontade de comer as palavras
um desaire parado
de uma luz,
cigarros acessos no calor
uma mão que se estende
e o bafo quente de um sorvo de ar!
Um roubo a Deus,
como prece de viver,
só uma dúvida e uma conta
O telefone desligado pendura o fio
solitário
Só não chega a solidão,
paralisia infernal de movimentos
de um bosque tingido de vermelho e amarelo
laranja!
...e a morte vai,
cinzenta de tédio e sonolência,
matando a morte
com risadas histéricas
saindo do museu com entrada livre!
Atrofios
de uma vida com falta de Ser...
Ricardo Costa
terça-feira, 10 de agosto de 2010
Poesia
Todos os poemas são bem-vindos
quando se assemelham
a sussurros de amor
em ouvidos desprevenidos.
Ricardo Costa
quando se assemelham
a sussurros de amor
em ouvidos desprevenidos.
Ricardo Costa
Suave na sua nudez
Suave na sua nudez,
o acordar do teu sentir
beija os versos que as tristezas
forjam amargamente
faces rosadas num corpo
sozinho.
Dou-te os meus olhares!
Nada sentes
embriagado de sentires
e ferido de saberes,
de um rosto exasperado
procrias um som...
Encontras-me nas feridas
de um passeio,
despido num relance pornográfico!
Dou-te o meu coração!
Aguardas em pé
a conclusão do dia falso,
desejando
entre guardanapos caídos
um sonho,
nu de falsidades,
que possas sentir
num desconforto necessário.
Despe-te na tua suave nudez
e fechas os olhos durante o sono.
Ricardo Costa
o acordar do teu sentir
beija os versos que as tristezas
forjam amargamente
faces rosadas num corpo
sozinho.
Dou-te os meus olhares!
Nada sentes
embriagado de sentires
e ferido de saberes,
de um rosto exasperado
procrias um som...
Encontras-me nas feridas
de um passeio,
despido num relance pornográfico!
Dou-te o meu coração!
Aguardas em pé
a conclusão do dia falso,
desejando
entre guardanapos caídos
um sonho,
nu de falsidades,
que possas sentir
num desconforto necessário.
Despe-te na tua suave nudez
e fechas os olhos durante o sono.
Ricardo Costa
domingo, 8 de agosto de 2010
Stairway to Heaven
A lenta e comprida escadaria
ao céu aponta
em ligeira inclinação dormente,
os cães do tempo
deixam o Inverno subir pelo corrimão
numa breve eternidade
que desponta como a flor da Primavera.
Os olhos choram-se pálidos
nas mãos ossudas que calcam o tapete
de estreitas compreensões,
e o velho Azul
abre o rosto em nuvens e o diário
de papeis limpos de sonhos,
dormem as gaivotas
e os Anjos
nas portas finais da escadaria doirada.
Foram cantando caladas,
as sombras coloridas das rotinas,
passo em passo
pensando o degrau de defeitos carnais
e gestos ternos de desejos presentes.
As mãos levam o coração na boca
e os gritos nas costas desnudas,
os pés são peso livre
e a tristeza dilui-se em cada pálpebra
do avesso dos dias.
Chega-se livre e Rei de vez!
O sangue que se derrama na subida
pinta as horas enlutadas,
da saliva da nossa vida equilibramos
a paixão pelo mar de felicidades.
Ricardo Costa
ao céu aponta
em ligeira inclinação dormente,
os cães do tempo
deixam o Inverno subir pelo corrimão
numa breve eternidade
que desponta como a flor da Primavera.
Os olhos choram-se pálidos
nas mãos ossudas que calcam o tapete
de estreitas compreensões,
e o velho Azul
abre o rosto em nuvens e o diário
de papeis limpos de sonhos,
dormem as gaivotas
e os Anjos
nas portas finais da escadaria doirada.
Foram cantando caladas,
as sombras coloridas das rotinas,
passo em passo
pensando o degrau de defeitos carnais
e gestos ternos de desejos presentes.
As mãos levam o coração na boca
e os gritos nas costas desnudas,
os pés são peso livre
e a tristeza dilui-se em cada pálpebra
do avesso dos dias.
Chega-se livre e Rei de vez!
O sangue que se derrama na subida
pinta as horas enlutadas,
da saliva da nossa vida equilibramos
a paixão pelo mar de felicidades.
Ricardo Costa
sábado, 7 de agosto de 2010
Tempos
Foi nos teus olhos que me perdi do mundo
E nas ânsias das tuas verdades
Medi por inteiro o Amor
que os nosso corações partilhavam.
Ricardo Costa
E nas ânsias das tuas verdades
Medi por inteiro o Amor
que os nosso corações partilhavam.
Ricardo Costa
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
Sobressaltos
Como um sorriso despido
sobre o véu tapado
das estrelas
O olhar
desviado no lençol lavado
dos teus silêncios
A loucura edénica
e cúmplice
do teu Amar
apaixonado e indefeso
que caminha demoradamente
não sei se o recebo
deixei escapar a harmonia
das manhãs
que dos teus lábios sedosos
brotavam
como uma cascata de sobressaltos
Ricardo Costa
sobre o véu tapado
das estrelas
O olhar
desviado no lençol lavado
dos teus silêncios
A loucura edénica
e cúmplice
do teu Amar
apaixonado e indefeso
que caminha demoradamente
não sei se o recebo
deixei escapar a harmonia
das manhãs
que dos teus lábios sedosos
brotavam
como uma cascata de sobressaltos
Ricardo Costa
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Não sei quem te esqueceu
Não sei quem te esqueceu
se eu
se alguém ou outro,
não julgo saber quem te perdeu
nas chuvas
que ficam a música lavada
que ouves
pelas janelas perdidas
num qualquer lugar abafado.
Tu, tão audaz e segura,
esquecida em cima da mesa
rainha desfeita
em domínios queridos,
sem rei e carpete vermelha
para sempre remetida
nos passados frios,
onde a neve te cumprimenta.
Não sei quem te esqueceu,
quem te enganou no bilhete falso
no carro enganado que apanhaste
e naquela mensagem,
em garrafa de naufrago,
que pedia para seres minha
sendo o "minha"
de alguém inverso
e também ele esquecido!
Não sei quem te esqueceu
Não sei quem te perdeu
Eu sem ti
continuo perdido
gostando também
que me oferecesses um pouco
desse esquecimento
que usufruis livremente.
Ricardo Costa
se eu
se alguém ou outro,
não julgo saber quem te perdeu
nas chuvas
que ficam a música lavada
que ouves
pelas janelas perdidas
num qualquer lugar abafado.
Tu, tão audaz e segura,
esquecida em cima da mesa
rainha desfeita
em domínios queridos,
sem rei e carpete vermelha
para sempre remetida
nos passados frios,
onde a neve te cumprimenta.
Não sei quem te esqueceu,
quem te enganou no bilhete falso
no carro enganado que apanhaste
e naquela mensagem,
em garrafa de naufrago,
que pedia para seres minha
sendo o "minha"
de alguém inverso
e também ele esquecido!
Não sei quem te esqueceu
Não sei quem te perdeu
Eu sem ti
continuo perdido
gostando também
que me oferecesses um pouco
desse esquecimento
que usufruis livremente.
Ricardo Costa
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
As esplanadas não têm nome
As esplanadas não têm nome
e os navios,
passam sem olhar
em busca da frescura e café
de paragens desconhecidas.
As cadeiras
são como árvores sem sombra,
e mesmo na sombra,
as mesas não passam de jangadas
em pau seco,
rolando as areias nos dedos
cada uma valendo um sonho
ou outro dinheiro qualquer.
As esplanadas não têm nome,
não são ruas
não são pessoas,
e os aviões não mais são que escravos,
em trânsito lento,
sentindo em ambos os sentidos.
As esplanadas não têm nome
e, nas noites quentes de Verão,
os candeeiros acesos
são os diálogos perdidos dos guerreiros de Tróia,
silenciosos
e com medo da alvorada assassina de prazeres!
As estrelas no céu
são os presságios de morte,
estreitos raios de luz enfadonhos
e cegos de uma visão do futuro.
A morte é trazida nas bandejas cheias,
em fumos,
bebidas e comprimidos.
O novo dia começa
e ninguém sabe quem é cúmplice da culpa,
sendo o sem-abrigo alvo ideal.
As esplanadas não têm nome,
que sorte...
Muitos morrem sem saber quem os matou!
Ricardo Costa
e os navios,
passam sem olhar
em busca da frescura e café
de paragens desconhecidas.
As cadeiras
são como árvores sem sombra,
e mesmo na sombra,
as mesas não passam de jangadas
em pau seco,
rolando as areias nos dedos
cada uma valendo um sonho
ou outro dinheiro qualquer.
As esplanadas não têm nome,
não são ruas
não são pessoas,
e os aviões não mais são que escravos,
em trânsito lento,
sentindo em ambos os sentidos.
As esplanadas não têm nome
e, nas noites quentes de Verão,
os candeeiros acesos
são os diálogos perdidos dos guerreiros de Tróia,
silenciosos
e com medo da alvorada assassina de prazeres!
As estrelas no céu
são os presságios de morte,
estreitos raios de luz enfadonhos
e cegos de uma visão do futuro.
A morte é trazida nas bandejas cheias,
em fumos,
bebidas e comprimidos.
O novo dia começa
e ninguém sabe quem é cúmplice da culpa,
sendo o sem-abrigo alvo ideal.
As esplanadas não têm nome,
que sorte...
Muitos morrem sem saber quem os matou!
Ricardo Costa
terça-feira, 3 de agosto de 2010
Olhos mortos
Vejo-te
a seres Tu,
mesmo Tu,
impoluta
e rara de prazeres
em cadernos
abertos e
vazios
onde Te escondes
e choras
cristais secos.
Vejo-te
a esculpir
em pedra
um sorrir
falso e malévolo
em vestígios
indefinidos
de degustação
mórbida
que te tortura
e
mata aos poucos
como
uma noite suave
que enamora
uma brisa morta
quente
Estás parada
em portas
fechadas e
precipícios simulados
os dedos caem-te
e os lábios
beijam o fumo
Eu vejo-te
no findar das causas
e no raiar
do tormento
trazes tréguas
e porquês
e de mim
te libertas
em mortes encenadas
Vejo-te
no cinzento amar
de amor perdido
e os olhos
fecham-me a visão
dignos de tentar
também morrer
para a dor ir embora.
Ricardo Costa
a seres Tu,
mesmo Tu,
impoluta
e rara de prazeres
em cadernos
abertos e
vazios
onde Te escondes
e choras
cristais secos.
Vejo-te
a esculpir
em pedra
um sorrir
falso e malévolo
em vestígios
indefinidos
de degustação
mórbida
que te tortura
e
mata aos poucos
como
uma noite suave
que enamora
uma brisa morta
quente
Estás parada
em portas
fechadas e
precipícios simulados
os dedos caem-te
e os lábios
beijam o fumo
Eu vejo-te
no findar das causas
e no raiar
do tormento
trazes tréguas
e porquês
e de mim
te libertas
em mortes encenadas
Vejo-te
no cinzento amar
de amor perdido
e os olhos
fecham-me a visão
dignos de tentar
também morrer
para a dor ir embora.
Ricardo Costa
domingo, 1 de agosto de 2010
O Grande Leão
Numa qualquer savana
entre a rasteira vegetação
vagueia a besta Africana
vagueia o Grande Leão.
Sua juba cor de mel
em suas passadas furtivas
balança como papel
em tempestades enfurecidas.
Vai andando cauteloso
Grande Leão impoluto,
num silêncio precioso
num caminhar astuto.
Olhos procuram, atentos,
uma presa desprevenida,
que num mudar de pensamentos
poderá ficar sem vida.
Numa sombra ele descontrai,
ingerindo sua refeição
numa adrenalina que se esvai
a cada dentada do Leão.
Relaxado, passeando
vadio pela floresta
vai Leão bocejando
desejando sua sesta.
A pureza do seu ser,
permanecerá naquela savana
e aquando do anoitecer
dormirá, a besta Africana.
Ricardo Costa
entre a rasteira vegetação
vagueia a besta Africana
vagueia o Grande Leão.
Sua juba cor de mel
em suas passadas furtivas
balança como papel
em tempestades enfurecidas.
Vai andando cauteloso
Grande Leão impoluto,
num silêncio precioso
num caminhar astuto.
Olhos procuram, atentos,
uma presa desprevenida,
que num mudar de pensamentos
poderá ficar sem vida.
Numa sombra ele descontrai,
ingerindo sua refeição
numa adrenalina que se esvai
a cada dentada do Leão.
Relaxado, passeando
vadio pela floresta
vai Leão bocejando
desejando sua sesta.
A pureza do seu ser,
permanecerá naquela savana
e aquando do anoitecer
dormirá, a besta Africana.
Ricardo Costa
segunda-feira, 26 de julho de 2010
(Ama-me)
Alegra-me as vistas
como uma
corda que geme de prazer.
(Sente-me)
Desaperta a blusa
e deita-te na cama aberta,
mostrando os seios nus
e firmes
que trazes ao peito.
Abraça-me em sintonia
como se
declamasses um poema.
(Anseia-me)
Beija-me as faces
como se,
ao beijar,
me curasses o coração.
Espera-me no leito
de amor
entre risadas e
despe de ti todos os embaraços
que as roupas fazem.
(Adora-me)
Aguarda-me nua
como se,
na nudez espontânea,
não houvessem
mais mentiras.
Aceita-me
no teu corpo
como se
aceitasses um desejo.
Agora sim...
(Ama-me)
Ricardo Costa
como uma
corda que geme de prazer.
(Sente-me)
Desaperta a blusa
e deita-te na cama aberta,
mostrando os seios nus
e firmes
que trazes ao peito.
Abraça-me em sintonia
como se
declamasses um poema.
(Anseia-me)
Beija-me as faces
como se,
ao beijar,
me curasses o coração.
Espera-me no leito
de amor
entre risadas e
despe de ti todos os embaraços
que as roupas fazem.
(Adora-me)
Aguarda-me nua
como se,
na nudez espontânea,
não houvessem
mais mentiras.
Aceita-me
no teu corpo
como se
aceitasses um desejo.
Agora sim...
(Ama-me)
Ricardo Costa
Ódio/Amor
As mágoas são pedras do caminho/E ferem-te os pés descalços.
As agonias são chamas ardentes/E apodrecem o teu coração.
As alegrias são nuvens no céu/E fogem para te dar o Sol.
AS amizades são cães de guarda/E protegem-te as costas nuas.
As tristezas são tiros mortais/E decapitam-te sem rodeios.
As desconfianças são monstros feios/E fazem-te refém.
As paixões são sorrisos gratuitos/E guardam-te um pouco de doce.
As conquistas são uma taça de oiro/E nela vez o teu reflexo.
O ódio é um poço sem fundo/E nele te afogas.
O amor é um desenho perfeito/E nele te encontras de verdade.
Ricardo Costa
As agonias são chamas ardentes/E apodrecem o teu coração.
As alegrias são nuvens no céu/E fogem para te dar o Sol.
AS amizades são cães de guarda/E protegem-te as costas nuas.
As tristezas são tiros mortais/E decapitam-te sem rodeios.
As desconfianças são monstros feios/E fazem-te refém.
As paixões são sorrisos gratuitos/E guardam-te um pouco de doce.
As conquistas são uma taça de oiro/E nela vez o teu reflexo.
O ódio é um poço sem fundo/E nele te afogas.
O amor é um desenho perfeito/E nele te encontras de verdade.
Ricardo Costa
Cidades da minha cidade
A cidade está deserta,
e nos recantos
embaciados das ruas
sem nome
o monstros vadios desenham
as paredes,
as janelas,
os beirais das casas,
esquinas
que giram para o litoral
e se fecham
para dentro do seu cadeado
numa tentativa,
apenas,
de tentar fugir
há mão que lhes agarra
as roupas sujas
de um amor idílico
mas falso
e temperado de agonia
sólida.
Algemas,
que se prendem nos sinais
e atrasam
a corrida
a fuga para um qualquer
lado mais sombrio
da rua que sobe e desce
de forma plana
e desordeira.
Magos negros
escrevem,
em línguas mortas,
os vários nomes
pelo qual o Diabo é
chamado!
Ao longe
ouvem-se os risos das
crianças...
Em brincadeiras de papel
e nos cadernos brancos
um escritor
mente para o mundo
e diz-se mágico,
escrevendo gatafunhos
que nada mais significam
que nada!
Como prisões de vidro,
os carros vermelhos
passam a correr de olhos fechados
e qualquer prédio
cai no chão e estabelece
uma nova casa,
um novo lar.
onde possa por fim
gastar a sua pequena reforma
em algum conforto pessoal!
Vielas estrangeiras
enlouquecem o cimento partido
dos esgotos
em cambalhotas artísticas
de uma modernização
precoce!
Qualquer loja,
de brinquedos,
de armas,
de droga,
abre um cofre seguro
para lá depositar
uma esperança que, um dia,
as naus dos antigos
vagueiem de novo
os sete mares para o
terrível desconhecido!
Mas a cidade está deserta
dentro das suas cidades perdidas,
qualquer jardim
que perdeu a memória
e um simples beco com amnésia.
A declamação do triste poeta
sentado na praceta
na mais faz que atingir
as paredes surdas,
e atiçar os cães a um suicídio
prematuro.
Ninguém conhece o vizinho
que mora do outro lado do rio,
e apenas as gaivotas,
mortas a tiro,
levam as cartas brancas
que felicitam um certo poder!
Dentro da cidade,
cidades mais pequenas se fecham
em casa das mães!
O medo engole os comprimidos
para dormir,
a sesta faz-se acontecer.
OS monstros continuam a vaguear
pelas falhas entre os prédios,
mas mesmo assim,
quando se liga a televisão,
o quadro que o sem-abrigo pinta
é de um cidade
completamente deserta
embora as gentes em multidão
aflorem para os seus trabalhos
cada um na sua cidade preferida!
Ricardo Costa
e nos recantos
embaciados das ruas
sem nome
o monstros vadios desenham
as paredes,
as janelas,
os beirais das casas,
esquinas
que giram para o litoral
e se fecham
para dentro do seu cadeado
numa tentativa,
apenas,
de tentar fugir
há mão que lhes agarra
as roupas sujas
de um amor idílico
mas falso
e temperado de agonia
sólida.
Algemas,
que se prendem nos sinais
e atrasam
a corrida
a fuga para um qualquer
lado mais sombrio
da rua que sobe e desce
de forma plana
e desordeira.
Magos negros
escrevem,
em línguas mortas,
os vários nomes
pelo qual o Diabo é
chamado!
Ao longe
ouvem-se os risos das
crianças...
Em brincadeiras de papel
e nos cadernos brancos
um escritor
mente para o mundo
e diz-se mágico,
escrevendo gatafunhos
que nada mais significam
que nada!
Como prisões de vidro,
os carros vermelhos
passam a correr de olhos fechados
e qualquer prédio
cai no chão e estabelece
uma nova casa,
um novo lar.
onde possa por fim
gastar a sua pequena reforma
em algum conforto pessoal!
Vielas estrangeiras
enlouquecem o cimento partido
dos esgotos
em cambalhotas artísticas
de uma modernização
precoce!
Qualquer loja,
de brinquedos,
de armas,
de droga,
abre um cofre seguro
para lá depositar
uma esperança que, um dia,
as naus dos antigos
vagueiem de novo
os sete mares para o
terrível desconhecido!
Mas a cidade está deserta
dentro das suas cidades perdidas,
qualquer jardim
que perdeu a memória
e um simples beco com amnésia.
A declamação do triste poeta
sentado na praceta
na mais faz que atingir
as paredes surdas,
e atiçar os cães a um suicídio
prematuro.
Ninguém conhece o vizinho
que mora do outro lado do rio,
e apenas as gaivotas,
mortas a tiro,
levam as cartas brancas
que felicitam um certo poder!
Dentro da cidade,
cidades mais pequenas se fecham
em casa das mães!
O medo engole os comprimidos
para dormir,
a sesta faz-se acontecer.
OS monstros continuam a vaguear
pelas falhas entre os prédios,
mas mesmo assim,
quando se liga a televisão,
o quadro que o sem-abrigo pinta
é de um cidade
completamente deserta
embora as gentes em multidão
aflorem para os seus trabalhos
cada um na sua cidade preferida!
Ricardo Costa
Canção da Meia-Noite
Canta perdida! Uma voz suave,
palavras de amor ao acaso
fazendo do momento escasso
uma dedicatória em tom grave!
Segue a pauta do caderno!
Instrumento acompanha! A brisa,
o som da noite que enfeitiça
e afasta o terreno inferno!
A canção perdura! Em gritos!
Dialogando dialectos esquisitos
na sombria hora morta.
Canção de Amor! Na escuridão,
verdade do dia em conclusão
que se ouve alem da fechada porta!
Ricardo Costa
palavras de amor ao acaso
fazendo do momento escasso
uma dedicatória em tom grave!
Segue a pauta do caderno!
Instrumento acompanha! A brisa,
o som da noite que enfeitiça
e afasta o terreno inferno!
A canção perdura! Em gritos!
Dialogando dialectos esquisitos
na sombria hora morta.
Canção de Amor! Na escuridão,
verdade do dia em conclusão
que se ouve alem da fechada porta!
Ricardo Costa
sábado, 24 de julho de 2010
O Caminho
Ouvi dizer que há um caminho que chora
é ele, na sua santa ignorância,
que se ajoelha perante
uma estátua de terra dura
que em cicatrizes elabora um estranho mapa.
Nos olhos dos viajantes o vejo
cabelo em desalinho apontando para o norte
e nas árvores em volta,
a rosa aos quatro pólos
se maquilha com sentimentos absurdos.
Uma paisagem de algo
é Água, Terra e Ar e ás costas, o Fogo
de uma frieza imperceptível
mas que guia cegamente pela curva
que se faz recta.
Ao lado, depois das margens secas,
os sôfregos náufragos
de Amores que já lá foram
permanecem perdidos e sós
em busca dos sorrisos verdadeiros
e do caminho para o Amor verdadeiro.
O enigma manifesta-se
em vontades
e o cais no meio do caminho
alberga em si
os domínios já esquecidos
das sabedorias infantis de quem sabe
qual a mão que aponta,
sem julgar o temido destino,
o caminho que o Sol cria como discípulo.
As cores das árvores pintam-se
num retrato pouco fiel da sua realeza,
pois o pó que os pés levantam
turvam a vista do solitário pintor
que faz do mato a sua nobre casa.
Contudo,
há um brilho que não brilha
que ilumina o caminho invisível
e sem nome,
sendo os letreiros deixados para trás
uma simples tentativa
de enganar os tolos ignorantes
que a vida lhes dará o seu bem mais precioso.
Basta acreditar,
esperar pelo Domingo solarengo
e ouvir o pequeno, mas sonoro,
batimento do coração que canta
para quem quiser ouvir
e diz que os fantasmas estão
guardados nos baús do sótão cheio de lixo.
Basta ouvir o riso dos pássaros
e o respirar dos navios que passam,
os desabafos das flores maltratadas
e depois, a irritação do Sol por se ir embora.
Ouvi dizer que há um caminho que chora
e que, nas suas pedras calcadas,
ri tanto que fica sem ar nos pulmões!
Ouvi dizer que há um caminho que chora,
e quem percorre esse caminho
nos seus enganos e desenganos,
acha no fim um tesouro que faz inveja
ao mais rico Rei.
Ouvi dizer que há um caminho que chora,
ouvi dizer que há um caminho que ri,
ouvi dizer que há um caminho que vive,
ouvi dizer que há um caminho que tenho de percorrer!
Ouvi dizer que há um caminho que chora,
calço as minhas sapatilhas
e, a todos os caminhos da minha vida,
percorro-os como se fossem
O Caminho...
Não custa nada!
Ricardo Costa
é ele, na sua santa ignorância,
que se ajoelha perante
uma estátua de terra dura
que em cicatrizes elabora um estranho mapa.
Nos olhos dos viajantes o vejo
cabelo em desalinho apontando para o norte
e nas árvores em volta,
a rosa aos quatro pólos
se maquilha com sentimentos absurdos.
Uma paisagem de algo
é Água, Terra e Ar e ás costas, o Fogo
de uma frieza imperceptível
mas que guia cegamente pela curva
que se faz recta.
Ao lado, depois das margens secas,
os sôfregos náufragos
de Amores que já lá foram
permanecem perdidos e sós
em busca dos sorrisos verdadeiros
e do caminho para o Amor verdadeiro.
O enigma manifesta-se
em vontades
e o cais no meio do caminho
alberga em si
os domínios já esquecidos
das sabedorias infantis de quem sabe
qual a mão que aponta,
sem julgar o temido destino,
o caminho que o Sol cria como discípulo.
As cores das árvores pintam-se
num retrato pouco fiel da sua realeza,
pois o pó que os pés levantam
turvam a vista do solitário pintor
que faz do mato a sua nobre casa.
Contudo,
há um brilho que não brilha
que ilumina o caminho invisível
e sem nome,
sendo os letreiros deixados para trás
uma simples tentativa
de enganar os tolos ignorantes
que a vida lhes dará o seu bem mais precioso.
Basta acreditar,
esperar pelo Domingo solarengo
e ouvir o pequeno, mas sonoro,
batimento do coração que canta
para quem quiser ouvir
e diz que os fantasmas estão
guardados nos baús do sótão cheio de lixo.
Basta ouvir o riso dos pássaros
e o respirar dos navios que passam,
os desabafos das flores maltratadas
e depois, a irritação do Sol por se ir embora.
Ouvi dizer que há um caminho que chora
e que, nas suas pedras calcadas,
ri tanto que fica sem ar nos pulmões!
Ouvi dizer que há um caminho que chora,
e quem percorre esse caminho
nos seus enganos e desenganos,
acha no fim um tesouro que faz inveja
ao mais rico Rei.
Ouvi dizer que há um caminho que chora,
ouvi dizer que há um caminho que ri,
ouvi dizer que há um caminho que vive,
ouvi dizer que há um caminho que tenho de percorrer!
Ouvi dizer que há um caminho que chora,
calço as minhas sapatilhas
e, a todos os caminhos da minha vida,
percorro-os como se fossem
O Caminho...
Não custa nada!
Ricardo Costa
quinta-feira, 22 de julho de 2010
terça-feira, 20 de julho de 2010
Quem sentiu o vento?
Quem sentiu o vento?
A leve brisa
que fustigou os cabelos,
e dançou
com as areias
do jardim encantado.
Eu não senti!
Sentis-te?
Quem sentiu o vento?
O rio de ar
que faz corridas e
brincadeiras de criança
com os dias,
amigos chegados.
Tu não sentis-te.
Senti eu?
Quem sentiu o vento?
O acentuado fluir
da alegria que movimenta
o papagaio de papel
sob o sol amarelo,
com a preguiça do acordar.
Quem sentiu o vento?
Eu não senti.
Tu não sentis-te.
Contudo,
ele continua a soprar
as suas notas desafinadas.
Sentes agora?
Não...
Nem eu!
Ricardo Costa
A leve brisa
que fustigou os cabelos,
e dançou
com as areias
do jardim encantado.
Eu não senti!
Sentis-te?
Quem sentiu o vento?
O rio de ar
que faz corridas e
brincadeiras de criança
com os dias,
amigos chegados.
Tu não sentis-te.
Senti eu?
Quem sentiu o vento?
O acentuado fluir
da alegria que movimenta
o papagaio de papel
sob o sol amarelo,
com a preguiça do acordar.
Quem sentiu o vento?
Eu não senti.
Tu não sentis-te.
Contudo,
ele continua a soprar
as suas notas desafinadas.
Sentes agora?
Não...
Nem eu!
Ricardo Costa
Tragos de whisky
Sentado no cadeirão
de frente
para a lareira apagada
onde reinam as sombras do carvão
já morto.
Um copo semi-vazio
na mão de um homem velho,
que entorna
seus líquidos da cor do mel
pelas cordas vocais
já enferrujadas.
Deixando a seu lado
uma dúzia de garrafas vazias
no chão de cimento,
derrubadas pelos gestos
inseguros dos seus passos!
Mais um trago...
Ricardo Costa
de frente
para a lareira apagada
onde reinam as sombras do carvão
já morto.
Um copo semi-vazio
na mão de um homem velho,
que entorna
seus líquidos da cor do mel
pelas cordas vocais
já enferrujadas.
Deixando a seu lado
uma dúzia de garrafas vazias
no chão de cimento,
derrubadas pelos gestos
inseguros dos seus passos!
Mais um trago...
Ricardo Costa
segunda-feira, 19 de julho de 2010
A mulher sorridente
Pequeno espezinhar da flor.
De pés descalços e braços frouxos
uma transparente alegria
ou infinita proporção
de desgraça simulada.
A mulher sorridente
faz seus cálculos em papel
deixando cair a cabeça
nos ombros de quem a ampara.
Dormindo,
sem saber, que o que sabe
é mais que o que julga
razão para errar.
Sim
fabrica um som
No cessar repentino
de todo o silêncio feito
de tons de cor neutra
e sujidade entranhada nos
bolsos de quem leva a mão
à cabeça.
Só se sabe a mulher sorridente
que do sorriso
se lembra das lágrimas
derramadas no travesseiro sozinho.
Tudo o que resta,
sentado a uma canto larga
prantos de agonias viciantes,
drogas de mente
e certos fumos viajados
em qualquer medicina alternativa.
Quando espreitas pelo retrovisor,
a rua que acaba
mostra-te uma mulher velha
e morta num canto,
cantando nas sombras uma luz
falsa e vontade
de uma razão nova para aceitar
a razão de existir.
Quadros pendurados
nas paredes desfeitas.
Uma solidão em forma
artística que agradece
a não-aceitação,
afluindo em massa
para um local de suicídio
conjunto.
Diabo à espreita nas janelas
cobertas com cortinas
já comidas pelas traças!
As casas caem em pó.
A mulher sorridente
nada mais pode que permanecer morta
e fechada no seu
sorriso,
já leve de si
e de todas as correntes
que lhe emagrecem as tristezas.
Pisa o relvado sintético
de um jardim moderno.
Uma necessidade,
e a pequena bala lá está
esperando na flor
que não aguentou o peso.
Continua sorridente,
a mulher,
e sorri para o Adeus
que se encolhe para fugir
à chuva.
A flor vende-se,
procura carnal de carne fresca
e enjoo matinal.
A mulher não vê
e finge ouvir mal
perdendo-se em devaneios
roubados de um outro estendal.
Passa por ela
e calca o colchão de terra e lama,
sorri-lhe por detrás
dos olhos fechados
num silêncio cúmplice
de amigas já esquecidas.
É o fim do dia.
É o fim do capítulo.
O sorriso vai-lhe ondulando
tristemente pela face enrugada
onde o suor abunda
e lhe cai pelo queixo.
Mais tarde,
no fim do jardim...
A flor já está sozinha
só lhe restando a marca dos pés
que a mulher sorridente
lhe deixou de presente amargo!
Ricardo Costa
De pés descalços e braços frouxos
uma transparente alegria
ou infinita proporção
de desgraça simulada.
A mulher sorridente
faz seus cálculos em papel
deixando cair a cabeça
nos ombros de quem a ampara.
Dormindo,
sem saber, que o que sabe
é mais que o que julga
razão para errar.
Sim
fabrica um som
No cessar repentino
de todo o silêncio feito
de tons de cor neutra
e sujidade entranhada nos
bolsos de quem leva a mão
à cabeça.
Só se sabe a mulher sorridente
que do sorriso
se lembra das lágrimas
derramadas no travesseiro sozinho.
Tudo o que resta,
sentado a uma canto larga
prantos de agonias viciantes,
drogas de mente
e certos fumos viajados
em qualquer medicina alternativa.
Quando espreitas pelo retrovisor,
a rua que acaba
mostra-te uma mulher velha
e morta num canto,
cantando nas sombras uma luz
falsa e vontade
de uma razão nova para aceitar
a razão de existir.
Quadros pendurados
nas paredes desfeitas.
Uma solidão em forma
artística que agradece
a não-aceitação,
afluindo em massa
para um local de suicídio
conjunto.
Diabo à espreita nas janelas
cobertas com cortinas
já comidas pelas traças!
As casas caem em pó.
A mulher sorridente
nada mais pode que permanecer morta
e fechada no seu
sorriso,
já leve de si
e de todas as correntes
que lhe emagrecem as tristezas.
Pisa o relvado sintético
de um jardim moderno.
Uma necessidade,
e a pequena bala lá está
esperando na flor
que não aguentou o peso.
Continua sorridente,
a mulher,
e sorri para o Adeus
que se encolhe para fugir
à chuva.
A flor vende-se,
procura carnal de carne fresca
e enjoo matinal.
A mulher não vê
e finge ouvir mal
perdendo-se em devaneios
roubados de um outro estendal.
Passa por ela
e calca o colchão de terra e lama,
sorri-lhe por detrás
dos olhos fechados
num silêncio cúmplice
de amigas já esquecidas.
É o fim do dia.
É o fim do capítulo.
O sorriso vai-lhe ondulando
tristemente pela face enrugada
onde o suor abunda
e lhe cai pelo queixo.
Mais tarde,
no fim do jardim...
A flor já está sozinha
só lhe restando a marca dos pés
que a mulher sorridente
lhe deixou de presente amargo!
Ricardo Costa
domingo, 18 de julho de 2010
Desenho-te
A tinta da página já esmorece
e eu,
pinto-te nela
com palavras de todas as cores
e feitios,
de cima para baixo,
de baixo para cima,
direita esquerda e
do avesso ao contrário...
De todos os sons possíveis
e gritos secos,
rascunho perdido
e retrato de mãos vazias
um nível de loucura
em expoente material sólido,
preto,
branco,
na palete de cores roubadas
em cima da cabeceira
em que me deito ao lado...
Da página aberta
me sorris em figura triste
e fechas os olhos,
visão desamparada
coração no chão e só sangue,
sangue e terra
pois o Sol põe-se
sobre as águas e as folhas
do caderno amolecem,
e o teu desenho perde-se
numa fotografia
amarelecida com o tempo
e cheiro de amargura
que se agarra a teus poros!
Do fundo do dia
olhas-me em sintonia
abraças as minhas mãos
feridas e desesperadas,
trazes a cura num copo vazio
e enches de nada
o teu corpo,
para mim,
ensaias o meu prazer
e facultas o guião
para me matar...
Eu desenho-te uma vez mais,
para te perder
mais logo,
só de noite,
quando o silêncio da minha vida
me lembrar,
recordar,
que jamais te disse
o que não posso dizer.
Ricardo Costa
e eu,
pinto-te nela
com palavras de todas as cores
e feitios,
de cima para baixo,
de baixo para cima,
direita esquerda e
do avesso ao contrário...
De todos os sons possíveis
e gritos secos,
rascunho perdido
e retrato de mãos vazias
um nível de loucura
em expoente material sólido,
preto,
branco,
na palete de cores roubadas
em cima da cabeceira
em que me deito ao lado...
Da página aberta
me sorris em figura triste
e fechas os olhos,
visão desamparada
coração no chão e só sangue,
sangue e terra
pois o Sol põe-se
sobre as águas e as folhas
do caderno amolecem,
e o teu desenho perde-se
numa fotografia
amarelecida com o tempo
e cheiro de amargura
que se agarra a teus poros!
Do fundo do dia
olhas-me em sintonia
abraças as minhas mãos
feridas e desesperadas,
trazes a cura num copo vazio
e enches de nada
o teu corpo,
para mim,
ensaias o meu prazer
e facultas o guião
para me matar...
Eu desenho-te uma vez mais,
para te perder
mais logo,
só de noite,
quando o silêncio da minha vida
me lembrar,
recordar,
que jamais te disse
o que não posso dizer.
Ricardo Costa
quarta-feira, 14 de julho de 2010
King Nothing
Rei do nada
perdeu a coroa nos
seus discursos
enquanto os súbditos
mergulhavam em tanques
de água mirrada pela cintura.
Onde está a tua coroa?
Em cima da mesa
e nas letras desmaiadas
carta de demissão
de uma vida passada,
e o choro
da rainha, sua amada,
deitada nas escadas de
mármore que se cruzam em seus domínios.
Rei Nada sem coroa!
E a guilhotina
se faz notar num sibilante
desassossego,
aconchegando em si
o sangue de vil traidor
em carnes secas
e pretas do tempo estragado.
O riso,
entre os risos,
do malfeitor encapuçado
que segura em mão
o severo machado
que faz as cabeças rolarem
pelo chão sujo.
King Nothing
sem coroa...
Nothing,
Nada...
Rei fraco de cabelo ralo,
em palavras opulentas
se escreve ensaiado,
em teatros de rua falsos
se faz em mentiras
e desfaz em pranto
qual estrépito agudo da agonia
que foge da garganta aberta
de seu filho
agora órfão!
Rei Nada perdeu a coroa!
Quem tem a coroa?
Ninguém sabe nada...
Nada...
Nothing...
King Nothing!
Ricardo Costa
perdeu a coroa nos
seus discursos
enquanto os súbditos
mergulhavam em tanques
de água mirrada pela cintura.
Onde está a tua coroa?
Em cima da mesa
e nas letras desmaiadas
carta de demissão
de uma vida passada,
e o choro
da rainha, sua amada,
deitada nas escadas de
mármore que se cruzam em seus domínios.
Rei Nada sem coroa!
E a guilhotina
se faz notar num sibilante
desassossego,
aconchegando em si
o sangue de vil traidor
em carnes secas
e pretas do tempo estragado.
O riso,
entre os risos,
do malfeitor encapuçado
que segura em mão
o severo machado
que faz as cabeças rolarem
pelo chão sujo.
King Nothing
sem coroa...
Nothing,
Nada...
Rei fraco de cabelo ralo,
em palavras opulentas
se escreve ensaiado,
em teatros de rua falsos
se faz em mentiras
e desfaz em pranto
qual estrépito agudo da agonia
que foge da garganta aberta
de seu filho
agora órfão!
Rei Nada perdeu a coroa!
Quem tem a coroa?
Ninguém sabe nada...
Nada...
Nothing...
King Nothing!
Ricardo Costa
Da pequena chama
Da pequena chama que se apaga
só resta o vazio
das horas que o teu relógio esqueceu!
Porque te deixas ir
na corrente de lamas
que grita os silêncios inconfundíveis
do tempo que se agarra
aos teus braços partidos?
Ricardo Costa
só resta o vazio
das horas que o teu relógio esqueceu!
Porque te deixas ir
na corrente de lamas
que grita os silêncios inconfundíveis
do tempo que se agarra
aos teus braços partidos?
Ricardo Costa
segunda-feira, 12 de julho de 2010
O sono dos heróis
Dorme, prazenteiro, herói meu
sonhando suas grandes destrezas
almejando mais umas quantas proezas
em espasmos que o sonho esmoreceu!
Deitado na cama ele dorme devagar
sonha acordado com meus heróis esquecidos
partida em busca dos tesoiros perdidos
e da terra dos seus feitos por desvendar.
Sorri, abertamente, a seu devaneio
sono que o apanha, sorrateiro
mostra-lhe a terra que outros pisaram.
Lá dormirá seu merecido sono
corpo errante deixado ao abandono
tal como outros heróis fizeram!
Ricardo Costa
sonhando suas grandes destrezas
almejando mais umas quantas proezas
em espasmos que o sonho esmoreceu!
Deitado na cama ele dorme devagar
sonha acordado com meus heróis esquecidos
partida em busca dos tesoiros perdidos
e da terra dos seus feitos por desvendar.
Sorri, abertamente, a seu devaneio
sono que o apanha, sorrateiro
mostra-lhe a terra que outros pisaram.
Lá dormirá seu merecido sono
corpo errante deixado ao abandono
tal como outros heróis fizeram!
Ricardo Costa
domingo, 11 de julho de 2010
Suspiros por uma onda (mar)
Desabafos de mar
o areal
qual silêncio das ondas
a água,
mergulhos de cabeça
em suspiros secos de sal
e portas em janela
para as barracas só de enfeite.
Lata de papel
mensagem de pirata e
o por-do-sol,
mar
qual livro por estrear
seus desenhos em aguarela.
Os suspiros
qualquer vento vadio
que faz tiritar as flores
estampadas nos biquínis
das ensonadas meninas.
Luz em câmara lenta,
as areias
secas, molhadas
e pretas (morenas) fumando
as nuvens que se passeiam,
vaidosas,
entre filas de guarda-sóis
que nada apanharam nas suas redes!
Mar
Mar
Mar
(A)mar o mar
e as ondas
crescem tal plantas
e verdes
se vão na espuma
que afasta os tubarões.
E o mar reclama
seu prémio
os suspiros pelas ondas,
os gelados em caixas
com o seu sininho atrás,
os chamamentos das gaivotas
nuas de si
(mar)
(mar)
(mar)
e ele vem
as ondas que falam inglês
e outras tantas línguas...
Ondas
Waves
Flots
Wellen
Волны
Vågor
波
...
Ricardo Costa
o areal
qual silêncio das ondas
a água,
mergulhos de cabeça
em suspiros secos de sal
e portas em janela
para as barracas só de enfeite.
Lata de papel
mensagem de pirata e
o por-do-sol,
mar
qual livro por estrear
seus desenhos em aguarela.
Os suspiros
qualquer vento vadio
que faz tiritar as flores
estampadas nos biquínis
das ensonadas meninas.
Luz em câmara lenta,
as areias
secas, molhadas
e pretas (morenas) fumando
as nuvens que se passeiam,
vaidosas,
entre filas de guarda-sóis
que nada apanharam nas suas redes!
Mar
Mar
Mar
(A)mar o mar
e as ondas
crescem tal plantas
e verdes
se vão na espuma
que afasta os tubarões.
E o mar reclama
seu prémio
os suspiros pelas ondas,
os gelados em caixas
com o seu sininho atrás,
os chamamentos das gaivotas
nuas de si
(mar)
(mar)
(mar)
e ele vem
as ondas que falam inglês
e outras tantas línguas...
Ondas
Waves
Flots
Wellen
Волны
Vågor
波
...
Ricardo Costa
sábado, 10 de julho de 2010
Casebre da montanha
Lá no topo da montanha
se ergue uma casa magistral
quem lá passa, já estranha
Julgando-se por ver mal.
Mas de verdade ela está
no seu sítio poisada
estará lá ainda amanhã
no fim da sinuosa escalada.
Árvores brandas à sua volta
qual rei no seu trono
são mais que uma escolta
daquele casebre sem dono.
Pintura fresca, do ar
recebe de bom grado
quem lá quiser entrar
quem lá ficar deitado.
Suas camas são de veludo
música de fundo relaxante
ouve-se, no silêncio mudo
um repouso estridente.
Entra, entra à vontade
despe as roupas tuas, frias
no casebre de saudade
reencontras as alegrias.
Lá no topo ele fica
quem debaixo ele espreita
sua presença enfeitiça
qualquer vivência desfeita.
Na montanha o casebre
o casebre abandonado
quem fala isto (escreve)
na sua imagem, alucinado.
O dia vai chegar, chegou
os pés novamente tocarão
o sonho, só o que restou
do casebre em meu coração.
No fim, a noite chega
o casebre lá permanece
o sentimento que aconchega
enquanto o dia desaparece.
Obrigado meu casebre
o casebre da montanha
não é meu de verdade
só é de quem o apanha.
Ricardo Costa
se ergue uma casa magistral
quem lá passa, já estranha
Julgando-se por ver mal.
Mas de verdade ela está
no seu sítio poisada
estará lá ainda amanhã
no fim da sinuosa escalada.
Árvores brandas à sua volta
qual rei no seu trono
são mais que uma escolta
daquele casebre sem dono.
Pintura fresca, do ar
recebe de bom grado
quem lá quiser entrar
quem lá ficar deitado.
Suas camas são de veludo
música de fundo relaxante
ouve-se, no silêncio mudo
um repouso estridente.
Entra, entra à vontade
despe as roupas tuas, frias
no casebre de saudade
reencontras as alegrias.
Lá no topo ele fica
quem debaixo ele espreita
sua presença enfeitiça
qualquer vivência desfeita.
Na montanha o casebre
o casebre abandonado
quem fala isto (escreve)
na sua imagem, alucinado.
O dia vai chegar, chegou
os pés novamente tocarão
o sonho, só o que restou
do casebre em meu coração.
No fim, a noite chega
o casebre lá permanece
o sentimento que aconchega
enquanto o dia desaparece.
Obrigado meu casebre
o casebre da montanha
não é meu de verdade
só é de quem o apanha.
Ricardo Costa
E eu morro...
Sorri-me
entre dois esgares de ódio!
Com os olhos em mim...
Diz-me o quanto me amas,
fazendo, discretamente,
dedos cruzados pelas costas...
Adora-me
entre dois pensamentos assassinos!
E, quando o inverno chegar,
despe-me das roupas rasgadas
e beija-me em sítios
que a língua tem vergonha de falar alto.
Ama-me
num suspiro de agonia!
Mete-me na algibeira e atira-me
ao chão como um lenço caído
esbarrado numa porta de cortiça dura.
Quando eu morrer,
prende-me às velas de um navio
e deixa-me viajar o mundo pelos céus
escuros e aquosos,
permanece a meu lado
e juntos daremos aquele passo
para lá do precipício.
É só cair...
Quando o fundo chegar,
lembra-te que me amas-te
e chora todas as lágrimas
que, enquanto era vivo,
resolveste guardar no casaco que despiste
em minha casa.
Então, mente-me...
E cria um laço de cristal
onde o sal do mar não enferruja
a vida tua que ainda
corre muito para além da minha morte.
E eu morro...
Ricardo Costa
entre dois esgares de ódio!
Com os olhos em mim...
Diz-me o quanto me amas,
fazendo, discretamente,
dedos cruzados pelas costas...
Adora-me
entre dois pensamentos assassinos!
E, quando o inverno chegar,
despe-me das roupas rasgadas
e beija-me em sítios
que a língua tem vergonha de falar alto.
Ama-me
num suspiro de agonia!
Mete-me na algibeira e atira-me
ao chão como um lenço caído
esbarrado numa porta de cortiça dura.
Quando eu morrer,
prende-me às velas de um navio
e deixa-me viajar o mundo pelos céus
escuros e aquosos,
permanece a meu lado
e juntos daremos aquele passo
para lá do precipício.
É só cair...
Quando o fundo chegar,
lembra-te que me amas-te
e chora todas as lágrimas
que, enquanto era vivo,
resolveste guardar no casaco que despiste
em minha casa.
Então, mente-me...
E cria um laço de cristal
onde o sal do mar não enferruja
a vida tua que ainda
corre muito para além da minha morte.
E eu morro...
Ricardo Costa
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Talvez um dia
Talvez um dia
onde são rasos os montes
e fria a chama,
os punhais de azevinho
tornem-se cristalinos
como as pequenas
lágrimas que brotam
das nascentes de águas limpas.
E os ferros soltos
brinquem entre si
nas sombras das rosas
que se apelidam
de rasgos de céu azul,
comprando em saldos
os teus sonhos e desejos
que jazem escondidos
debaixo das flores por abrir.
Sim,
Talvez um dia...
Ricardo Costa
onde são rasos os montes
e fria a chama,
os punhais de azevinho
tornem-se cristalinos
como as pequenas
lágrimas que brotam
das nascentes de águas limpas.
E os ferros soltos
brinquem entre si
nas sombras das rosas
que se apelidam
de rasgos de céu azul,
comprando em saldos
os teus sonhos e desejos
que jazem escondidos
debaixo das flores por abrir.
Sim,
Talvez um dia...
Ricardo Costa
terça-feira, 6 de julho de 2010
Deixa que o rio te molhe os pés
Sai à rua
e espreita pela janela
a margem do rio
que leva a noite morta
nos seus braços caídos
sobre as pedras redondas,
podadas e reluzentes,
achando-se
perante o olhar fechado
dos barcos que
se ancoram na Lua cinzenta,
que lava a cara (em sangue)
nas terras de seres mortos,
ficando
tristemente leves os fardos
de sonhos não queridos
que os papagaios ousados
deixaram escapar
na sua falsa imitação
de um ser sem palavras
e de coração atado.
Acende-se uma luz!
O rio corre no lado oposto
àquele em que as
lágrimas doces do desespero
escavam na tua face
uma maré de contentamento
descontente,
e te afogam, perdida,
nas chaves trocadas que
abrem a pintura
de prata e ouro
escondida atrás da cama
por debaixo dos travesseiros.
Uma porta abre-se!
Molhas os pés calçados de ar
e deixas as pequenas
nuvens líquidas
te assassinarem os poros
e te contarem histórias para adormecer,
na tua cama aberta
o pijama posto de parte
a um canto do guarda fatos
e tu, só tu,
deitada na cama,
coberta com um véu de estrelas
desnudadas e
sentindo no pescoço
as carícias frias e amorosas
que a brisa te faz
enquanto molha os folhos
do vestido que trazes
preso aos tornozelos feridos!
Deixa cair a cabeça...
Apaga as luzes...
Fecha a porta...
O rio continua a correr
pelo atalho das coisas ruins
enquanto nos teus sonhos,
tu vens até mim de bom-grado...
Ricardo Costa
e espreita pela janela
a margem do rio
que leva a noite morta
nos seus braços caídos
sobre as pedras redondas,
podadas e reluzentes,
achando-se
perante o olhar fechado
dos barcos que
se ancoram na Lua cinzenta,
que lava a cara (em sangue)
nas terras de seres mortos,
ficando
tristemente leves os fardos
de sonhos não queridos
que os papagaios ousados
deixaram escapar
na sua falsa imitação
de um ser sem palavras
e de coração atado.
Acende-se uma luz!
O rio corre no lado oposto
àquele em que as
lágrimas doces do desespero
escavam na tua face
uma maré de contentamento
descontente,
e te afogam, perdida,
nas chaves trocadas que
abrem a pintura
de prata e ouro
escondida atrás da cama
por debaixo dos travesseiros.
Uma porta abre-se!
Molhas os pés calçados de ar
e deixas as pequenas
nuvens líquidas
te assassinarem os poros
e te contarem histórias para adormecer,
na tua cama aberta
o pijama posto de parte
a um canto do guarda fatos
e tu, só tu,
deitada na cama,
coberta com um véu de estrelas
desnudadas e
sentindo no pescoço
as carícias frias e amorosas
que a brisa te faz
enquanto molha os folhos
do vestido que trazes
preso aos tornozelos feridos!
Deixa cair a cabeça...
Apaga as luzes...
Fecha a porta...
O rio continua a correr
pelo atalho das coisas ruins
enquanto nos teus sonhos,
tu vens até mim de bom-grado...
Ricardo Costa
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Sol
Sol-é a luz
que se espreguiça
nos lençóis lavados-
Sol-
Sol-é amar-
Sol-
crescer e adorar
o leve adorno que
a coroa acrescenta
à tua esbelta figura-
Sol-
Sol-Sol-Sol
Sol-traz vida
e vê-se,sente-se-
Sol-
Sol-semeia nos campos
secos-
Sol-fertilizante de novas
flores coloridas-
Sol-não é frio e
escuro-Sol-
é alma de poeta
em papel barato e
caderno rasco-
Sol-é o dizer,
os dizeres-
Só isso-
Sol-bem dizeres
Sol-Sol-Lua-
Sol-
Enfeita o chão
com a sua enorme
sombra de um preto
colorido-
Sol-
-Vida-Sol
S-O-L
Sol-vive
Sol-vive-me
Sol-adormece
para o amanhã
ser mais solarengo
Sol-
Sol-
Sol-
Só-Sol
Fim...
E depois-Sol
Ricardo Costa
que se espreguiça
nos lençóis lavados-
Sol-
Sol-é amar-
Sol-
crescer e adorar
o leve adorno que
a coroa acrescenta
à tua esbelta figura-
Sol-
Sol-Sol-Sol
Sol-traz vida
e vê-se,sente-se-
Sol-
Sol-semeia nos campos
secos-
Sol-fertilizante de novas
flores coloridas-
Sol-não é frio e
escuro-Sol-
é alma de poeta
em papel barato e
caderno rasco-
Sol-é o dizer,
os dizeres-
Só isso-
Sol-bem dizeres
Sol-Sol-Lua-
Sol-
Enfeita o chão
com a sua enorme
sombra de um preto
colorido-
Sol-
-Vida-Sol
S-O-L
Sol-vive
Sol-vive-me
Sol-adormece
para o amanhã
ser mais solarengo
Sol-
Sol-
Sol-
Só-Sol
Fim...
E depois-Sol
Ricardo Costa
Menina do pessegueiro
Sentada debaixo do pessegueiro,
menina descansa sorridente
folheia a memória alegremente,
desconhecendo seu paradeiro.
Estende a mão, acarinha a flor,
pousa os pés no tronco caído
do tempo já ressequido,
entoando canções de amor.
Ergue os olhos para o céu,
Sol faz das nuvens seu véu,
Ela entra num ligeiro torpor.
Deixa-se fluir para o pensamento,
apreciando o doce momento,
escondida de qualquer tipo de dor!
Ricardo Costa
menina descansa sorridente
folheia a memória alegremente,
desconhecendo seu paradeiro.
Estende a mão, acarinha a flor,
pousa os pés no tronco caído
do tempo já ressequido,
entoando canções de amor.
Ergue os olhos para o céu,
Sol faz das nuvens seu véu,
Ela entra num ligeiro torpor.
Deixa-se fluir para o pensamento,
apreciando o doce momento,
escondida de qualquer tipo de dor!
Ricardo Costa
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Quando não existo
Placidamente sereno
escrevo
caracteres brancos
no meu caderno fugido.
É quando não sou
que, nessa inexistência,
se materializa
uma imagem minha
que nas terras do chão morto
cria furacões
e vendavais de inquietos
pensamentos.
É o trocar de passos
e compassos
acariciando as sombras
que se admiram
no espelho partido.
É quando não existo
que converso comigo mesmo.
Sem dizer palavra
e cada átomo meu
se resigna num silêncio que
ecoa,
os meus cabelos pesados
dão nós cegos nas réstias
de sentimentos
que me saem de rompante.
É apenas um vazio.
Um pensar por cima do pensar
e pensando
que o pensamento se desligou.
É uma treta dramática,
um afecto de alma
com as mãos enluvadas
e vestidas de preto.
É apenas um pouco de nada.
Quando não existo
eu existo.
E quando existo
não sei bem se existo mesmo.
É uma confusão confusa,
só o enterrar do corpo seco
e disfarçar o cheiro acre,
para nenhum abutre fazer de mim
um repasto satisfatório.
É quando não existo
que me vejo com novos olhos,
e me limpo de impurezas
por purezas menos impuras
que me apuram os sentidos.
É quando não existo
que realmente vivo e penso.
Escrevo.
E voo rasteiro junto ao chão
com os pés na terra húmida.
É quando não existo
que existo.
É quando existo
que não queria existir.
Quando não existo
as cores do que escrevo
são sempre melhores
do que a realidade bruta
que me tortura
e me castiga as costas.
Portanto,
é quando não existo.
É quando não existo
que realmente existo.
E tiro algum proveito
da minha vida monocromática
que, no fim do filme,
reinicia de novo a sua
história melodramática.
É quando não existo...
Que vivo...
Ricardo Costa
escrevo
caracteres brancos
no meu caderno fugido.
É quando não sou
que, nessa inexistência,
se materializa
uma imagem minha
que nas terras do chão morto
cria furacões
e vendavais de inquietos
pensamentos.
É o trocar de passos
e compassos
acariciando as sombras
que se admiram
no espelho partido.
É quando não existo
que converso comigo mesmo.
Sem dizer palavra
e cada átomo meu
se resigna num silêncio que
ecoa,
os meus cabelos pesados
dão nós cegos nas réstias
de sentimentos
que me saem de rompante.
É apenas um vazio.
Um pensar por cima do pensar
e pensando
que o pensamento se desligou.
É uma treta dramática,
um afecto de alma
com as mãos enluvadas
e vestidas de preto.
É apenas um pouco de nada.
Quando não existo
eu existo.
E quando existo
não sei bem se existo mesmo.
É uma confusão confusa,
só o enterrar do corpo seco
e disfarçar o cheiro acre,
para nenhum abutre fazer de mim
um repasto satisfatório.
É quando não existo
que me vejo com novos olhos,
e me limpo de impurezas
por purezas menos impuras
que me apuram os sentidos.
É quando não existo
que realmente vivo e penso.
Escrevo.
E voo rasteiro junto ao chão
com os pés na terra húmida.
É quando não existo
que existo.
É quando existo
que não queria existir.
Quando não existo
as cores do que escrevo
são sempre melhores
do que a realidade bruta
que me tortura
e me castiga as costas.
Portanto,
é quando não existo.
É quando não existo
que realmente existo.
E tiro algum proveito
da minha vida monocromática
que, no fim do filme,
reinicia de novo a sua
história melodramática.
É quando não existo...
Que vivo...
Ricardo Costa
Estação
Cai o Sol sobre a mesa de madeira
onde panos esfarrapados cantam por si,
e os raios aquecem a neve de ontem.
As nuvens passeiam no céu
entre conversas da brisa ligeira.
Acorda a noite no fim da manhã
levemente alcoolizada de aromas e
sabores desgostosos das paredes sujas.
Caem no chão de pedra
os ramos secos e revoltados
das árvores desfeitas que se calam.
Saem as aves á rua,
nas suas casacas de cores floridas
e pios desafinados no fresco matinal,
escondendo-se atrás da neblina
os focinhos peludos dos animais rebeldes.
As flores cheiram o ar
e levantam a cabeça para o mundo
ver as suas lágrimas de cristal.
Brincam já as crianças nos jardins,
saltitando alegremente
nas suas correrias desenfreadas e
rindo entre elas olhares que o vento leva.
Homens de mala e fato
fecham os seus sorrisos em face dura,
enquanto correm para apanhar as horas.
É nessas estações de cidades perdidas
que jovens de saco feito,
garrafa na mão e guitarra a tira-colo,
se fazem ao mundo
que se abre em linha recta para lá do horizonte.
Desatinos e incertezas crescentes
e só as raparigas, já bem delineadas,
se apercebem do mau cheiro que o fumo faz
enquanto se despedem dos seus irmãos,
ou amores, nesse triste dia que se vai.
As luzes dos candeeiros de rua já
se ouvem ao longe, no fim da linha.
As mulheres solitárias, de sapatos
descalços, vestem o seu melhor fato de noite
e deitam-se nos seus colchões de papelão,
e puxam para si os seus poucos pertences.
Os revisores de fato lavado
metem-se nos carrinhos baratos
e vão para casa, para a sua comida já
resfriada e mulher doente.
O relógio marca meia-noite.
O comboio parte...
Ricardo Costa
onde panos esfarrapados cantam por si,
e os raios aquecem a neve de ontem.
As nuvens passeiam no céu
entre conversas da brisa ligeira.
Acorda a noite no fim da manhã
levemente alcoolizada de aromas e
sabores desgostosos das paredes sujas.
Caem no chão de pedra
os ramos secos e revoltados
das árvores desfeitas que se calam.
Saem as aves á rua,
nas suas casacas de cores floridas
e pios desafinados no fresco matinal,
escondendo-se atrás da neblina
os focinhos peludos dos animais rebeldes.
As flores cheiram o ar
e levantam a cabeça para o mundo
ver as suas lágrimas de cristal.
Brincam já as crianças nos jardins,
saltitando alegremente
nas suas correrias desenfreadas e
rindo entre elas olhares que o vento leva.
Homens de mala e fato
fecham os seus sorrisos em face dura,
enquanto correm para apanhar as horas.
É nessas estações de cidades perdidas
que jovens de saco feito,
garrafa na mão e guitarra a tira-colo,
se fazem ao mundo
que se abre em linha recta para lá do horizonte.
Desatinos e incertezas crescentes
e só as raparigas, já bem delineadas,
se apercebem do mau cheiro que o fumo faz
enquanto se despedem dos seus irmãos,
ou amores, nesse triste dia que se vai.
As luzes dos candeeiros de rua já
se ouvem ao longe, no fim da linha.
As mulheres solitárias, de sapatos
descalços, vestem o seu melhor fato de noite
e deitam-se nos seus colchões de papelão,
e puxam para si os seus poucos pertences.
Os revisores de fato lavado
metem-se nos carrinhos baratos
e vão para casa, para a sua comida já
resfriada e mulher doente.
O relógio marca meia-noite.
O comboio parte...
Ricardo Costa
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